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14.5.22

Bertolt Brecht: "Die Lösung" / "A solução"

 



A solução


Depois da rebelião do 17 de junho
O secretário da Associação dos Escritores
mandou distribuir panfletos na Alameda Stalin
Onde se podia ler que o povo havia
Levianamente perdido a confiança do governo
E somente a reconquistaria
mediante trabalho dobrado. Ora,
Não seria bem mais fácil
Se o governo dissolvesse o povo e
Elegesse um outro?





Die Lösung


Nach dem Aufstand des 17. Juni
Ließ der Sekretär des Schriftstellerverbands
In der Stalinallee Flugblätter verteilen
Auf denen zu lesen war, daß das Volk
Das Vertrauen der Regierung verscherzt habe
Und es nur durch verdoppelte Arbeit
Zurückerobern könne. Wäre es da
Nicht doch einfacher, die Regierung
Löste das Volk auf und
Wählte ein anderes?





BRECHT, Bertolt. "Die Lösung" / "A solução". In: Rosvitha Friesen Blume e Markus J. Weininguer (trads.) Seis décadas de poesia alemã, do pós-guerra ao início do século XXI. Antologia bilingue. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2012.   

7.9.21

Rolf Dieter Brinkmann: "Zwischen" / "Entre": trad. por Markus J. Weininger e Rosvitha Friesen Blume

 



Entre

as linhas

não há nada

escrito.


Cada palavra

é preto

no branco

verificável.





Zwischen

den Zeilen

steht nichts

geschrieben.


Jedes Wort

ist schwarz

auf weiß

nachprüfbar.





BRINKMANN, Rolf Dieter. "Zwischen" / "Entre". In: BLUME, Rosvitha Friesen; WEININGER, Markus J. Seis décadas de poesia alemã: do pós-guera ao início do século XXI. Florianópolis: Editora da UFSC, 2012.


9.2.21

Rose Ausländer: "Mutterland" / "Mátria": trad. por Rosvitha Friesen Blume e Markus J. Weininger

 



Mátria


Minha pátria morreu

eles a sepultaram

no fogo


Eu vivo 

em minha mátria

palavra






Mutterland


Mein Vaterland ist tot

sie haben es begraben

im Feuer


Ich lebe

in meinem Mutterland

Wort.




AUSLÄNDER, Rose. "Mutterland" / "Mátria. In: BLUME, Rosvitha Friesen; WEININGER, Markus J. (organização e tradução). Seis décadas de poesia alemã, do pós-guerra ao início do século XXI. Antologia bilingue. Florianópolis: Editora da UFSC, 2012. 

11.7.19

Ingeborg Bachmann: "Alle Tage" / "Todos os dias": trad. por Rosvitha Friesen Blume e Markus J. Weininger



Todos os dias

A guerra já não é mais declarada,
Apenas prossegue. O insólito
tornou-se cotidiano. O herói
abstém-se das batalhas. O fraco
é movido para as linhas de fogo.
O uniforme do dia é a paciência,
a medalha, o mísero astro
da esperança sobre o coração.

Esse é conferido
quando nada mais acontece,
quando a metralha se cala,
quando o inimigo ficou invisível
e a sombra do eterno armamento
recobre o céu.

É conferido
pela deserção das bandeiras,
pela bravura frente ao amigo,
pela denúncia de segredos indignos
e pelo ato de ignorar
qualquer ordem.





Alle Tage

Der Krieg wird nicht mehr erklärt,
sondern fortgesetzt. Das Unerhörte 
ist alltäglich geworden. Der Held
bleibt den Kämpfen fern. Der Schwache 
ist in die Feuerzonen gerückt.
Die Uniform des Tages ist die Geduld,
die Auszeichnung der armselige Stern
der Hoffnung über dem Herzen.

Er wird verliehen,
wenn nichts mehr geschieht, 
wenn das Trommelfeuer verstummt,
wenn der Feind unsichtbar geworden ist
und der Schatten ewiger Rüstung
den Himmel bedeckt.

Er wird verliehen
für die Flucht von den Fahnen,
für die Tapferkeit vor dem Freund,
für den Verrat unwürdiger Geheimnisse
und die Nichtachtung
jeglichen Befehls.





