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8.2.20

Ingeborg Bachmann: "Nach dieser Sintflut" / "Depois deste dilúvio": trad. por Vera Lins e Friedrich Forsch




Depois deste dilúvio


Depois deste dilúvio
queria ver a pomba,
e nada senão a pomba
salva outra vez.

Me afundaria nesse mar!
Se ela não voasse,
se não trouxesse
na última hora a folha.






Nach dieser Sintflut


Nach dieser Sintflut
möchte ich die Taube,
und nichts als die Taube,
noch einmal gerettet sehn.

Ich ginge ja unter in diesem Meer!
flög' sie nicht aus,
brächte sie nicht
in letzter Stunde das Blatt.





BACHMANN, Ingeborg. "Nach dieser Sintflut" / "Depois deste dilúvio". Trad. por Vera Lins e Friedrich Forsch. In: LINS, Vera. Ingeborg Bachmann. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2013. 

11.7.19

Ingeborg Bachmann: "Alle Tage" / "Todos os dias": trad. por Rosvitha Friesen Blume e Markus J. Weininger



Todos os dias

A guerra já não é mais declarada,
Apenas prossegue. O insólito
tornou-se cotidiano. O herói
abstém-se das batalhas. O fraco
é movido para as linhas de fogo.
O uniforme do dia é a paciência,
a medalha, o mísero astro
da esperança sobre o coração.

Esse é conferido
quando nada mais acontece,
quando a metralha se cala,
quando o inimigo ficou invisível
e a sombra do eterno armamento
recobre o céu.

É conferido
pela deserção das bandeiras,
pela bravura frente ao amigo,
pela denúncia de segredos indignos
e pelo ato de ignorar
qualquer ordem.





Alle Tage

Der Krieg wird nicht mehr erklärt,
sondern fortgesetzt. Das Unerhörte 
ist alltäglich geworden. Der Held
bleibt den Kämpfen fern. Der Schwache 
ist in die Feuerzonen gerückt.
Die Uniform des Tages ist die Geduld,
die Auszeichnung der armselige Stern
der Hoffnung über dem Herzen.

Er wird verliehen,
wenn nichts mehr geschieht, 
wenn das Trommelfeuer verstummt,
wenn der Feind unsichtbar geworden ist
und der Schatten ewiger Rüstung
den Himmel bedeckt.

Er wird verliehen
für die Flucht von den Fahnen,
für die Tapferkeit vor dem Freund,
für den Verrat unwürdiger Geheimnisse
und die Nichtachtung
jeglichen Befehls.





BACHMANN, Ingeborg. "Alle Tage" / "Todos os dias". In: BLUME, Rosvitha Friesen; WEININGER, Markus J. Seis décadas de poesia alemã. Do pós-guerra ao início do século XXI. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2012.

11.2.19

Ingeborg Bachmann: "Schatten Rosen Schatten" / "Sombras rosas sombras"



Sombras rosas sombras


Sob um céu estranho

sombras rosas

sombras

sobre uma terra estranha

entre rosas e sombras

numa água estranha

minha sombra






Schatten Rosen Schatten


Unter einem fremden Himmel

Schatten Rosen

Schatten

auf einer fremden Erde

zwischen Rosen und Schatten

in einem fremden Wasser

mein Schatten





BACHMANN, Ingeborg. Werke. Eds. Christine Kosehel, Inge von Weidenbaum, Clemens Münster. München, Zürich: R. Piper, 1978.

19.10.18

Ingeborg Bachmann: "Reklame" / "Publicidade": trad. de Markus J. Weininger e Rosvitha Friesen Blume



Publicidade


Mas, e para onde iremos

despreocupado fique despreocupado

quando anoitecer e quando esfriar

fique despreocupado 

mas, e

com música

que deveremos fazer

animado e com música

e pensar

animado

diante de um fim

com música

e para onde levaremos

de preferência

as nossas dúvidas e o calafrio dos anos todos

para a lavanderia dos sonhos despreocupado fique despreocupado

mas, e o que acontecerá

de preferência

quando o silêncio mortal


irromper





Reklame



Wohin aber gehen wir

ohne sorge sei ohne sorge

wenn es dunkel und wenn es kalt wird

sei ohne sorge

aber

mit musik

was sollen wir tun

heiter und mit musik

und denken

heiter

angesichts eines Endes

mit musik

und wohin tragen wir

am besten

unsre Fragen und den Schauer aller Jahre

in die Traumwäscherei ohne sorge sei ohne sorge

was aber geschieht

am besten

wenn Totenstille


eintritt





BACHMANN, Ingeborg. "Reklame" / "Publicidade". In: Rosvitha Friesen Blume; Markus J. Weininger (orgs.). Seis décadas de poesia alemã. Do pós-guerra ao início do século XXI. Antologia bilingue. Trad. de Markus J. Weininger; Rosvitha Friesen Blume. Florianópolis: Editora da UFSC, 2012.

1.12.13

Ingeborg Bachmann: "Exil" / "Exílio": trad. por Vera Lins






Exílio

Um morto eu sou, ambulante
registrado em parte nenhuma
desconhecido no reino do prefeito
excedente nas cidades douradas
e no campo verdejante

despachado há muito
sem receber nada

Apenas o vento, o tempo e o som

que não posso viver no meio dos homens

Eu com a língua alemã
esta nuvem em torno de mim
que mantenho como casa
divago por todas as línguas

Ó como ela escurece
os tons sombrios, de chuva
só esses poucos que caem

Depois ela leva o morto para cima, a zonas mais claras.


Exil

Ein Toter bin ich der wandelt
gemeldet nirgends mehr
unbekannt im Reich des Präfekten
überzählig in den goldenen Städten
und im grünenden Land


abgetan lange schon
und mit nichts bedacht

Nur mit Wind mit Zeit und mit Klang

der ich unter Menschen nicht leben kann

Ich mit der deutschen Sprache
dieser Wolke um mich
die ich halte als Haus
treibe durch alle Sprachen

O wie sie sich verfinstert
die dunklen die Regentöne
nur die wenigen fallen

In hellere Zonen trägt dann sie den Toten hinauf




BACHMANN, Ingeborg. Trad. por Vera Lins. In: LINS, Vera. Ingeborg Bachmann. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2013.



30.11.13

Ingeborg Bachmann: ["Em cada obra..."] / trad. de Vera Lins






Em cada obra, há uma falta que impele a outra obra. O entusiasmo com alguns textos é o entusiasmo pela folha branca ainda não escrita".



BACHMANN, Ingeborg. Cit. por LINS, Vera. In:_____. Ingeborg Bachmann. Ciranda da poesia. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2013.