31.10.18

Carlos Drummond de Andrade: "Cantiga de enganar"



Cantiga de enganar

O mundo não vale o mundo,
meu bem,
Eu plantei um pé-de-sono,
brotaram vinte roseiras.
Se me cortei nelas todas
e se todas se tingiram
de um vago sangue jorrado
ao capricho dos espinhos,
não foi culpa de ninguém.
O mundo,
    meu bem,
        não vale
a pena, e a face serena
vale a face torturada.
Há muito aprendi a rir,
de quê, de mim? ou de nada?
O mundo, valer não vale.
Tal como sombra no vale,
a vida baixa... e se sobe
algum som desse declive,
não é grito de pastor
convocando seu rebanho.
Não é flauta, não é canto
de amoroso desencanto.
Não é suspiro de grilo,
voz noturna de nascentes,
não é mãe chamando filho,
não é silvo de serpentes
esquecidas de morder
como abstratas ao luar.
Não é choro de criança
para um homem se formar.
Tampouco a respiração
de soldados e de enfermos,
de meninos internados
ou de freiras em clausura.
Não são grupos submergidos
nas geleiras do entressono
e que deixem desprender-se,
menos que simples palavra,
menos que folha no outono,
a partícula sonora
que a vida contém, e a morte
contém, o mero registro
de energia concentrada.
Não é nem isto nem nada.
É som que precede a música,
sobrante dos desencontros
e dos encontros fortuitos,
dos malencontros e das
miragens que se condensam
ou que se dissolvem noutras
absurdas figurações.
O mundo não tem sentido.
O mundo e suas canções
de timbre mais comovido
estão calados, e a fala
que de uma para outra sala
ouvimos em certo instante
é silêncio que faz eco
e que volta a ser silêncio
no negrume circundante.
Silêncio: que quer dizer?
Que diz a boca do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado,
se não for antes vazio.
O mundo é talvez: e é só.
Talvez nem seja talvez.
O mundo não vale a pena,
mas a pena não existe.
Meu bem, façamos de conta
de sofrer e de olvidar,
de lembrar e de fruir,
do escolher nossas lembranças
e revertê-las, acaso
se lembrem demais em nós.
Façamos, meu bem, de conta
- mas a conta não existe -
que é tudo como se fosse,
ou que, se fora, não era.
Meu bem, usemos palavras.
Façamos mundos: idéias.
Deixemos o mundo aos outros,
já que os pura mentira
do mundo que se desmente,
recortemos nossa imagem,
mais ilusória que tudo,
pois haverá maior falso
que imaginar-se alguém vivo,
como se um sonho pudesse
dar-nos o gosto do sonho?
Mas o sonho não existe.
Meu bem, assim acordados,
assim lúcidos, severos,
ou assim abandonados,
deixando-nos à deriva
levar na palma do tempo
- mas o tempo não existe -,
sejamos como se fôramos
num mundo que fosse: o Mundo.




ANDRADE, Carlos Drummond. "Cantiga de enganar". In:_____. Poesia.(1930-62). Edição crítica org. por Júlio Castañon Guimarães. Cosac Naify, 2012.

29.10.18

Antonio Cicero: "Prólogo"




Prólogo


Por onde começar? Pelo começo
absoluto, pelo rio Oceano,
já que ele é, segundo o poeta cego
em cujo canto a terra e o céu escampo
e o que é e será e não é mais
e longe e perto se abrem para mim,
pai das coisas divinas e mortais,
seu líquido princípio, fluxo e fim:
pois ele corre em torno deste mundo
e de todas as coisas que emergiram
das águas em que, após breves percursos,
mergulharão de novo um belo dia;
e flui nos próprios núcleos e nos lados
ocultos dessas coisas, nos quais faz
redemunhos por cujos centros cavos
tudo o que existe escoa sem cessar
de volta àquelas águas de onde surge:
não me refiro à água elementar
que delas mana e nelas se confunde
com os elementos terra, fogo e ar,
mas a águas que nunca são as mesmas:
outras e outras, sem identidade
além do fluxo, nelas só lampeja
a própria mutação, sem mais mutante:
um nada de onde tudo vem a ser,
escuridão de onde provém a luz,
tal Oceano é a mudança pura.
Mas eis que a poesia nos conduz,
feito um repuxo e a seu bel-prazer,
de volta do princípio às criaturas.




CICERO, Antonio. "Prólogo". In:_____. A cidade e os livros. Rio de Janeiro: Record, 2002.

28.10.18

José Eduardo Agualusa: "O novo rosto do Brasil no mundo"


Ontem, sábado, saiu em O Globo o seguinte, belo artigo de Agualusa:


O novo rosto do Brasil no mundo

O mundo ama o Brasil. Isto parece-me algo extraordinário, pois o mundo não ama o mundo. As nações odeiam-se uma as outras, desde o início dos tempos, vizinhos contra vizinhos, pobres contra poderosos, pobres contra pobres e poderosos contra poderosos. O Brasil, contudo, sempre foi a alegre exceção.

Países muito diversos, que se guerreiam uns aos outros, com bruto vigor e perseverança, convergem na simpatia pelo Brasil: israelitas e palestinos amam o Brasil; sauditas e iranianos amam o Brasil; angolanos e congoleses amam o Brasil; sérvios e croatas amam o Brasil. O Brasil, enfim, é o Nelson Mandela dos países.

Ou tem sido assim até agora. Infelizmente, o Brasil está em vias de se tornar um país normal — ou seja, odiável, como todos os outros.

Bem sei que, como qualquer paixão, também esta assenta (ou assentava) num logro ingênuo: amamos o Brasil porque queremos acreditar, ou porque precisamos acreditar, que em algum lado deste planeta devastado por furacões de ódio e de rancor, existe uma praia tropical, estendida ao sol de um verão perpétuo, na qual um povo moreno canta o amor e festeja a vida, harmonizando com talento acordes dissonantes. Sim, sabemos da violência, da insegurança, da pobreza, das desigualdades sociais. Afinal de contas, todos nós vimos “Cidade de Deus”. Acontece que mesmo na violência explícita havia uma possibilidade de redenção. Pelo menos era nisso que acreditávamos.

Ao longo das últimas semanas o Brasil vem mostrando ao mundo um outro rosto, nada simpático. Lendo a imprensa internacional somos confrontados com o horror que este novo rosto do Brasil vem provocando: Bernard-Henri Lévy, filósofo e escritor neoliberal francês, protestou na edição em português do “El País” contra “as declarações desse sujeito (Jair Bolsonaro), assim como o programa que as acompanha, que vão contra tudo aquilo de que o Brasil pode se orgulhar: sua multietnicidade, sua tradição e suas práticas de acolhida, seu liberalismo verdadeiro e a coabitação, em suas cidades imensas e belas, de múltiplas crenças”. Disse ainda: “Custa a crer que a pátria de Chico Buarque e Chico Mendes se deixe assim tentar por um retorno a um passado atroz, que deixou tantas cicatrizes ainda abertas”.

Marine Le Pen, líder da extrema direita francesa, acusou Bolsonaro de dizer “coisas extremamente desagradáveis, que não poderiam ser ditas em França”. Depois acrescentou: “São culturas diferentes”. Parece que para Marine Le Pen será normal os brasileiros dizerem “coisas extremamente desagradáveis”.

É este o perigo: o de avaliar um país através dos dirigentes que o seu povo escolhe. Claro que isso não faz sentido. O mesmo país que elegeu Obama, elegeu Trump, e isso não significa que os americanos degeneraram, passando de um povo elegante, culto e sofisticado, a brutos cor de laranja semi-letrados. Contudo, de uma forma consciente ou não, todos nós tendemos a tomar a parte pelo todo.

Falo por mim. Apaixonei-me pelo Brasil porque aos 12 anos ouvi Chico Buarque cantando os versos de João Cabral de Melo Neto. Se tivesse conhecido o Brasil unicamente através da obra (vamos chamar-lhe assim) de Alexandre Frota, ou da filosofia política (vamos chamar-lhe assim) de Jair Bolsonaro, teria hoje uma opinião muito diferente sobre os brasileiros.

Amanhã, com o resultado das eleições, ficaremos sabendo se a imagem do Brasil no mundo irá sofrer ou não danos irreparáveis.





AGUALUSA, José Eduardo. "O novo rosto do Brasi no mundo". In: O Globo. Rio de Janeiro, 27/10/2018.

24.10.18

A popularidade de Bolsonaro: Freud explica...



Agradeço a meu amigo, o escritor Pedro Maciel, por me ter chamado a atenção para o seguinte texto de Freud, que parece estar a explicar a atual popularidade de Bolsonaro:



A massa é extraordinariamente influenciável e crédula, é acrítica, o improvável não existe para ela. Pensa em imagens que evocam umas às outras associativamente, como no indivíduo em estado de livre devaneio, e que não tem sua coincidência com a realidade medida por uma instância razoável. Os sentimentos da massa são sempre muito simples e muito exaltados. Ela não conhece dúvida nem incerteza.

Ela vai prontamente a extremos; a suspeita exteriorizada se transforma de imediato em certeza indiscutível, um germe de antipatia se torna um ódio selvagem.

