3.9.09

Luís Miguel Nava: "Ao mínimo clarão"




Ao mínimo clarão

Talvez seja melhor não nos voltarmos
a ver, ao mínimo clarão
das mãos a pele se desavém com a memória.
As mãos são de qualquer corpo a coroa.

Das dele já nem sequer o itinerário
sei hoje muito bem, onde o horizonte
se desata o mar agora
regressa ao coração de que faz parte.

Ainda é o mar contudo o que se vê
florir onde ele chegar. chamando a esse
rapaz rebentação,
o céu rasga-se à volta dos seus ombros.



NAVA, Luís Miguel. "Como alguém disse". In: Poesia completa (1979-1994). Lisboa: Dom Quixote, 2002.

6 comentários:

paulinho disse...

puxa vida, cicero,

que poema lindo, que imagens!

que declaração!... e uma declaração dessas, utilizando-se do mar...

se alguém me diz que o mar flore onde quer que chegue, porra, tá a um passo de me ganhar mole, mole (rs rs)!

beijú!

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,


Belíssimo! Com é possível, ein? Tenso, fino e que imagens! valeu, meu amigo!


Abraço forte!
Adriano Nunes.

ailson leite disse...

lindo. melodioso. parece ser possível ouvir a água marulhando.
bonito demais, antonio.
visite o meu blog: www.proesiaemprogresso.blogspot.com

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,


Quero me desculpar porque escrevi "receioso" em vez de "receoso" no post anterior. Quando vim perceber já era tarde... E agradecer ao Aetano por verificar tal absurdo.


Grande abraço,
Adriano Nunes.

ADRIANO NUNES disse...

CICERO,


Fiz esse poema concreto para você.



"VER/TIDO" - PARA ANTONIO CICERO


d o v e r
s o q u e b r a
d o b r a d o


s e l e m b r a
d e v e r
o t e m p o


p a s s a d o
r e v e r
t e r t u d o


d o v e r
s o d a d o
e m u d o


c e l e b r a
d o t e m p o
a t e m p o


s e q u e b r a
o v e r
s o i l u d o.




Grande abraço,
Adriano Nunes.

Norton Lima Jr disse...

anto cícero, a chave está aqui, ao mínimo clarão regressa ao coração de que faz parte