BACHMANN, Ingeborg. "Alle Tage" / "Todos os dias". In: BLUME, Rosvitha Friesen; WEININGER, Markus J. Seis décadas de poesia alemã. Do pós-guerra ao início do século XXI. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2012.

18.10.15

Hans Magnus Enzensberger: "Middle class blues": trad. Markus J. Weininguer e Rosvitha Friesen Blume





Middle class blues

Nós não temos nada a reclamar.
Nós temos o que fazer.
Nós estamos servidos.
Nós estamos comendo.

A grama cresce,
A curva do PIB,
A unha,
As épocas passadas.

As ruas estão vazias.
As planilhas de balanço perfeitas.
As sirenes se calam.
Aquilo passa.

As pessoas falecidas fizeram seu testamento.
A chuva diminuiu.
A guerra ainda não está declarada.
Aquilo não tem pressa.

Nós comemos a grama.
Nós comemos o PIB.

Nós comemos as unhas.
Nós comemos as épocas passadas.


Nós não temos nada a ocultar.
Nós não temos nada a perder.
Nós não temos nada a dizer.
Nós temos.

A corda do relógio está ajustada.
As condições estão bem definidas.
A louça está lavada.
A última condução está passando.

Ela está vazia.

Nós não temos nada a reclamar.

Nós estamos esperando o que afinal?




Middle class blues

Wir können nicht klagen.
Die verhältnisse sind geordnet.
Wir sind satt.
Wir essen.

Das gras wächst.
Das sozialprodukt,
Der fingernagel,
Die vergangenheit.

Die strassen sind leer.
Die abschlüsse sind perfekt.
Die sirenen schweigen.
Das geht vorüber.

Die toten haben ihr testament gemacht.
Der regen hat nachgelassen.
Der krieg ist noch nicht erklärt.
Das hat keine eile.

Wir essen das gras.
Wir essen das sozialprodukt.

Wir essen die fingernägel.
Wir essen die vergangenheit.

Wir haben nichts zu verheimlichen.
Wir haben nichts zu versäumen.
Wir haben nichts zu sagen.
Wir haben.

Die uhr ist aufgezogen.
Wir haben zu tun.
Die teller sind abgespült.
der letzte autobus fährt vorbei.

Er ist leer

Wir können nicht klagen.

Worauf warten wir noch?




ENZENSBERGER, Hans Magnus. "Middle class blues". In: BLUME, Rosvitha Friesen; WEININGUER, Markus J. (organização e traduções). Seis décadas de poesia alemã. Do pós-guerra ao início do século XXI. Antologia bilingue. Florianópolis: Editora UFSC, 2012. 

14.8.13

Hans Magnus Enzensberger: "Nänie auf den Apfel" / "Nênia à maçã": trad. de Markus J. Weininger e Rosvitha Friesen Blume






Nênia à maçã

Aqui estava a maçã
Aqui ficava a mesa
Isto era a casa
Isto era a cidade
Aqui jaz o país

Essa maçã ali
é a terra
um belo astro
onde havia maçãs
e comedores de maçãs.




Nänie auf den Apfel

Hier lag der Apfel
Hier stand der Tisch
Das war das Haus
Das war die Stadt
Her ruht das Land.

Dieser Apfel dort
ist die Erde
ein schönes Gestirn
auf dem es Äpfel gab
und Esser von Äpfeln.




ENZENSBERGER, Hans Magnus. "Nänie auf de Apfel". In: BLUME, Rosvitha Friesen e WEININGUER, Markus J. (orgs.). Seis déecadas de poesia alemã. Do pós-guerra ao início do século XX. Antologia bilingue. Florianópolis: Editora UFSC, 2012.



16.5.13

Heiner Müller: "Altes Gedicht" / "Poema antigo": trad. Markus J. Weininger e Rosvitha Friesen Blume






Poema antigo



À noite ao atravessar o lago a nado o instante
Que te contesta Não há mais outro
Enfim a verdade Que não passas de uma citação
De um livro que não escreveste
Podes insistir nas batidas frenéticas em tua
Fita que já desbota O texto transpassa

      Altes Gedicht

Nachts beim Schwimmen über den See der Augenblick
Der dich in Frage stellt Es gibt keinen andern mehr
Endlich die Wahrheit Dab du nur ein Zitat bist
Aus einem Buch das du nicht geschrieben hast
Dagegen kannst du lange anschreiben auf dein
Ausbleichendes Farbband Der Text schlägt durch




MÜLLER, Heiner. In: BLUME, Rosvitha Friesen; WEININGER, Markus J (org. et trad.). Seis décadas de poesia alemã. Do pós-guerra ao início do século XXI. Antologia bilingue. Florianópolis: Editora UFSC, 2012.