Inclinada a todos os extremos, a massa também é excitada apenas por estímulos desmedidos. Quem quiser influir sobre ela, não necessita medir logicamente os argumentos; deve pintar com as imagens mais fortes, exagerar e sempre repetir a mesma coisa.

Como a massa não tem dúvidas quanto ao que é verdadeiro ou falso, e tem consciência da sua enorme força, ela é, ao mesmo tempo, intolerante e crente na autoridade. Ela respeita a força, e deixa-se influenciar apenas moderadamente pela bondade, que para ela é uma espécie de fraqueza. O que ela exige de seus heróis é fortaleza, até mesmo violência. Quer ser dominada
e oprimida, quer temer os seus senhores. No fundo inteiramente conservadora, tem profunda aversão a todos os progressos e inovações, e ilimitada reverência pela tradição.



FREUD, Sigmundo. Psicologia das massas e análise do eu e outros textos (1920-1923). Trad. De Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.


23.10.18

Manifesto Internacional Contra o Fascismo no Brasil



Manifesto Internacinal Contra o Fascismo no Brasil

Nós, mulheres e homens de várias partes do mundo comprometidos com a Democracia e os Direitos Humanos, expressamos o mais profundo repúdio ao candidato de extrema-direita, Jair Bolsonaro, que disputa o segundo turno da eleição presidencial no Brasil no próximo 28 de outubro.

As posições que o candidato tem sustentado ao longo de sua vida pública e nesta campanha eleitoral são calcadas em valores xenófobos, racistas, misóginos e homofóbicos.

O candidato de extrema-direita defende abertamente os métodos violentos utilizados pelas ditaduras militares, inclusive torturas e assassinatos.

Tais posições atentam contra uma sociedade livre, tolerante e socialmente justa.

A decisão que o povo brasileiro tomará no segundo turno das eleições presidenciais constituirá uma escolha de transcendental importância entre a liberdade e o pluralismo e o obscurantismo autoritário, com impactos duradouros não só para o Brasil mas para toda a América Latina e Caribe e o mundo.

Conclamamos as brasileiras e brasileiros a refletirem sobre a gravidade deste momento histórico.

Entre a democracia e o fascismo não pode haver neutralidade!


International declaration against fascism in Brazil

We, women and men, united in our commitment to democracy and human rights, express our unequivocal rejection of far-right candidate Jair Bolsonaro, a contender in the second round of Brazil’s presidential elections on October 28.

The positions that this candidate has defended throughout his public life and during the current electoral campaign are based on xenophobic, racist, misogynistic and homophobic values.

This far-right candidate openly defends the violent methods deployed by military dictatorships, including torture and assassinations.

Positions such as these are a threat to any free, tolerant and just society

In the second round of the election, the people of Brazil will be making a choice of paramount importance, between liberty and pluralism and retrograde authoritarianism, with a lasting impact, not only for Brazil but also for Latin America, the Caribbean and the rest of the world.

We call on Brazilians to reflect on the gravity of this pivotal moment in history.

There can be no neutrality in the choice between democracy and fascism!


Manifiesto Internacional contra el fascismo en Brasil

Nosotros, mujeres y hombres de varias partes del mundo comprometidos con la Democracia y los Derechos Humanos, expresamos el más profundo rechazo al candidato de extrema derecha Jair Bolsonaro, que disputa la segunda vuelta de las elecciónes presidenciales en Brasil el próximo 28 de
octubre.

Las posiciones que el candidato ha sostenido a lo largo de su vida pública y en esta campaña electoral son calcadas en valores xenófobos, racistas, misóginos y homofóbicos.

El candidato de extrema derecha defiende abiertamente los métodos violentos utilizados por las dictaduras militares, incluyendo torturas y asesinatos.

Tales posiciones atentan contra una sociedad libre, tolerante y socialmente justa.

La decisión que el pueblo brasileño tomará en esta segunda vuelta constituirá una elección de trascendental importancia entre la libertad y el pluralismo y el oscurantismo autoritario, con impactos duraderos no sólo para Brasil sino para toda América Latina y el Caribe y el mundo.

Llamamos a las brasileñas y brasileños a reflexionar sobre la gravedad de este momento histórico.

¡Entre democracia y fascismo no puede haber neutralidad!


Manifeste international contre le fascisme au Bresil

Nous, femmes et hommes, unis dans notre engagement en faveur de la démocratie et des droits de l'homme, exprimons la plus profonde condamnation au candidat d'extrême droite Jair Bolsonaro, candidat au second tour de l'élection présidentielle brésilienne du 28 octobre.

Les positions que ce candidat a défendues tout au long de sa vie publique et pendant la campagne électorale en cours reposent sur des valeurs xénophobes, racistes, misogynes et homophobes.

Ce candidat d'extrême droite défend ouvertement les méthodes violentes déployées par les dictatures militaires, notamment la torture et les assassinats.

Telles positions mettent en péril toute société libre, tolérante et juste.

Au deuxième tour des élections, le peuple brésilien fera un choix de la plus haute importance: d’un côté liberté et pluralisme, de l’autre autoritarisme rétrograde. La victoire du candidat d’extrême droite aurait un impact durable, non seulement pour le Brésil, mais également pour l'Amérique Latine, les Caraïbes et le reste du monde.

Nous invitons les brésiliennes et les brésiliens à réfléchir à la gravité de ce moment crucial de l’histoire.

Il ne peut y avoir de neutralité dans le choix entre démocratie et fascisme!

LINK to electronic version and for subscription/ Enlace para versión electronica para firmar:

