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29.8.21

Adriana Calcanhotto: "Sobre a tarde"

 



Sobre a tarde

um e-mail para carlos drummond de andrade



Cai a tarde

Como sempre


Como sempre

Diferente


Cai a tarde

De onde não se sabe

Pela Farme

Sobre a gente


Cai a tarde

Sem parar


Cai a tarde

E tudo parda


Cai a tarde

Meu amor rega as plantas


Cai a tarde

A tarde toda

Na velocidade da luz





CALCANHOTTO, Adriana. "Sobre a tarde". In: Creio que foi o sorriso. Uma antologia. Org. por Jorge Reis Sá. A Casa dos Ceifeiros, 2020.

29.9.20

Adriana Calcanhotto: "Metade"

 



Metade


Eu perco o chão

Eu não acho as palavras

Eu ando tão triste 

Eu ando pela sala

Eu perco a hora, 

Eu chego no fim

Eu deixo a porta aberta

Eu não moro mais em mim


Eu perco as chaves de casa

Eu perco o freio

Estou em milhares de cacos, 

Eu estou ao meio

Onde será que você está 

Agora?





CALCANHOTO,  Adriana. "Metade". In: REIS-SÁ, Jorge (org.). Creio que foi o sorriso . Uma antologia. A Casa dos Ceifeiros, 2020.

18.11.18

Adriana Calcanhotto canta "Inverno"



Agradeço a meu amigo Arthur Nogueira, por me ter enviado o link para o seguinte clip, dirigido pela maravilhosa Suzana Moraes, de Adriana Calcanhotto cantando uma das primeiras canções que ela e eu fizemos em parceria: "Inverno". 


31.8.18

Guilherme de Almeida: "Noturno"



Noturno

Na cidade, a lua:
a joia branca que boia
na lama da rua.




ALMEIDA, Guilherme de. "Noturno". In: CALCANHOTTO, Adriana (org.) Haicai do Brasil. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014.

21.11.17

Emily Dickinson: "Our share of night to bear" / "Nossa porção de noite": Trad. de Augusto de Campos



Nossa porção de noite —
Nossa porção de aurora —
Nossa ausência de amor —
Nossa ausência de agrura —

Uma estrela, outra estrela
Que se extravia!
Uma névoa, outra névoa,
Depois – o Dia!




Our share of night to bear –
Our share of morning –
Our blank in bliss to fill
Our blank in scorning –
 
Here a star, and there a star,      
Some lose their way!
Here a mist, and there a mist,
Afterwards – day!




DICKINSON, Emily. "Our share of night to bear" / "Nossa porção de noite". In:_____. não sou ninguém. Traduções de Augusto de Campos. Campinas: Unicamp, 2015. 



Ouçam "Nossa porção de noite" musicada pelo Cid Campos e interpretada por ele e pela Adriana Calcanhotto:




21.8.16

Adriana Calcanhotto: "canção sem seu nome"




canção sem seu nome

Eu vi você atravessar a rua
Molhando a sombra na água
Eu vi você parar a lagoa parada

Você atravessou a rua na direção oposta
Pisando nas poças, pisando na lua
E a poesia refletida ali me deu as costas

E pra que palavras se eu não sei usá-las?
Cadê palavra que traga você daquela calçada?

Você atravessou a rua na direção contrária
E a poesia que meu olho molhava ali
Quem sabe não me caiba
Quem sabe seja sua
Ali, atravessando a chuva
E toda a lagoa parada
Você na direção errada
E eu na sua



CALCANHOTTO, Adriana. "cancão sem nome". In:_____. Pra que é que serve uma canção com essa? Org. por Eucanaã Ferraz. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2016.


26.10.15

"A casa": Letra: Vinícius de Moraes / Música: Sergio Bardotti / Canto: Adriana Calcanhotto




A casa

Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque a casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na rua dos Bobos
Número zero.






Vejam que delícia Adriana Calcanhotto a cantar a canção "A casa", de Vinícius de Moraes e Sergio Bardotti, durante o lançamento do seu livro Antologia ilustrada da poesia brasileira, publicado pela Editora Casa da Palavra:


27.1.15

Susana Moraes




Minha amiga queridíssima, Susana Moraes, faleceu hoje. É terrível. Nunca conheci ninguém mais admirável do que Susana. Não sei nem o que dizer, mas resolvi postar aqui a letra que, a partir de uma melodia de Adriana Calcanhotto, fiz e dediquei a ela:



INVERNO
                                                         Para Susana Morais

No dia em que fui mais feliz
eu vi um avião
se espelhar no seu olhar até sumir

de lá pra cá não sei
caminho ao longo do canal
faço longas cartas pra ninguém
e o inverno no Leblon é quase glacial.

Há algo que jamais se esclareceu:
onde foi exatamente que larguei
naquele dia mesmo o leão que sempre cavalguei?

Lá mesmo esqueci
que o destino
sempre me quis só
no deserto sem saudades, sem remorsos, só
sem amarras, barco embriagado ao mar

Não sei o que em mim
só quer me lembrar
que um dia o céu
reuniu-se à terra um instante por nós dois
pouco antes do ocidente se assombrar.



                      Susana e eu, não me lembro quando

5.9.14

Mário Quintana: "S.O.S."




S.O.S.

O poema é uma garrafa de náufrago jogada ao mar.
Quem a encontra
Salva-se a si mesmo...



QUINTANA, Mário. "S.O.S.". In: CALCANHOTTO, Adriana (organização e ilulstrações). Haicai do Brasil. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014.

11.3.13

Entrevista de Antonio Cicero à revista Cult






Dei uma entrevista para Marcus Preto, que foi publicada no último número da revista Cult. Ela se encontra aqui:

http://revistacult.uol.com.br/home/2013/03/a-lira-de-antonio-cicero/

11.12.11



Adriana Calcanhotto canta, em 12 de novembro de 2008, no Palau de la Musica, em Barcelona, sua bela versão musical do genial poema "Sem saída", de Augusto de Campos:






Sem saída

A estrada é muito comprida
O caminho é sem saída
Curvas enganam o olhar
Não posso ir mais adiante
Não posso voltar atrás
Levei toda minha vida
Nunca saí do lugar