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4.2.08

James Joyce: de A portrait of the artist as a young man

Vê-se a forma épica mais simples emergir da literatura lírica quando o artista se prolonga e se debruça sobre si mesmo como o centro de um acontecimento épico e essa forma progride até que o centro da gravidade emocional esteja eqüidistante do próprio artista e dos outros. A narrativa deixa de ser puramente pessoal. A personalidade do artista passa à narração mesma, fluindo e refluindo em torno das pessoas e da ação como um mar vital. É fácil ver esse progresso naquela velha balada inglesa Turpin Hero, que começa na primeira pessoa e termina na terceira. Alcança-se a forma dramática quando a vitalidade que fluiu e revolveu em torno de cada pessoa preenche toda pessoa com tamanha força vital que ela assume uma vida estética própria e intangível. A personalidade do artista, inicialmente um grito ou uma cadência ou um tom e depois uma narrativa fluida e tremeluzente, acaba por se refinar a ponto de deixar de existir, impessoalizando-se, por assim dizer. A imagem estética na forma dramática é a vida purificada na imaginação humana e dela reprojetada. Cumpre-se o mistério da estética, como o da criação material. O artista, como o Deus da criação, continua dentro ou atrás ou além e acima da sua manufatura, invisível, refinado a ponto de deixar de existir, indiferente, aparando as unhas.