Primeiros signatários | First signatories | Primeras firmas

1. Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz, Argentina
2. Angela Davis, filósofa e ativista dos Direitos Civis, Estados Unidos
3. Bernie Sanders, senador, EUA
4. Costa-Gravas, cinéaste et président de la Cinémathèque française, Grece-France
5. Cristina Fernández de Kirchner, ex-presidenta de la Argentina
6. Danny Glover, ator e ativista, Estados Unidos
7. Dimitrius Christofias, ex-presidente da República de Chipre
8. Dominique de Villepin, ancien-premier ministre de la République Française
9. Eduardo Alberto Duhalde, ex-presidente da Argentina
10. Ernesto Samper, ex-secretário geral da UNASUL e ex-presidente da Colômbia
11. Felipe González, ex primero-ministro de España
12. Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai
13. François Hollande, ancien-Président de la Républiqe Française
14. Jorge Lara Castro, ex-ministro de Relaciones Exteriores, Paraguay
15. Jorge Taiana, diputado del Parlamento Mercosur, ex-ministro de Relaciones Exteriores, Argentina
16. José Pepe Mujica, ex-presidente de la República Oriental del Uruguay
17. Jorge Castañeda, escritor, ex-ministro de las Relaciones Exteriores, México
18. Manuel Castells, Wallis Annenberg Chair in Communication Technology and Society at the University of Southern California, Los Angeles, USA
19. Margaret Power, Professor of History and Chair of the Department of Humanities, Illinois Institute of Technology, USA
20. Marta Harnecker, escritora, Chile
21. Martin Schulz, ex-presidente doParlamento Europeu, deputado do Partido da Social Democracia, Alemanha
22. Massimo D' Alema, ex-primo ministro della Reppublica Italiana
23. Noam Chomsky, professor emérito em linguística do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e professor laureado de linguística da Universidade do Arizona, Estados Unidos
24. Pablo Iglesias, secretário general de PODEMOS, España
25. Paul Leduc, director de cine (Frida, Reed, México Insurgente), México
26. Pierre Salama, emeritus professor of Economics, University of Paris XIII, France
27. Pierre Sané, ancien-secrétaire général d'Amnistie Internationale et président du Imagine Africa Institute, Senegal
28. RA Prof. Dr. Herta Däubler-Gmelin, former Minister of Justice, Germany
29. Richard L. Trumka, president, AFL-CIO, USA
30. Sergio Arau, filmmaker, musician, Mexico
31. Tariq Ali, escritor, editor of New Left Review, London, UK
32. Thomas Piketty, professeur à l' École des Hautes Études en Sciences Sociales et at the Paris School of Economics, France
33. Vicente Fox, ex-presidente de la República de México
34. William Barber, reverend, protestant Minister, Political leader in North Carolina, President and senior lecturer of “Repairers of the Breach”, Estados Unidos
35. Yanis Varoufakis, economist, former Greek Minister of Finance and former Syriza member of the Hellenic Parliament, Greece
36. Yasmin Fahimi, presidenta do Grupo Parlamentar Germano-Brasileiro do Parlamento alemão e deputada do partido da Social Democracia/SPD, Alemanha
37. Adrienne Sordet, deputada estadual, Suiza
38. Alberto Acosta, economista, Ecuador
39. Alberto Cortés, filmmaker, Mexico
40. Alberto Fernández, ex-chefe de Gabinete de Nestor Kirchner e de Cristina Fernández de Kirchner, Argentina
41. Alessandra Oriolo, deputada estadual, Suiza
42. Alessandro Pelizzari, dirigente do sindicato Unia (Genebra), Suiza
43. Alex Borucki, Director, Latin American Studies Center, Associate Professor, History Department, University of California, Irvine, USa 44. Alexis Grivas, co-founder-member board of management, Guadalajara Film Festival, Mexico,
45. Alfredo Saad Filho, Professor of Political Economy, Dept of Development Studies, UK
46. Álvaro Díaz, economista, ex-embaixador do Chile no Brasil, Chile
47. Amy Chazkel, Associate Professor of History at the City University of New York, Queens College and the Graduate Center, CUNY (City University of New York)
48. Ana Esther Ceceña, Directora del Observatorio Latinoamericano de Geopolítica, UNAM,
Mexico
49. Ana Margarida de Carvalho, escritora, Portugal
50. Ana Miranda, diputad delParlamento Europeo, España
51. Andrea Pagni, Friedrich-Alexander-Univesität Erlangen-Nürnberg, Germany
52. Andrew Arato, Dorothy Hirshon Professor, New School for Social Research, New York, USA
53. Ángela Vallina, diputada del Parlamento Europeo, España
54. Anna M. Klobucka, Professor of Portuguese and Women's and Gender Studies, University of Massachusetts Dartmouth, USA
55. António Avelãs Nunes, professor catedrático jubilado da Faculdade de Direito de Coimbra, Portugal
56. António Filipe, deputado do Partido Comunista Português na Assembleia da República, Portugal
57. António Modesto Navarro, escritor, Portugal
58. Antonio Sergio Alfredo Guimaraes, Visiting Fellow, Lemann Institute of Brazilian Studies, University of Illinois at Urbana-Champaign, USA
59. Arménio Carlos, Secretário-Geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional, Portugal
60. Arthur MacEwan, Professor Emeritus of Economics, University of Massachusetts Boston, USA 61. Assaf Kfoury, Professor of Computer Science, Boston University, USA
62. Augusto Praça, membro da Comissão Executiva da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional, CGTP-IN, Portugal
63. Barata Moura, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Portugal
64. Bárbara Spinelli, deputata al Parlamento Europeo, Italia
65. Benjamin H. Bradlow, Brown University, USA
66. Bill Fletcher, Jr., ex presidente TransAfrica Forum, EEUU
67. Boaventura Monjane, jJornalista, Moçambique
68. Brodwyn Fischer, director of the Center for Latin American Studies, Professor of History at the University of Chicago, USA
69. Bruno Cany, professor de Filosofia na Universidade Paris 8, diretor do Cahiers Critiques de Philosophie, France
70. Carla Cruz, deputada na Assembleia da República, Portugal
71. Carlo Frabetti, scrittore, Italia
72. Carlo Petrini, presidente internazionale del Movimento Slow Food, Italia
73. Carlos Cortez Minchillo, Assistant professor, Dartmouth College, USA
74. Carlos Figueroa, Ph.D., Assistant Professor, Politics Department, Ithaca College City University of New York - Queens College & the Graduate Center, USA
75. Carlos Mota Soares, professor catedrático, Portugal
76. Carlos Ominami, ex-senador y director de la Fundación Chile21, Chile 77. Carlos Pellicer López, Independent Author, Mexico
78. Carlos Trindade, membro da Comissão Executiva da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional, CGTP-IN, Portugal
79. Carol Landry, International Vice President, United Steelworks, EEUU
80. Cedric Johnson, Associate Professor, African American Studies and Political Science,
University of Illinois at Chicago, USA
81. Charles Davis, PhD Professor, Indiana University, USA
82. Christoph Wulf, professor na Freie Universität Berlin, vice-presidente da Comissão Nacional junto à Unesco, Alemanha
83. Clayola Brown, President, A. Philip Randolph Institute, EUA
84. Cornelia Butler Flora, Distinguished Professor of Sociology Emeritus, Iowa State University, Research Professor, Kansas State University
85. Cornelia Ernst, membro doParlamento Europeu, Germany
86. Costas Lapavitsas, University of London (SOAS Japan Research Centre; London Asia Pacific Centre for Social Science, Steering Committee Member, UK
87. Dario Azzellini, Cornell Univerisity, Ithaca, EEUU 88. David Swanson, Author, Director World BEYOND War, M.A. University of Virginia, EEUU
89. Deolinda Machado, membro da Comissão Executiva da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional, CGTP-IN, Portugal
90. Dimitrios Papadimoulis, diputado del Parlamento Europeo, Greece
91. Diniz Cayolla Ribeiro, professor Auxiliar da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Portugal
92. Dr. Sarah Abel, Department of Anthropology, University of Iceland, Icelan . 93. Dylan Riley, Director of Graduate Studies, Professor of Sociology, University of California, Berkeley, EEUU
94. Edgar Romney, Secretary-Treasurer – Workers United, EUA
95. Edgardo Dieleke (filmmaker and professor), Phd, Princeton University, NYU, Buenos Aires / Universidad de San Andrés, UEEUU
96. Edgardo Lander, professor da Universidad Central de Venezuela, Venezuela
97. Eleni Varikas, Emerita Professor of Political Science and Gender Studies, University of Paris 8, CRESPPA , France
98. Eleonora Forenza, diputata al Parlamento Europeo, ITalia
99. Estefania Torres, diputada delParlamento Europeo, España
100. Fábio de Sá e Silva, Professor of International Studies and Wick Cary Professor of Brazilian Studies at the University of Oklahoma, USA
101. Fathi Triki, Titulaire de la chaire Unesco du vivre ensemble, Université de Tunis, Tunis
102. Federico Jesus Novelo Urdanivia, Doctor Federico J. Novelo Y Urdanivia, Departamento de Producción Económica, Universidad Autónoma Metropolitana, México
103. Florencia Garramuño, full professor and the Chair of the Humanities Department at the Universidad de San Andrés, Argentina
104. Frances Fox Piven, Distinguished Professor of Political Science and Sociology Emeritus, Graduate School of the City University of New York, USA
105. François Lefort, deputado estadual (República e estado de Genebra), Suiza
106. Fred Redmond, International Vice President, United Steelworkers, EEUU
107. Frederick Fuentes, editor Green Left Weekly, Australia
108. Frederico Gama de Carvalho, doutor em Física, presidente da Organização de Trabalhadores Científicos, Portugal
109. Fredric R. Jameson, Knut Schmidt-Nielsen Professor of Comparative Literature, Duke University, USA
110. Gabriele Zimmer, membro doParlamento Europeu, Germany
111. Gary Dymski, Professor of Applied Economics, Leeds University Business School
112. Georgi Pirinski, membro doParlamento Europeu, Bulgária
113. Geri Augusto, Gerard Visiting Associate Professor of International & Public Affairs and Africana Studies, Brown University, Watson Institute Faculty Fellow, Fulbright Scholar
114. Gerry Hudson, Executive Vice President – Service Employees International Union, EUA
115. Gianpaolo Baiocchi, Director of the Urban Democracy Lab, Professor of Individualized Studies and Sociology, New York University, EEUU
116. Gilberto López y Rivas, antropólogo, Mexico
117. Gillian McGillivray, Associate Professor of Latin American History, Glendon College, York University, Canada
118. Göran Therborn, Professor Emeritus of Sociology, University of Cambridge, UK
119. Grégoire Carasso, deputado estadual, Suiza 120. Guadalupe Sánchez Sosa, Film Director, Mexico
121. Guy Alain Aronoff, Lecturer, History Department, Humboldt State University, Arcata, California, EEUU
122. Hans Kretz, professor da Stanford University, Estados Unidos da América
123. Hans-Jörg Sandkühler, Professeur émérite de philosophie Département de philosophie de l’Université de Brême, Allemagne
124. Horacio Tarcus, CeDInCI, Conicet, Argentina 125. Howard Winant, Distinguished Professor of Sociology, University of California, EEUU 126. Ian Merkel, History and French Studies, New York University, EEUU 127. Ibrahim K. Sundiata, Spector Emeritus Professor, Brandeis University
128. Ilda Figueiredo, presidente do Conselho Português para a Paz e Cooperação, Portugal
129. In-Suk Cha, Professor emeritus Seoul National University, Unesco Chair in Philosophy, South Corea
130. Ioanna Kucuradi, professor emérito da Universidade Maltepe, Istanbul, Turquia, Cátedra Unesco de Filosofia
131. Isabelle Laborde-milaa, professeur de Linguístique à l' Université Paris Est Créteil, France
132. Jaime Gazmurri, ex-senador, ex-embaixador do Chile no Brasil, Chile 133. James N. Green, Carlos Manuel de Céspedes Professor of Latin American History, Brown University; Distinguished Visiting Professor (Professor Amit), Hebrew University in Jerusalem
