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24.3.16

António Botto: "Foi tarde de julho"




Foi tarde de julho


Foi numa tarde de julho.
Conversávamos a medo,
– Receios de trair
Um tristíssimo segredo.

Sim, duvidávamos ambos:
Ele não sabia bem
Que o amava loucamente
Como nunca amei ninguém.
E eu não acreditava
Que era por mim que o seu olhar
De lágrimas se toldava...

Mas, a dúvida perdeu-se;
Falou alto o coração!
- E as nossas taças
Foram erguidas
Com infinita perturbação!

Os nossos braços
Formaram laços.

E, aos beijos, ébrios, tombamos;
– Cheios de amor e de vinho!

(Uma suplica soava:)

“Agora... morre comigo,
Meu amor, meu amor... devagarinho!...”



BOTTO, António. "Foi tarde de julho". In: VIEGAS, Francisco José (org.). Cem poemas para salvar a nossa vida. Lisboa: Quetzal, 2014.

11.8.15

Moshé Ibn Ezra: "São túmulos de tempos antigos, velhos"

Moshé Ibn Ezra viveu em Granada, de 1055 a 1135.




São túmulos de tempos antigos, velhos.
Neles há gente que dorme um sono eterno.
Nem ódio, nem inveja há no seu interior,
nem amor, nem zangas de vizinhos.
Os meus pensamentos não podem, quando os veem,
distinguir entre servos e senhores.



EZRA, Moshé Ibn. “São túmulos de tempos antigos, velhos”. Versão de Francisco José Viegas, tradução do hebraico de Maria José Cano. In: VIEGAS, Francisco José (org.). Cem poemas para savar a nossa vida, vol.1. Lisboa: Quetzal, 2014.

13.4.10

Francisco José Viegas: "Alegria, imensa alegria"









VIEGAS, Francisco José. As imagens. Lisboa: Editorial Caminho, 1987.