31.3.13

Almut Adler: "Freiheit die ich meine" / "Como eu entendo liberdade": trad. Rosvitha Friesen Blume e Markus J. Weininger






Como eu entendo liberdade

Você me dá a liberdade
que me liga a você
mas a nossa ligação
não tem amarras

-- Isso nos amarra




Freiheit die ich meine

Du gibst mir die Freiheit
die  mich an dich bindet
doch usere Verbindung
hat keine Fesseln

-- Das fesselt uns




ADLER, Almut. "Freiheit die ich meine" / "Como eu entendo liberdade". In: BLUME, Rosvitha Friesen; WEININGER, Markus J. (org. e trad.). Seis décadas de poesia alemã. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2012.

14.12.12

Günther Eich: "Inventur" / "Balanço": trad. Rosvitha Friesen Blume e Markus J. Weininger






Balanço



Isso é minha boina,
isso o meu casacão,
aqui meu barbeador
na sacola de linho.

Lata de conserva:
meu prato, meu copo,
risquei o nome na
face da lata.

Riscado aqui com este
precioso prego
que de invejosos
olhos escondo.

Na sacola do pão,
um par de meias de lã
e algumas coisas
que a ninguém revelo,

assim, serve à minha cabeça
como travesseiro de noite.
O papelão aqui se estende
entre mim e a terra.

A carga do lápis
é o que mais amo:
de dia escreve-me versos
que de noite inventei.

Aqui meus alfarrábios,
isso é minha lona,
isso é minha toalha,
isso, meu fio de coser.




Inventur


Dies ist meine Mütze,
dies ist mein Mantel,
hier mein Rasierzeug
im Beutel aus Leinen.

Konservenbüchse:
Mein Teller, mein Becher,
ich hab in das Weißblech
den Namen geritzt.

Geritzt hier mit diesem
kostbaren Nagel,
den vor begehrlichen
Augen ich berge.

Im Brotbeutel sind
ein Paar wollene Socken
und einiges, was ich
niemand verrate,

so dient er als Kissen
nachts meinem Kopf.
Die Pappe hier liegt
zwischen mir und der Erde.

Die Bleistiftmine
lieb ich am meisten:
Tags schreibt sie mir Verse,
die nachts ich erdacht.

Dies ist mein Notizbuch,
dies ist meine Zeltbahn,
dies ist mein Handtuch,
dies ist mein Zwirn.



EICH, Günther. "Inventur" / "Balanço". In:_____. BLUME, Rosvitha Friesen e WEININGER, Markus J. (Orgs.) Seis décadas da poesia alemã. Do pós-guerra ao início do século XXI. antologia bilingue. Trad. dos organizadores. Florianópolis: Editora UFSC, 2012.

20.3.12

Bertolt Brecht: "Der Radwechsel" / "A troca da roda": trad. Markus J. Weininger e Rosvitha Friesen Blume




Der Radwechsel

Ich sitze am Straßenrand
Der Fahrer wechselt das Rad.
Ich bin nicht gern, wo ich herkomme.
Ich bin nicht gern, wo ich hinfahre.
Warum sehe ich den Radwechsel
Mit Ungeduld?



A troca da roda

Estou sentado no barranco da estrada.
O condutor trocando a roda.
Não gosto do lugar de onde vim.
Não gosto do lugar para onde vou.
Por que eu vejo a troca da roda
Com impaciência?



BRECHT, Bertolt. "Der Radwechsel". trad. de Markus J. Weininger e Rosvitha Friesen Blume. In: BLUME, Rosvitha Friesen; WEININGER, Markus J. (orgs.). Seis décadas de poesia alemã. Do pós-guerra ao início do século XXI. Antologia bilingue. Florianópolis: Editora UFSC, 2012.