134. Javier Cous, diputado delParlamento Europeo, España 135. Jean Hébrard, Co-directeur du Centre de recherches sur le Brésil colonial et contemporain Ecole des Hautes Etudes en Sciences sociales,Paris
136. Jean Rossiaud, deputado estadual, Suiza 137. Jean-Pierre Garcia, Film festival Amiens, France
138. Jennifer Roth-Gordon, Associate Professor, School of Anthropology, University of Arizona, EEUU
139. Jessica Graham, Professor of History, University of California San Diego, EEUU
140. João Ferreira, deputado no Parlamento Europeu, Portugal
141. João Pimenta Lopes, deputado noParlamento Europeu, Portugal
142. Jocelyne Haller, deputada estadual, Suiza
143. John Burdick, Professor of Anthropology, Syracuse University, New York, EEUU 144. John Faulkner, SOAS, University of London, UK 145. John Weeks, Professor Emeritus of Economics, SOAS, University of London, UK 146. Jorge Javier Romero Vadillo, profesor en la Universidad Autónoma Metropolitana, Mexico
147. José António Gomes, professor Universitário, escritor, Portugal
148. Jose Cruz Campagnoli, Ex Diputado Nuevo Encuentro, Argentina
149. José Goulão, jornalista, escritor, Portugal
150. José Manuel del Val Blanco, CEIICH-UNAM, Mexico
151. Josiane Boulad-ayoub, professeur émérite de philosophie, Université du Québec à Montréal, Chaire Unesco de Philosophie, Canada
152. Juan Carlos Quintero Calvache, profesor de la Universidad Santiago de Cali, Colombia
153. Jude Kyrton-Darling, membro doParlamento Europeu, UK
154. Katerina Konecn, membro doParlamento Europeu, República Checa
155. Ken Neumann, President for Canada, United Steelworkers (USW)
156. Kostadisnka Kuneva, membro doParlamento Europeu, Grécia
157. Laura Nader, Professor of Anthropology at the University of California, Berkeley, EEUU
158. Laurence Fehlmann Rielle, deputada federal, Suiza
159. Leo Gerard, President United Steelworkers (USW), EUA
160. Leo Panitch, profesor Ciencia Política, Universidade York, Toronto, Canada
161. Liadh Ní Riada, membro doParlamento Europeu, Irlanda
162. Lisa Mazzone, deputada federal, Suiza
163. Lola Sánchez, diputada del Parlamento Europeo, España
164. Lorraine C. Minnite, Associate Professor of Public Policy, Rutgers University, Camden, EEUU
165. Lucía Melgar, Associate Researcher, ITAM, Mexico City, Mexico
166. Lucía Raphael de la Madrid, Instituto de Investigaciones Jurídicas, Universidad Nacional Autónoma de México, México 167. Luisa Riley, Filmmaker, México
168. Luke “Ming” Flanigan, deputado doParlamento Europeu, Irlanda
169. Lynn Boylan, deputada doParlamento Europeu, Irlanda
170. Lynne Fox, President – Workers United, Estados Unidos
171. Malin Bjork, deputado doParlamento Europeu, Suécia
172. Manuel Bertoldi, Movimiento Popular Patria Grande, Argentina 173. Manuel Pérez Cota, Universidad de Vigo, España 174. Manuel Rosaldo, Professor, The Pennsylvania State University, EEUU 175. Marc Becker, Professor of History, Truman State University, EEUU
176. Marco Aurelio Santana, Visiting Scholar, University of California, Berkeley 177. Marco Barrera Bassols, Museólogo y museógrafo, México
178. Margaret Power, Professor of History and Chair of the Department of Humanities, Illinois Institute of Technology, EEUU
179. Margo Glantz, miembro de la Academia Mexicana de la Lengua, México
180. Maria Lídia Senra Rodriguez, diputada del Parlamento Europeo, España
181. Maria-Aparecida Lopes, Professor of History, California State University, Fresno, EEUU
182. Marie Pierre Vieu, membro doParlamento Europeu, France
183. Marilia Librandi, Professor of Luso-Brazilian and Latin American Literature and Cultures, Stanford University, EEUU
184. Marina Albiol, diputada del Parlamento Europeo, España
185. Marisa Matias, diputada del Parlamento Europeo, Portugal
186. Markus Kroger, Landless Association in Finland, Finlandia
187. Martin Schirdewan, membro do Parlamento Europeu, Alemanha
188. Martin Staub, deputada estadual, Suiza
189. Martín Almada, Premio Nobel Alternativo 2002
190. Martina Anderson, membro do Parlamento Europeu, Irlanda
191. Mary Kay Henry, President Service Employees International Union, EEUU
192. Mathais Buschbeck, deputado estadual, Suiza 193. Matías Vernengo, Full Professor, Bucknell University, Pennsylvania, EEUU
194. Matt Carthy, membro do Parlamento Europeu, Irlanda
195. Maxine L. Margolis, Professor Emerita of Anthropology, University of Florida and Adjunct Senior Research Scholar, Institute of Latin American Studies, Columbia University, EEUU
196. Merja Kyllonen, membro do Parlamento Europeu, Filândia
197. Michael Lebowitz, economista, profesor emerito, Canada 198. Michael Löwy, Emeritus research director at the CNRS and lecturer at the École des Hautes Études en Sciences Sociales, France
199. Michael Meeropol, Professor Emeritus of Economics, Western New England University, Springfield, Massachusetts, EEUU
200. Michela Bovolenta, secretaria nacional do Sindicato do Setor público, Suiza 201. Michèle Ray Gravas, Film producer, France
202. Miguel Nicolelis, medico, neurocientista e professor titular da Duke University, EEUU
203. Miguel Urbán, diputado del Parlamento Europeo, España
204. Miguel Viegas, deputado no Parlamento Europeu, Portugal
205. Mónica Mansour, independent author, México 206. Natalia Pérez Turner, composer and actress, Mexico
207. Neoklis Sylikiotis, membro do Parlamento Europeu, Chipre
208. Nestor Francia, escritor, Venezuela
209. Nicolas Sánchez, graduate student at Duke University, Latin American Studies, EEUU. 210. Nico Nicole D. Legnani, assistant Professor of Colonial Latin American Studies, Department of Spanish and Portuguese, Princeton University, EEUU
211. Nikolaos Chountis, membro do Parlamento Europeu, Grécia
212. Paloma Lopez, diputada del Parlamento Europeo, España
213. Paolo Maria Fabbri, direttore del Centro Internazionale Scienzia Semiotiche (CiSS) all' Università die Urbino, Itália
214. Parick Le Hyaricm, deputé au Parlement Européen, France
215. Patrice Vermeren, professor emérito de Filosofia da Universidade Paris 8, França e professor da Universidade Nacional de Buenos Aires, Argentina 216. Patricia de Santana Pinho, Associate Professor, Latin American and Latino Studies, University of California, USA
217. Paul Lauter, Allan K. and Gwendolyn Miles Smith Professor of Literature Emeritus at Trinity College in Hartford, Connecticut, former President of the American Studies
Association, Francis Andrew March Award 2017, USA
218. Pedro Meira Monteiro, Professor and Chair of the Department of Spanish and Portuguese Studies, Princeton University
219. Pedro Pezarat Correia, Oficial General reformado, professor universitário jubilado da Universidade de Coimbra, Portugal
220. Peter Evans, emeritus Professor of Sociology, University of California, Berkeley, USA
221. Peter Kuznick, Professor of History, Director Nuclear Studies Institute, American University, Washington, D.C, EEUU
222. Philippe Tancelin, professeur émérite d’Esthétique, Université Paris 8, France
223. Pierre Eckert, deputado estadual, Suiza
224. Rachida Triki, Membre du Conseil Scientifique du Collège International de Philosphie, France
225. Rafael R. Ioris, Ph.D.- Associate Professor of Latin American History, History Department, Affiliated Faculty, Latin American Center, Joseph Korbel School of International Studies, University of Denver, EEUU
226. Raimundo C. Barreto, Jr., Ph.D., Assistant Professor of World Christianity, Princeton Theological Seminary, USA
227. Ramón Jáuregui Atondo, diputado del Parlamento Europeo, España
228. Rebecca Tarlau, professor, The Pennsylvania State University, USA
229. Renato Nunes Balbim, Visiting Scholar, University of California at Irvine 230. Richard Grossman, PhD, Northeastern Illinois University 231. Richard Williams, Lecturer, SOAS, University of London, UK
232. Rina Ronja Kari, membro do Parlamento Europeu, Dinamarca
233. Rita Rato, Deputada do Partido Comunista Português na Assembleia da República, Portugal
234. Robert Brenner, Director, Center for Social Theory and Comparative History, University of California Los Angeles, EEUU
235. Robert Darnton, Carl H. Pforzheimer University Professor, Emeritus University Librarian, Emeritus, Harvard University, EEUU
236. Robert S. DuPlessis, Isaac H. Clothier Professor of History and International Relations Emeritus, Swarthmore College, Pennsylvania, EEUU
237. Roberto Gualtieri, diputato al Parlamento Europeo, Italia
238. Rocío Escobar, ex-ministro da Cultura, Paraguay
239. Rosa Elena Montes de Oca, UNAM, Mexico
240. Rui Frati, acteur, directeur du Théâtre de l' Opprimé, Paris, France
241. Rui Namorado Rosa, professor catedrático da Universidade de Évora, Portugal
242. Ryan Lynch, University of California, Santa Barbara, USA
243. Sabine Lösing, membro do Parlamento Europeu, Germany
244. Salima Moyard, deputada estadual, Suiza 245. Sandra McGee Deutsch, Professor of History, University of Texas at El Paso, USA
246. Sean Mitchell, Associate Professor, Department of Sociology and Anthropology, Rutgers University, USA
247. Sebastian Agudelo, professor, Reitoria de Créteil e Universidade Paris 8, France
248. Sergio Bassoli, Confederazione Generale Italiana del Lavoro, Italia
249. Sergio Muñoz Bata, professor and journalist, Los Ángeles Times, EEUU
250. Serguei Panov, professor da National University of Technologies/MISIS, Rússia 251. Sherna Berger Gluck, Emerita faculty and Emerita Director Oral HIstory Program, California State University, Long Beach
252. Sofia Sakorafa, membro do Parlamento Europeu, Grécia
253. Stanley A. Gacek, Senior Advisor for Global Strategies, United Food and Commercial Workers International Union, Washington, D.C., USA
254. Stefan Eck, membro do Parlamento Europeu, Alemanha
255. Stelios Kouloglou, membro do Parlamento Europeu, Grécia
256. Stuart Applebaum, President, Retail, Wholesale Department Store Union, USA
257. Subir Sinha, Senior Lecturer in Institutions and Development, SOAS, University of London, UK 258. Sueann Caulfield, Associate Professor, University of Michigan, USA 259. Suzi Weissman, Professor, Saint Mary's College of California, USA
260. Sylvain Thévoz, diputado estadual, Suiza
261. Takis Hadjigeorgiou, membro doParlamento Europeu, Chipre
262. Tania Gonzalez, diputada del Parlamento Europeo, España
263. Teresa A. Meade, Florence B. Sherwood Professor of History and Culture, Director of Latin American & Caribbean Studies Program, Union College, New York, USA
264. Thomas J. Adams, Lecturer in History and American Studies, Academic Director, United States Studies Centre, Postgraduate Coordinator, Department of History, Coordinator of American Studies, School of Philosophical and Historical Inquiry and U.S. Studies Centre, University of Sydney, Australia
265. Thomas Palley, Independent Economist, Washington DC, EEUU
266. Valérie Piller-Carrard, deputada federal, Suiza
267. William Gonzalez, director del Departamento de Filosofia de la Universidad del Valle, Cali, Colombia
268. William Gudiño, Red Nacional de Comuneros y Comuneras, Venezuela
269. William Lucy, Trade Union Leader, Retired, Secretary-Treasurer- AFSCME, USA
270. William Mello, Associate Professor, Indiana University, EEUU
271. Xabier Benito, diputado del Parlamento Europeo, España
272. Yvan Ricordeau, Confédération française démocratique du travail, France
273. Agostinho Santos, Pintor e Jornalista, Portugal
274. Alain Vachier, Produtor Musical, Portugal
275. Albert Anor, professor aposentado, Suiza
276. Alberto Pessimo, Pintor, Portugal
277. Alberto Rabilotta, Periodista, Canada
278. Alexandra Lucas Coelho, Escritora, Portugal
279. Alexis Amariscua Aquino, Venezuela
280. Alfredo Campos, Membro do Executivo da Direcção Nacional da Confederação Nacional da Agricultura, Portugal
281. Alfredo Maia, Jornalista, Portugal
282. Alzira Arouca, Produtora Cultural, Portugal
