Mostrando postagens com marcador Georg Trakl. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Georg Trakl. Mostrar todas as postagens

23.7.21

Georg Trakl: "Gesang einer gefangenen Amsel" / "Canto dum melro preso": trad. de Paulo Quintela

 



Gesang einer gefangenen Amsel

                           Für Ludwig von Ficker

 

Dunkler Odem im grünen Gezweig.

Blaue Blümchen umschweben das Antlitz

Des Einsamen, den goldenen Schritt

Ersterbend unter dem Ölbaum.

Aufflattert mit trunknem Flügel die Nacht.

So leise blutet Demut,

Tau, der langsam tropft vom blühenden Dorn.

Strahlender Arme Erbarmen

Umfängt ein brechendes Herz.




Canto dum melro preso

                              A Ludwig von Ficker


Hálito escuro na verde ramaria.

Florinhas azuis pairam em volta da face

Do solitário, fazendo morrer o passo

Dourado sob a oliveira.

Levanta voo a noite em asa ébria.

Tão baixo sangra humildade,

Orvalho, que manso goteja do espinheiro em flor.

Compaixão de braços radiosos

Abraça um coração que quebra.







TRAKL, Georg. "Gesang einer gefangenen Amsel" / "Canto dum melro preso". In:_____. Poemas.
Antologia e versão portuguesa de Paulo Quintela. Porto: M. J. Costa & Ca., Ltda.

12.9.19

Georg Trakl: "Die Sonne" / "O sol": trad. de João Barrento




O sol

Diariamente, o sol amarelo vem por cima do monte.
Bela é a floresta, o animal sombrio,
O homem: caçador ou pastor.

Fulvo, emerge o peixe no lago verde.
Sob  a curva do céu
Desliza levemente o pescador no barco azul.

Lentamente, amadurece a uva, o trigo.
Quando, no silêncio, declina o dia,
Obras boas e más estão preparadas.

Quando chega a noite
O viajante ergue levemente as pesadas pálpebras;
De sombrio abismo jorra sol.





Die Sonne

Täglich kommt die gelbe Sonne über den Hügel.
Schön ist der Wald, das dunkle Tier,
Der Mensch; Jäger oder Hirt.

Rötlich steigt im grünen Weiher der Fisch.
Unter dem runden Himmel
Fährt der Fischer leise im blauen Kahn.

Langsam reift die Traube, das Korn.
Wenn sich stille der Tag neigt,
Ist ein Gutes und Böses bereitet.

Wenn es Nacht wird,
Hebt der Wanderer leise die schweren Lider;
Sonne aus finsterer Schlucht bricht.






TRAKL, Georg. "Die Sonne" / "O sol". In: BARRENTO, João (seleção e tradução). A alma e o caos: 100 poemas expressionistas. Lisboa: Relógio D'Água Editores, 2001.


22.3.16

Georg Trakl: "Rondel": trad. por João Barrento




Rondel


Esgotou-se a fonte de oiro dos dias,
Os tons da tarde, azuis e outonais:
Morreram doces flautas pastorais
Os tons azuis da tarde, e outonais
Esgotou-se a fonte de oiro dos dias.




Rondel


Verflossen ist das Gold der Tage,
Des Abends braun und blaue Farben:
Des Hirten sanfte Flöten starben
Des Abends blau und braune Farben
Verflossen ist das Gold der Tage.




TRAKL, Georg. "Rondel". In: BARRENTO, João. A alma e o caos. 100 poemas expressionistas. Seleção e trad. de João Barrento. Lisboa: Relógio d'Água, 2001.