Mostrando postagens com marcador Arnaldo Antunes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Arnaldo Antunes. Mostrar todas as postagens

15.4.21

Arnaldo Antunes: "apenas"








apenas




dis
pensa



o que pensa



.











               diz
          apenas                                 



          o indis




                     .
                     







                  



         pensável   














ANTUNES, Arnaldo. "apenas". In:_____. Algo antigo. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.













12.2.21

Arnaldo Antunes: "valha"

 



valha



valha o que amo 

não porque amo

mas pelo que me faz

amar



valha por si

não por mim



pelo que si

lencia



não 

por meu sim





ANTUNES, Arnaldo. "valha". In:_____.  algo antigo. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.


12.6.20

Arnaldo Antunes: "Olho o olho do outro"






Olho o olho do outro,
penso o que ele pensa.
Voltar a mim é a minha 
diferença.

Olho o ralo até turvá-lo,
penso que ele não pensa.
Ir com a água é a minha 
recompensa.





ANTUNES, Arnaldo. "Olho o olho do outro". In:_____. de Psia (1986). In:_____. Como é que chama o nome disso. Antologia. São Paulo: Publifolha, 2006.

2.9.16

Arnaldo Antunes: "o que você mais teme"

Agradeço ao Adriano Nunes por me ter lembrado de que hoje é o aniversário de meu querido amigo, o grande poeta Arnaldo Antunes.
Parabéns, Arnaldo!






o que você mais teme
acaba acontecendo


o que você mais quer
acaba acontecendo


o que ninguém espera
acaba acontecendo


o que ninguém consegue
mais conter


acaba
de acontecer




ANTUNES, Arnaldo. "o que você mais teme". In:_____. agora aqui ninguém precisa de si. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

1.9.15

Arnaldo Antunes: "nada"








nada
com um vidro na frente
já é alguma coisa


nada
com um vento batendo
já é alguma coisa


nada
com o tempo passando
já é alguma coisa


mas
não é nada









ANTUNES, Arnaldo. "nada". In:_____. agora aqui ninguém precisa de si. São Paulo: Companhia das Letras, 2015

12.9.14

Arnaldo Antunes: "intruso entre intrusos intraduzo"






                     intruso entre intrusos intraduzo


                                      o me smo

                                         me

                                         me

                                         me

                                    no me io

                                              yo

                                              i

                                              je


                                         do eu tro    




ANTUNES, Arnaldo. n. d. a. São Paulo: Iluminuras, 2010.

21.5.14

Arnaldo Antunes: "Casulo"




Casulo

ileso em meu asilo
de carne e pele
passo 
do impasse que me impede
ao impulso que me impele
ao impacto
e peço
ao tempo que apressa o passo
do ímpeto ao inevitável
que me livre
de empate
e me leve
leve
ao nocaute
do casulo que me isola
agora




ANTUNES, Arnaldo. "Casulo". In: Suplemento Literário de Minas Gerais, nº 1352. Secretaria de Estado de Cultura: Belo Horizonte, janeiro/fevereiro de 2014.

4.1.14

Arnaldo Antunes: "Contra"





Eu apresento a página branca.

                                  Contra:

Burocratas travestidos de poetas
Sem-graças travestidos de sérios
Anões travestidos de crianças
Complacentes travestidos de justos
Jingles travestidos de rock
Estórias travestidas de cinema
Chatos travestidos de coitados
Passivos travestidos de pacatos
Medo travestido de senso
Censores travestidos de sensores
Palavras travestidas de sentido
Palavras caladas travestidas de silêncio
Obscuros travestidos de complexos
Bois travestidos de touros
Fraquezas travestidas de virtudes
Bagaços travestidos de polpa
Bagos travestidos de cérebros
Celas travestidas de lares
Paisanas travestidos de drogados
Lobos travestidos de cordeiros
Pedantes travestidos de cultos
Egos travestidos de eros
Lerdos travestidos de zen
Burrice travestida de citações
água travestida de chuva
aquário travestido de tevê
água travestida de vinho
água solta apagando o afago do fogo
água mole sem pedra dura
água parada onde estagnam os impulsos
água que turva as lentes e enferruja as lâminas
água morna do bom gosto, do bom senso e das boas intenções
insípida, amorfa, inodora, incolor
água que o comerciante esperto coloca na garrafa para diluir o
                                                                                     whisky
água onde não há seca
água onde não há sede
água em abundância
água em excesso
água em palavras.