283. Ana Biscaia, Ilustradora e Designer gráfica, Portugal
284. Ana Cristina Macedo, Professora do Ensino Superior Politécnico, Portugal
285. Ana Margarida Ramos, Professora Universitária, Portugal
286. Ana Maria Dragonetti, Argentina
287. Ana Souto, Professora e Dirigente do Movimento Democrático de Mulheres, Portugal
288. Ana Tamen, Professora Universitária, Portugal
289. Ana Vilela da Costa, Actriz, Portugal
290. André Silva, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Faculdade de Motricidade Humana e representante dos Estudantes no Senado da Universidade de Lisboa, Portugal
291. Angélique Duruz, Amnesty international, Suiza
292. Annina Rudolf, educadora, Suiza
293. António Faria, Artista Plástico, Portugal
294. António José Queiroz, Historiador, Portugal
295. António Saraiva Dias, Dirigente Associativo, Portugal
296. Anxo Tarrío Varela, Professor Catedrático, Portugal
297. Aristides Santana, Obrero, Cuba
298. Armand Mattelart, Sociologo, Francia
299. Arturo Villanueva Imaña, Sociologo, Bolivia
300. Augusto J. S. Fitas, Professor Universitário (reformado), Portugal
301. Aurélien Moreau, funcionário público, Suiza
302. Avelino Pacheco Gonçalves, Bancário e Professor, Portugal
303. Beatriz Goulart, Membro da Direcção Nacional da Ecolojovem, Portugal
304. Beatriz Rosende-Carrobio, sindicalista, Suiza
305. Benito Maeso, professor doutor do Instituto Federal do Paraná, Brasil
306. Bernard Streit, enfermeiro aposentado, Suiza
307. Blanca-Ana Roig Rechou, Professora Catedrática, Portugal
308. Brando Benifei, deputato al parlamento Europe, Italia
309. Camila Andrea Galindo M, Grupo de Estudio Economía Digna - GEED, Colombia
310. Camila Piñeiro Harnecker, Universidad de La Habana, Cuba
311. Carina Infante do Carmo, Professora Universitária, Portugal
312. Carla Barbosa, Presidente da Direcção da Academia de Música de Viana do Castelo, Portugal
313. Carlos Clara Gomes, Compositor, Encenador e Dramaturgo, Portugal
314. Carlos Franco, Vice-Presidente da Confederação Nacional de Jovens Agricultores de Portugal, Portugal
315. Carlos Ramadinha, Agente de Artistas, Portugal
316. Carmen Capdevila, Argentina
317. Carmenluz Valdés, Periodista, Chile
318. Catherine Rouvenaz, secretaria nacional da AGILE (Central das organizações de pessoas deficientes), Suiza
319. Cátia Terrinca, Actriz, Portugal
320. César Príncipe, Jornalista e Escritor, Portugal
321. Christian Dandrès, advogado, Suiza
322. Christophe Koessler, periodista (Le Courrier), Suiza
323. Claude Calame, professor honorário, Suiza
324. Claudia Caprez, educadora, Suiza
325. Cláudio Andrade, Músico, Portugal
326. Claudio Rugo, músico, Suiza
327. Cora Antonioli, professora, Suiza
328. Cristiane Costa Santana Zurkinden, médica, Suiza
329. Cristina Carvalhal, Actriz e Encenadora, Portugal
330. Cruz Santos, Editor, Portugal
331. Cucha Carvalheiro, Actriz, Portugal
332. Cynthia Zamorano, Músico, Portugal
333. Dario Borsari, professor, Suiza
334. David Andenmatten, sindicalista, Suiza
335. David Gygax, sindicalista, Suiza
336. David Raby, City Councillor, Norwich, Reino Unido
337. Demétrio Alves, Investigador Científico, Portugal
338. Diana Broggi, Movimiento Popular Patria Grande, Argentina
339. Domingos Lobo, Escritor, Portugal
340. Duarte, Fadista, Portugal
341. Edgardo Condeza Vaccaro, Presidente Movimiento por la Consulta y los DDHH, Chile
342. Eduardo Tamayo, periodista, Eucador
343. Elias J. Torres Feijó, Professor, Portugal
344. Elisabeth Longchamp-Schneider, funcionário pública, Suiza
345. Elsa Bruzzone, CEMIDA, Centro de Militares para la Democracia Argentina
346. Emília Silvestre, Actriz, Portugal
347. Enrique Arturo Muiños, Presidente Partido Frente Grande Provincia de Buenos Aires, Argentina
348. Ernesto Rodrigues, Escritor e Professor Universitário, Portugal
349. Fátima Rolo Duarte, Designer, Portugal
350. Fausto Neves, Pianista e Professor Universitario, Portugal
351. Felix Ovejero Torres, responsable de las Américas y de Cooperación Internacional para el Desarrollo Secretaría de Internacional y Cooperación, España
352. Fernanda Lapa, Encenadora, Portugal
353. Fernando Anastácio, Deputado do Partido Socialista na Assembleia da República, Portugal
354. Fernando Correia, jornalista e professor universitário, Portugal
355. Flávia Gusmão, Actriz, Portugal
356. Francisco Duarte Mangas, Escritor, Portugal
357. Francisco Melo, editor, Portugal
358. Francisco Rego, Professor do Instituto Superior de Agronomia, Portugal
359. Francisco Villa, Musico, Chile
360. Françoise Escarpit, Periodista, Francia
361. Freitas de Sousa, Jornalista, Portugal
362. Gaétan Zurkinden, Sindicalista, Suiza
363. Gilbert d’Alessandro, conductor de ómnibus, Suiza
364. Gilberto Lopez Amador, Medico, Mexico
365. Giulio Santosuosso, Venezuela
366. Gloria Iraima Mogollón Montilla, Venezuela
367. Gustavo Videla, Asociación Civil y Centro Cultural Latinoamericana, Argentina
368. Guy Zurkinden, Jornalista, Suiza
369. Hector Turbi, Republica Dominicana
370. Helena Mancelos, Artista Plástica e Animadora Cultural, Portugal
371. Henrique Barreto Nunes, Bibliotecário, Portugal
372. Henrique Canuto, Membro da Associação de Estudantes da Escola Secundária Matias Aires, Portugal
373. Horacio Tarcus, historiador, CeDInCI, Argentina
374. Iara Heredia, professora e realizadora, Suiza
375. Inês Fontinha, Socióloga e Membro do Conselho Nacional do Movimento Democrático de Mulheres, Portugal
376. Isabel Cruz, Técnica Superior na Área Desportiva e Dirigente do Movimento Democrático de Mulheres, Portugal
377. Isabel Magalhães, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Confederação Nacional da Agricultura, Portugal
378. Isabel Moreira, Deputado do Partido Socialista na Assembleia da República, Portugal
379. Isabel Pires, Deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia da República, Portugal
380. Javier de Vicente, Union Social Obrera, España
381. Jean Parrat, funcionário público, Suiza
382. Joana Monteiro, Designer Gráfica, Portugal
383. Joana Mortágua, Deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia da República, Portugal
384. Joana Ruas, Escritora, Portugal
385. João Arsénio Nunes, Investigador de História Contemporânea, Portugal
386. João Dinis, Membro do Executivo da Direção Nacional da Confederação Nacional da Agricultura, Portugal
387. João Manuel Ribeiro, Escritor e Editor, Portugal
388. João Paulo Coutinho, Jornalista, Portugal
389. João San Payo, Músico, Portugal
390. Jorge Aires, Major-General (reforma), Portugal
391. Jorge Sarabando, Publicista, Portugal
392. José Emílio-Nelson, Escritor e Licenciado em Economia, Portugal
393. José Estêvão Alves, Major-General (reforma), Portugal
394. José Luís Ferreira, Deputado do Partido Ecologista “Os Verdes” na Assembleia da República, Portugal
395. José Manuel Jara, médico psiquiatra, Portugal
396. José Manuel Pureza, Deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia da República, Portugal
397. José Miguel Pacheco, Membro da Coordenadora Europeia da Via Campesina, Portugal
398. José Viale-Moutinho, Escritor, Portugal
399. Júlia Pintão, Artista Plástica, Portugal
400. Juliana Cardos da Cunha, atriz, Portugal
401. Katharina Prelicz-Huber, professora, Suiza
402. Laura Yanella, Coperativa de Trabajo para la comunicación Social, Argentina
403. Laurent Berger, Confederación Francesa Democrática del Trabajo, Francia
404. Laurent Tettamanti, sindicalista, Suiza
405. Lidia Baltra Montaner, Periodista, Chile
406. Lidice Valenzuela, Periodista, Cuba
407. Lionel Roche, sindicalista, Suiza
408. Lisa Wys, trabalhadora social e funcionária pública, Suiza
409. Luis Bonilla-Molina, Candidato a la Secretaria Ejecutiva de CLACSO
410. Luís Silva, Membro do Secretariado da Direcção Nacional da Juventude Comunista Portuguesa, Portugal
411. Luís Varatojo, Músico, Portugal
412. Luísa Ortigoso, Actriz, Portugal
413. Luísa Quintela, Médica Psiquiatra e Presidente da Direção do Centro Cultural do Alto Minho, Portugal
414. Manu Leiggener, jurista, Suiza
415. Manuel Gusmão, Poeta e Crítico, Portugal
416. Manuela Góis, Profesora jubilada, Portugal
417. María Elena Saluda Argentina
418. Maria Juana Etcheverry, Argentina
419. Maria Luiza Franco Busse, periodista, Brasil
420. Mariano Fandos, Confédération française démocratique du travail, France
421. Marie Claude Levesque, Canada
422. Marina Albuquerque, Atriz
423. Mário Alves, Presidente da Associação Intercultural, Portugal
424. Mário Cláudio, Escritor, Portugal
425. Mário de Carvalho, Escritor, Portugal
426. Mário Pádua, Médico e Escritor, Portugal
427. Martha Eugenia Lanza Menese, Bolivia
428. Martha Houston, EEUU
429. Martin Ogando, Movimiento Popular Patria Grande, Argentina
430. Mayla Dimas, Actriz e Encenadora, Portugal
431. Miguel Soares, Tradutor, Portugal
432. Milka Miskovic, secretaria, Suiza
433. Miroslavs Mitrofanovs, deputado do Parlamento Europeu, Letónia
434. Mitó, músico, Portugal
435. Niurka Pérez Rojas, profesora de Mérito, Universidad de La Habana, Cuba
436. Noémia Moreira, Professora Universitária, Portugal
437. Olga Cecilia Hermosilla Pacheco, Chile
438. Olga Macedo, Historiadora, Portugal
439. Osvaldo León, comunicólogo, Ecuador
440. Pablo Anzalone, Uruguay
441. Paolo Gilardi, professor aposentado, Suiza
442. Patrick Koble, presidente do Partido Comunista Alemão
443. Paula Guedes, Actriz, Portugal
444. Paulo Bateira, Médico, Portugal
445. Paulo Moreira Lopes, Advogado, Portugal
446. Pedro Bacelar de Vasconcelos, Deputado do Partido Socialista na Assembleia da República, Portugal
447. Pedro Fernandes, Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciência
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Portugal
448. Pedro Guzmán Pérez, Red Nacional de Agricultura Familiar, Colombia
449. Pedro Massano, Representante dos Estudantes no Senado da Universidade de Lisboa, Portugal
450. Pedro Penilo, Artista Plástico, Portugal
451. Pedro Santos, Membro do Executivo da Direcção Nacional da Confederação Nacional da Agricultura, Portugal
452. Penelophe Pinheiro, socióloga, Suiza
453. Peter Bohmer, The Evergreen State College, Olympia WA, EEUU
454. Peter Steiniger, Periodista, Alemania
455. Pierre Dufour, trabalhador social aposentado, Suiza
456. Rafael Lamas, Fédération Générale du Travail de Belgique, Belgique
457. Regina Marques, Professora do Ensino Superior e Dirigente do Movimento Democrático de Mulheres, Portugal
458. Rita Lello, Actriz e Encenadora, Portugal
459. Rogério Reis, Professor Universitário, Portugal
460. Rolando Morales, Docente Universitario, Bolivia
461. Rosa Bela Cruz, Pintora, Portugal
462. Rosemonde Guignard, educatora aposentada, Suiza
463. Rui Vaz Pinto, Economista, Portugal
464. Sally Burch, periodista, británica-ecuatoriana
465. Sandra Benfica, empregada e dirigente do Movimento Democrático de Mulheres, Portugal
466. Sandra Modica, professora, Suiza
467. Sara Reis da Silva, Professora Universitária, Portugal
468. Sébastien Guex, professor, Suiza
469. Sergio Ferrari, jornalista, Suiza
470. Sérgio Manso Pinheiro, Geógrafo, Portugal
471. Sérgio Ribeiro, doutor em Economia, Portugal
472. Soares Novais, Jornalista, Portugal
473. Stéphane Trummer, trabalhador social, Suiza
474. Susana Duarte, Programadora Cultural, Portugal
475. Sylvette Lemaire, dona de restaurante, Suiza
476. Tania Zinoviev, sindicalista, Suiza
477. Teresita García Lopez, Periodista, Cuba
478. Tiago Salazar, Escritor, Portugal
479. Tiago Santos, Músico, Portugal
480. Vanessa Monney, sindicalista, Suiza
481. Vasco Paiva, Engenheiro Florestal, Portugal
482. Vasco Pimentel, Director de Som, Portugal
483. Victor Rios, Historiador, España
484. Vitor Pinto Basto, Jornalista, Portugal 485. Vitor Rodrigues, Engenheiro Agrário, Portugal
486. Wolfgang Mueller, trabalhador no Hospital público (Fribourg), Suiza
487. Zeferino Coelho, editor, Portugal

