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6.12.16

Trecho de "Vinícius de Moraes, um rapaz de família", de Suzana Moraes

Vejam, no belo filme de Susana Moraes, "Vinícius de Moraes, um rapaz de família", uma conversa de Vinícius e Ferreira Gullar sobre o "Poema sujo":



28.1.16

Antonio Cicero: "Inverno" / "L'Hiver": trad. de François Olègue

Hoje tive a grata surpresa de ver uma letra de música minha, Inverno -- que compus para uma melodia de Adriana Calcanhotto -- traduzida para o francês por François Olègue. Ei-la:



L'Hiver

                                              à Susana Morais

Le jour où mon bonheur battait son plein,
je vis un avion,
réfléchi dans ton regard, qui s’envolait.
Et depuis lors… sait-on ?
On se promène le long du canal
et l’on écrit de longues lettres sans dessein,
tandis que l’hiver au Leblon
est presque glacial.
J’ai quelque chose encore à comprendre : où
précisément j’abandonnai, ce jour-là, ce lion
que je montais toujours ?
J’oubliai, par ailleurs, que le sort
ne m’acceptait que seul,
privé de toute amarre, exempt de tout remords ;
un bateau ivre qui dérive
sens dessus dessous.
Mais un je ne sais quoi
rappelle insistant
que pour nous deux la terre se joignit aux cieux,
juste un instant,
à l’heure où s’éteignait, là-bas à l’occident, le jour.



CICERO, Antonio. “Inverno” / “L’hiver”. In OLÈGUE, François. “Antipodes poétiques (3) - poètes brésiliens traduits par François Olègue”. RAL,M. Revue d’art et de littérature, musique, http://www.lechasseurabstrait.com/revue/spip.php?article11675, 17/01/2016.



Inverno

                                                   a Susana Moraes

 No dia em que fui mais feliz
eu vi um avião
se espelhar no seu olhar até sumir
 de lá pra cá não sei
caminho ao longo do canal
faço longas cartas pra ninguém
e o inverno no Leblon é quase glacial.
Há algo que jamais se esclareceu:
onde foi exatamente que larguei
naquele dia mesmo o leão que sempre cavalguei?
Lá mesmo esqueci
que o destino
sempre me quis só
no deserto sem saudades, sem remorsos, só,
sem amarras, barco embriagado ao mar
 Não sei o que em mim
só quer me lembrar
que um dia o céu
reuniu-se à terra um instante por nós dois
pouco antes do ocidente se assombrar.



CICERO, Antonio. "Inverno". In:_____. Guardar. Rio de Janeiro: Record, 1996.

27.1.15

Susana Moraes




Minha amiga queridíssima, Susana Moraes, faleceu hoje. É terrível. Nunca conheci ninguém mais admirável do que Susana. Não sei nem o que dizer, mas resolvi postar aqui a letra que, a partir de uma melodia de Adriana Calcanhotto, fiz e dediquei a ela:



INVERNO
                                                         Para Susana Morais

No dia em que fui mais feliz
eu vi um avião
se espelhar no seu olhar até sumir

de lá pra cá não sei
caminho ao longo do canal
faço longas cartas pra ninguém
e o inverno no Leblon é quase glacial.

Há algo que jamais se esclareceu:
onde foi exatamente que larguei
naquele dia mesmo o leão que sempre cavalguei?

Lá mesmo esqueci
que o destino
sempre me quis só
no deserto sem saudades, sem remorsos, só
sem amarras, barco embriagado ao mar

Não sei o que em mim
só quer me lembrar
que um dia o céu
reuniu-se à terra um instante por nós dois
pouco antes do ocidente se assombrar.



                      Susana e eu, não me lembro quando

24.10.14




Em Salvador, ao orientar, na semana passada, uma oficina, a convite da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), tive a honra de merecer do LOW FI um remix de alguns poemas meus. 

O LOW FI - Processos Criativos é idealizado por Edbrass Brasil e realizado com os bambas Laura Castro e Caio Araujo, caracteriza-se como um ponto de encontro que envolve processos criativos em cinema experimental, música e literatura. Desta zona livre de troca de saberes, entre criadores de diferentes áreas, surge um espaço de fruição e de risco diversificado para o público. 

O encontro com o LOW FI ocorreu no Teatro do Goethe Institut/ICBA (Instituto Cultura Brasil-Alemanha) de Salvador.

Abaixo, um registro, que se encontra no YouTube, de um momento do encontro. 

O poema remixado nesse momento foi "Longe", do meu livro Porventura. Ei-lo:


Longe
                                    Para Susana Moraes

A chuva forte, o resfriado
real ou fingido, e eis-me livre
da escola e solto no meu quarto,
nos lençóis, nos mares de Chipre
ou no salão de Ana Pavlovna
ou no de Alcínoo, nas cavernas
de Barabar ou sob a abóbada
de Xanadu; perplexo em Tebas
e pelas veredas ambíguas
do sertão do corpo da língua,
cada vez mais longe de escolas
e de peladas e de bolas
e de promessas de futuros,

é mesmo errático meu rumo.








3.8.09

"Inverno": tradução para o russo de Oleg Almeida

.


O poeta Oleg Almeida, autor do belo livro Memórias dum hiperbóreo, traduziu para o russo o poema "Inverno", que originalmente fiz como letra para uma melodia de Adriana Calcanhotto. Eis a tradução, para aqueles que conhecem a língua de Puchkin, e, em seguida, o original:



ЗИМА
(Сузане Мораис)

В тот день, когда я слишком счастлив был,
в твоих глазах
вдруг отразился самолёт – взлетел, исчез;

и с этих пор –
брожу ли вдоль канала взад-вперёд,
пишу ли длинное, без адреса, письмо –
зимой в Леблоне настоящий лёд.

Есть кое-что, чего не смог понять...
Где потерял ручного льва: на нём
в тот самый день ещё скакал верхом?

Я позабыл,
что одинокого судьбе не жаль,
что пьяным кораблём, в морскую даль
заброшенным, угоден ей
сейчас.

Но сам не знаю что
пытается напомнить мне подчас,
как небеса однажды встретились с землёй
для нас двоих,
немного раньше, чем закат погас.




INVERNO
(a Susana Morais)

No dia em que fui mais feliz
eu vi um avião
se espelhar no seu olhar até sumir

de lá pra cá não sei
caminho ao longo do canal
faço longas cartas pra ninguém
e o inverno no Leblon é quase glacial.

Há algo que jamais se esclareceu:
onde foi exatamente que larguei
naquele dia mesmo o leão que sempre cavalguei?

Lá mesmo esqueci
que o destino
sempre me quis só
no deserto sem saudades, sem remorsos, só
sem amarras, barco embriagado ao mar

Não sei o que em mim
só quer me lembrar
que um dia o céu
reuniu-se à terra um instante por nós dois
pouco antes do ocidente se assombrar.