Eu apresento a página branca.

A árvore sem sementes.

O vidro sem nada na frente.

                              Contra a água.




ANTUNES, Arnaldo. Tudos. São Paulo: Iluminuras, 2012.

1.12.13

Arnaldo Antunes: "Sou volúvel"




Meu querido amigo Adriano Nunes enviou-nos o link para um belíssimo -- e oportuníssimo -- clip de Arnaldo Antunes. Vejam:

http://youtu.be/N4CFyktqZEs

11.11.12

Arnaldo Antunes: de "Psia"





Porque eu te olhava e você era o meu cinema, a minha Scarlet O' Hara, a minha Excalibur, a minha Salambô, a minha Nastassia Filípovna, a minha Brigitte Bardot, o meu Tadzio, a minha Anne, a minha Lorraine, a minha Ceci, a minha Odete Grecy, a minha Capitu, a minha Cabocla, a minha Pagu, a minha Barbarella, a minha Honey Moon, o meu amuleto de Ogum, a minha Honey Baby, a minha Rosemary, a minha Merlin Monroe, o meu Rodolfo Valentino, a minha Emanuelle, o meu Bambi, a minha Lília Brick, a minha Poliana, a minha Gilda, a minha Julieta, e eu dizia a você do meu amor e você ria, suspirava e ria.




ANTUNES, Arnaldo. "Psia". In:_____. Como é que chama o nome disso. São Paulo: Publifolha, 2006.

22.4.11

Arnaldo Antunes: "Pensamento"





Pensamento

Pensamento que vem de fora
e pensa que vem de dentro,
pensamento que expectora
o que no meu peito penso.
Pensamento a mil por hora,
tormento a todo momento.
Por que é que eu penso agora
sem o meu consentimento?
Se tudo que comemora
tem o seu impedimento,
se tudo aquilo que chora
cresce com o seu fermento;
pensamento, dê o fora,
saia do meu pensamento.
Pensamento, vá embora,
desapareça no vento.
E não jogarei sementes
em cima do seu cimento.




ANTUNES, Arnaldo. Tudos. São Paulo: Iluminuras, 2001.

26.5.10

Arnaldo Antunes: "margem"




qual

mar

gem

vir

gem

de á

gua

fico

dist

ant

e e

pert

o o

bast

ante

do m

eu de

serto





ANTUNES, Arnaldo. N. D. A. São Paulo: Iluminuras, 2010.

27.7.09

Arnaldo Antunes: "Inclassificáveis"

.


que preto, que branco, que índio o quê?
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê?

que preto branco índio o quê?
branco índio preto o quê?
índio preto branco o quê?

aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos mamelucos sararás
crilouros guaranisseis e judárabes

orientupis orientupis
ameriquítalos luso nipo caboclos
orientupis orientupis
iberibárbaros indo ciganagôs

somos o que somos
inclassificáveis

não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,

não há sol a sós

aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos tapuias tupinamboclos
americarataís yorubárbaros.

somos o que somos
inclassificáveis

que preto, que branco, que índio o quê?
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê?

não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,
não tem cor, tem cores,

não há sol a sós

egipciganos tupinamboclos
yorubárbaros carataís
caribocarijós orientapuias
mamemulatos tropicaburés
chibarrosados mesticigenados
oxigenados debaixo do sol



ANTUNES, Arnaldo. "Inclassificáveis". Letra de canção. In CD O silêncio. Gravadora BMG, 1996.

5.9.08

Arnaldo Antunes: "Um fio do seu cabelo"





De: ANTUNES, Arnaldo. "Nada de DNA". In: Como é que chama o nome disso. Antologia. São Paulo: Publifolha, 2006.