21.10.18

Adriano Espínola: "Meio-dia"



Meio-dia

Com o sol a pino, as sombras se encolhiam exíguas
(Ovídio, Met. III, 50)


sou 
eu
eo
so
l
so
men
te
na 
ex
í
gua
so
m
bra
do 
pre
sen
te






ESPÍNOLA, Adriano. "Meio-dia". In:_____. Escritos ao sol. Antologia. Rio de Janeiro: Record, 2015.

19.10.18

Ingeborg Bachmann: "Reklame" / "Publicidade": trad. de Markus J. Weininger e Rosvitha Friesen Blume



Publicidade


Mas, e para onde iremos

despreocupado fique despreocupado

quando anoitecer e quando esfriar

fique despreocupado 

mas, e

com música

que deveremos fazer

animado e com música

e pensar

animado

diante de um fim

com música

e para onde levaremos

de preferência

as nossas dúvidas e o calafrio dos anos todos

para a lavanderia dos sonhos despreocupado fique despreocupado

mas, e o que acontecerá

de preferência

quando o silêncio mortal


irromper





Reklame



Wohin aber gehen wir

ohne sorge sei ohne sorge

wenn es dunkel und wenn es kalt wird

sei ohne sorge

aber

mit musik

was sollen wir tun

heiter und mit musik

und denken

heiter

angesichts eines Endes

mit musik

und wohin tragen wir

am besten

unsre Fragen und den Schauer aller Jahre

in die Traumwäscherei ohne sorge sei ohne sorge

was aber geschieht

am besten

wenn Totenstille


eintritt





BACHMANN, Ingeborg. "Reklame" / "Publicidade". In: Rosvitha Friesen Blume; Markus J. Weininger (orgs.). Seis décadas de poesia alemã. Do pós-guerra ao início do século XXI. Antologia bilingue. Trad. de Markus J. Weininger; Rosvitha Friesen Blume. Florianópolis: Editora da UFSC, 2012.

17.10.18

Carta de Luiz Schwarcz contra Jair Bolsonaro



Carta que o editor Luiz Schwarcz, presidente do Grupo Companhia das Letras enviou aos autores, editores e livreiros:


Não costumo me manifestar publicamente e nunca pedi voto ou sugeri votar em qualquer candidato. Posicionei a linha editorial do Grupo Companhia das Letras com independência em relação às minhas opções políticas, mas com ênfase clara em causas justas, publicando livros de apoio a minorias, que refletem a pluralidade e são contra a discriminação racial e a favor da liberdade de expressão.

Tenho uma visão pouco positiva sobre parte importante do legado dos anos do PT no poder, e espero que Fernando Haddad ainda mostre que a esquerda é capaz de fazer autocrítica, que a volta do partido ao poder seria embasada no reconhecimento de erros pregressos, oriundos da associação a formas viciadas e incorretas da prática política no Brasil, em proporções inimagináveis e contrárias à origem e vocação de um verdadeiro partido dos trabalhadores.

Por acreditar na possibilidade de que um PT renovado se apresente numa nova gestão nacional, se comprometendo, por exemplo, com políticas de equilíbrio fiscal, sugiro a todos os colegas editores que prezam a liberdade de expressão que votem em Fernando Haddad, se posicionando contra o discurso difusamente preconceituoso, contra o autoritarismo e a intolerância, símbolos do outro polo que se anuncia como alternativa no segundo turno desta eleição. A candidatura de Bolsonaro é falsamente nova e é irmã de tempos tenebrosos de nossa vida política e cultural.

Construímos nas últimas décadas um mercado editorial vigoroso, tivemos governos comprometidos com a educação e especificamente com a formação de leitores e de bibliotecas públicas, que levaram o livro a quem não pode comprá-lo devido ao histórico fosso social de nosso país. Isso foi feito de maneira criativa e inédita por governos como o de Fernando Henrique Cardoso e o de Lula, que acreditavam na educação. Fernando Haddad se destacou nessa área como ministro, o que também o qualifica para contar com o voto da classe editorial. Além disso, ele coloca a educação entre as prioridades do país, e não podemos aceitar menos que isso de nenhum candidato. Seu perfil moderado dentro do partido nos permite viver a esperança de que os inúmeros equívocos do PT, em várias áreas, não se repitam e que o partido volte aos compromissos que marcaram sua origem.

Autores, editores e livreiros têm força para pedir a todos que prezam a democracia que contribuam, criticamente, se unindo em favor da tolerância e da liberdade de expressão, que estão ameaçadas. Falta um gesto mais claro do PT em busca de um governo de coalização, mas os futuros danos à democracia têm sido verbalizados pelos seguidores do PSL continuamente e são graves.

Temos que afastar o grande risco de retroceder décadas em aspectos fundamentais da nossa vida pessoal e profissional. Desejo um bom voto a todos.


Luiz Schwarcz

14.10.18

Caetano Veloso: "Olavo faz incitação à violência; convoco meus concidadãos a repudiá-lo"



Olavo faz incitação à violência; convoco meus concidadãos a repudiá-lo

CAETANO VELOSO

Olavo de Carvalho sugere em texto que, caso Bolsonaro se eleja, imediatamente à sua posse seus opositores sejam não apenas derrotados mas totalmente destruídos enquanto grupos, organizações e até indivíduos.

Ele diz que os que consideram Bolsonaro uma ameaça à democracia não estão lutando para vencer uma eleição e sim "pela sobrevivência política, social e até física". Isso é anúncio de autoritarismo matador.

Bolsonaro já disse que a ditadura matou pouco, já apareceu usando tripé de câmera como fuzil a metralhar petistas, já louvou o torturador e assassino coronel Brilhante Ustra. Quando atacado a faca por um maníaco, todos os outros concorrentes à presidência condenaram veementemente o atentado e seu autor; quando um eleitor seu matou um artista baiano que declarara voto no PT, Bolsonaro disse que não tinha nada a ver com isso.

Esse texto de Olavo anuncia uma escalada de ações violentas e conclama seus seguidores a perpetrá-las tão logo Bolsonaro chegue (se ele chegar) ao Alvorada.

É evidente que todo cidadão brasileiro que mereça esse nome –seja ele Fernando Henrique Cardoso, Roberto Carlos, Roberto Schwartz, Suzana Vieira, Chico Buarque, Luiz Tenório de Oliveira Lima, Letícia Sabatela, Fernando Haddad, Zezé de Camargo, Miriam Leitão ou ACM Neto – deve agir contra a possibilidade de eleição de Bolsonaro. A não ser que este desautorize publicamente o texto de Olavo. Único modo, aliás, de dar credibilidade a suas tentativas de amenizar o sentido de seus antigos brados.

Olavo, o sub-Heidegger do nosso sub-Hitler (ou sub-Spengler do nosso sub-Goebbels), diz que petistas, artistas, mídia, professores, jornalistas e intelectuais apelam a recursos ilícitos e imorais para obter vitória. No entanto, acabo de ler um texto em letras grandes, produzido pelos correligionários do capitão, que diz: "O PT QUEBRA IMAGENS, ESFREGA O CRUCIFIXO NOS ÓRGÃOS GENITAIS, URINAM (sic) NA BÍBLIA E AGORA QUER APOIO CATÓLICO".

Deve ser a milionésima fake-news expedida pela campanha bolsonarista. Olavo é figura histórica da anti-esquerda. Catequizou gerações de jovens brasileiros a um anticomunismo delirante e ressentido.

Faz décadas uma jovem conhecida minha tinha se convertido ao islamismo através dos ensinamentos de Olavo, seu carismático professor. A força dos parágrafos de Fritjof Schuon, autor que li fascinado, devem ter chegado com beleza aos ouvidos da moça, através das explanações brilhantes de Olavo. Mas desconfio de que o que o animava não era a beleza do Islã, sua tradição, sua riqueza espiritual. O que o entusiasmava eram as teocracias tardias que o desfiguram.

Olavo hoje posa nos EUA segurando arma pesada. Quão útil será sua cruzada para a indústria armamentista? É-se inocente útil mesmo quando se torna paranoicamente suspicaz. Para ele, o que há na aventura da modernidade é necessariamente o mal.

Intelectual erudito e mente insana, nem sabe que eu só sei de um caso de artista que masturbava-se com um crucifixo (ele o declarou em entrevista na TV) – e era justamente um que hoje aparece ao seu lado.

Eu nunca fui petista. Nunca fui comunista. Odeio ter ouvido de Dirceu que o caso não é de ganhar eleição mas de tomar o poder. Meu pai me ensinou a ser anti-stalinista e, vendo a discrepância entre a vida real dos trabalhadores e os planos das "vanguardas” políticas, aprendi a ser anti-leninista (diante das filas para ver a múmia de Lenin em Moscou, reafirmou-se meu desprezo: detesto o mais ínfimo resquício de culto à personalidade que ronda Lula). Mas farei o que me for possível para vencer o crescimento da desigualdade e, acima de tudo, defenderei os direitos da pessoa humana.

Considero o texto de Olavo incitação à violência. Convoco meus concidadãos a repudiá-lo. Ou vamos fingir que o candidato dele já venceu a eleição e, por isso, pode mandar matar quem não votou nele? Respeitarei como presidente quem quer que se eleja. Mas exijo dele que exiba compromisso com os direitos da pessoa humana e, como os outros cidadãos, rejeite o que foi sugerido por Olavo de Carvalho.




VELOSO, Caetano. "OLavo faz incitação à violência; convoco meus concidadãos a repudiá-lo". In: Folha de São Paulo, 14/10/2018.

José Régio: "Improviso corrigido"



Improviso corrigido

Se minto? Quantas vezes! 
Mas em palavras. Não 
Nos meus olhos castanhos portugueses, 
Nestas linhas atávicas da mão... 
Se minto?... Minto, pois! 
Mas nas orais palavras que vos digo. 
Não nas que entôo a sós comigo, 
E em que enfim deixo de ser dois. 
Não nas que entrego a músicas, miragens, 
Alegorias, fábulas, mentiras, 
Cadências, símbolos, imagens, 
Ecos da minha e mil milhões de liras. 
Se minto?... Minto! É regra de viver. 
Mas não quando, poeta, me desnudo, 
E a mim me visto de inocência, e a tudo. 
Venha quem saiba ver! 
Venha quem saiba ler!





RÉGIO,  José. "Improviso corrigido". In:_____. Antologia. Seleção e organização de Cleonice Berardinelli. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

11.10.18

Florbela Espanca: "Vaidade"



Vaidade

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo ...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho ... E não sou nada! ...





ESPANCA, Florbela. “Vaidade”. In:_____. Sonetos. Lisboa: Bertrand, 1978.

9.10.18

Manuel Castells: "Carta aberta aos intelectuais do mundo"



Carta aberta de Manuel Castells aos intelectuais do mundo
Publicado em: outubro 8, 2018

Manuels Castells (*)

Amigos intelectuais comprometidos com a democracia:

O Brasil está em perigo. E, com o Brasil, o mundo. Porque, depois da Eleição de Trump, a tomada do poder por um governo neofascista na Itália e da ascensão do neonazismo na Europa, o Brasil pode eleger presidente um fascista, defensor da ditadura militar, misógino, sexista, racista e xenófobo, que obteve 46% dos votos válidos no primeiro turno da eleição presidencial. Pouco importa quem seja seu oponente. Fernando Haddad é a única alternativa possível. É um acadêmico respeitável e moderado, candidato pelo PT, um partido hoje em dia desprestigiado por ter se envolvido no processo de corrupção generalizado do sistema político brasileiro. Mas a questão não é o PT, mas sim uma presidência de um Bolsonaro capaz de dizer a uma deputada, em público, que ela “não merece ser estuprada”. Ou que o problema da ditadura não foi a tortura, mas sim que não tivesse matado mais ao invés de torturar.

Em uma situação assim, nenhum intelectual, nenhum democrata, nenhuma pessoa responsável do mundo em que vivemos, pode ficar indiferente. Eu não represento ninguém além de mim mesmo. Nem apoio nenhum partido. Acredito, simplesmente, que se trata de um caso de defesa da humanidade. Se o Brasil, o país decisivo da América Latina, cair em mãos desse desprezível e perigoso personagem, e dos poderes fáticos que o apoiam, os irmãos Koch entre outros, nos precipitaremos ainda mais fundo na desintegração da ordem moral e social do planeta, a qual estamos assistindo hoje.

Por isso, escrevo a todos vocês, aos que conheço e aos que gostaria de conhecer. Não para que subscrevam essa carta como se fosse um manifesto de políticos, mas sim para pedir-lhes que tornem pública, em termos pessoais, sua petição para uma ativa participação no segundo turno das eleições presidenciais, dia 28 de outubro, e nosso apoio a um voto contra Bolsonaro, argumentando segundo o que cada um pensa e difundindo sua carta por meio de seus canais pessoais, redes sociais, meios de comunicação, contatos políticos, qualquer formato que difunda nossos protestos contra a eleição do fascismo no Brasil. Muitos de nós temos contatos no Brasil, ou temos contatos que têm contatos. Contate-mo-los. Um what’s é suficiente, ou uma chamada telefônica pessoal. Não vai nos fazer um falta uma #. Somos pessoas, milhares, milhões potencialmente falando, no mundo e no Brasil. Ao longo de nossa vida, adquirimos com nossa luta e integridade uma certa autoridade moral. É hora de utilizá-la neste momento antes que seja muito tarde.

Eu farei isso, já estou fazendo. E rogo, simplesmente, que cada uma e cada um faça o que possa.

(*) Doutor em sociologia pela Universidade de Paris, é professor nas áreas de sociologia, comunicação e planejamento urbano e regional e pesquisador dos efeitos da informação sobre a economia, a cultura e a sociedade.

Tradução: Marco Weissheimer

7.10.18

Antonio Cicero: "Stromboli"





Stromboli

Dormes,
belo.
Eu não, eu velo
enquanto voas ou velejas
e inocente exerces teu império.
Amo: o que é que tu desejas?
Pois sou a noite, somos
eu poeta, tu proeza
e de repente exclamo:
Tanto mistério é,
tanta beleza.




CICERO, Antonio. "Stromboli". In:_____. Guardar. Rio de Janeiro: Record, 1996.





6.10.18

Adriano Nunes: "Numa caixa d'osso"



Muito obrigado, querido Adriano Nunes, por me ter dedicado seu belo poema!



Numa caixa d'osso

                              para Antonio Cicero

O cérebro pensa
Estar sobre tudo,
Ainda que mudo,
Além-imanência,

Plantado no alto,
A eus-eixos preso.
Entre mil cabelos
E a vértebra Atlas,

Numa caixa d'osso,
O cérebro sente
Ser só. Diferente-
Mente, do pescoço

Pra baixo, um liame
Faz-se pelos órgãos
Vassalos, então.
Ah, ninguém reclame

Do sol das sinapses!
Um amor perdido,
Os versos no olvido
Do trilhar do lápis!



NUNES, Adriano: "Numa caixa d'osso"

4.10.18

Elizabeth Bishop: "The shampoo" / "O banho de shampoo": trad. de Paulo Henriques Britto



O banho de xampu

Os liquens – silenciosas explosões
nas pedras – crescem e engordam,
concêntricas, cinzentas concussões.
Têm um encontro marcado
com os halos ao redor da lua, embora
até o momento nada tenha mudado.

E como o céu há de nos dar guarida
enquanto isso não se der,
você há de convir, amiga,
que se precipitou;
e eis no que dá. Porque o Tempo é,
mais que tudo, contemporizador.

No teu cabelo negro brilham estrelas
cadentes, arredias.
Para onde irão elas
tão cedo, resolutas?
– Vem, deixa eu lavá-lo, aqui nesta bacia
amassada e brilhante como a lua.





The shampoo

The still explosions on the rocks,
the lichens, grow
by spreading gray, concentric shocks.
They have arranged
to meet the rings around the moon, although
within our memories they have not changed.

And since the heavens will attend
as long on us,
you've been, dear friend,
precipitate and pragmatical;
and look what happens.  For Time is
nothing if not amenable.

The shooting stars in your black hair
in bright formation
are flocking where,
so straight, so soon?
– Come, let me wash it in this big tin basin,
battered and shiny like the moon.





BISHOP, Elizabeth. "The shampoo" / "O banho de xampu". In:_____. Poemas escolhidos de Elizabeth Bishop. Seleção e trad. de Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.



2.10.18

José Eduardo Agualusa: "O Brasil enfrenta o anti-Brasil


Gostei muito do artigo que, sábado passado, em O Globo, o escritor angolano e cidadão do mundo José Eduardo Agualusa escreveu, tendo tomado como ponto de partida o vídeo em que Stephen Fry fala sobre o que pensa sobre o candidato a presidente Jair Bolsonaro. Abaixo do artigo, postei o vídeo de Stephen Fry.


O Brasil enfrenta o Brasil


Nas redes sociais vem circulando um vídeo do ator inglês Stephen Fry, alertando os brasileiros para o perigo que representa o crescimento da extrema direita. No essencial, Stephen Fry considera a multiplicação de declarações racistas, homofóbicas e machistas uma escolha equivocada para um país que tem na diversidade o seu principal traço de caráter. Seria, sugere o ator inglês, como se o Brasil estivesse escolhendo o anti-Brasil para o representar.

A diversidade do material humano com que se constituiu o ser brasileiro é, sem dúvida, extraordinária; basta percorrer as ruas de qualquer cidade do país para perceber isso. Contudo, passeando por Londres, Cape Town ou Nova York iremos deparar-nos com idêntica ou ainda maior diversidade. O que torna o Brasil original, o que explica a alegre vitalidade da sua cultura popular, não é tanto a diversidade: é a voracidade com que assimila o outro, isso a que chamamos mestiçagem.

Vivi dois anos entre Olinda e o Rio de Janeiro. Recordo desse meu breve exílio brasileiro a experiência do não exílio. Nunca me senti ostracizado. Nunca me senti estrangeiro. Nunca me senti colocado à margem. Pelo contrário, tinha de lutar todos os dias contra a tentação de me esquecer de mim, me refundando brasileiro.

Guardo desse tempo a ilusão de que é fácil virar brasileiro. Difícil é ser alemão, por exemplo, para citar um país onde até hoje a ascendência (o sangue) tem mais importância do que o lugar onde alguém nasce e cresce. Isto é, os filhos de imigrantes turcos nascidos na Alemanha não são automaticamente alemães (apenas se os pais estiverem legalmente no país há mais de oito anos), e continuam a ser tratados como turcos por uma boa parte dos seus concidadãos. Já os russos ou poloneses pertencentes a minorias de etnia alemã têm direito a passaporte germânico, ainda que nunca tenham visitado o país.

A propósito da Alemanha, onde também morei, lembro de uma ocasião em que vi, em Berlim, uma “japonesa” sambando. No momento em que a vi eu soube que ela não era japonesa. Era brasileira. Só podia ser brasileira. Esta capacidade de transformar um japonês, um alemão ou um angolano em brasileiro — num brasileiro inteiro, sem arestas —, é que me parece verdadeiramente singular.

E é este Brasil que está sob ameaça: o Brasil.

O anti-Brasil que vem crescendo e envenenando o Brasil me lembra certas doenças autoimunes. É como se o organismo — no caso, a sociedade brasileira — não fosse capaz de se reconhecer a si mesmo, os seus próprios órgãos e células, começando a se autodestruir.

O crescimento do anti-Brasil será apenas responsabilidade de políticos com um venenoso e persistente discurso de ódio? Creio que não. Provavelmente esses políticos apenas dão corpo a uma insanidade latente, que terminaria se manifestando, mais cedo ou mais tarde, com eles ou sem eles. Para a combater é preciso determinar primeiro de onde vem.

Sinto muito, não tenho respostas. Stephen Fry também não. Fry apenas está assustado, como eu, como milhões de outras pessoas no mundo inteiro, que amam o Brasil e a sua alegre e maravilhosa máquina de engolir e misturar culturas.

Infelizmente, no meio do ruído que se instalou no Brasil, fica difícil escutar as vozes lúcidas interessadas em discutir a questão e em encontrar respostas.



AGUALUSA, José Eduardo. "O Brasil enfrenta o Brasil". In: O Globo, Segundo Caderno, 29/09/2018.

Stephen Fry: "Bolsonaro é a figura mais sombria que entrevistei"



Sabendo da possibilidade de que Jair Bolsonaro seja eleito presidente do Brasil, o grande ator Stephen Fry, que o entrevistou e que admira o Brasil, resolveu dizer o que pensa sobre esse candidato: