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17.7.19

Augusto Frederico Schmidt: "Paz dos túmulos"




Paz dos túmulos

Ó paz dos túmulos
Ó frio das tardes invernais nos cemitérios
Ó mármores gelados, rosas frias, Cristos de gêlo, como vos espero!
Quando serei silêncio e frio apenas?
Quando serei apenas o íntimo da terra?
Quando, enfim, dormirei na paz – na álgida paz?
Ó vento que matais as rosas, vento frio!
Quando me levareis mudando em poeira?
Quando me levareis pelas ruas
Quando me levareis em mim mesmo mudando
Para o grande mar, o grande mar, o grande mar...





SCHMIDT, Augusto Frederico. "Paz dos túmulos". In: BANDEIRA, Manuel (org.). Apresentação da poesia brasileira: seguida de uma antologia. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

15.2.10

Augusto Frederico Schmidt: Soneto





Soneto


O desespero de perder-te um dia
Ou de vir a deixar-te neste mundo,
Habita o coração inquieto e triste
Enquanto a noite rola e o sono tarda.

Olho-te, e o teu mistério me penetra;
Sinto que estás vivendo o breve engano
Deste mundo, e que irás também, um dia,
Para onde foram essas de que vieste.

– Essas morenas e secretas musas,
Tuas avós, ciganas de olhos negros
Que te legaram tua graça triste.

Lembro que esfolharás na eterna noite
A rosa de teu corpo delicado,
E ouço a noite chorar como uma fonte.



SCHMIDT, Augusto Frederico. Antologia Poética. Seleção de Waldir Ribeiro do Val. Introdução de Bernardo Gersen. Rio de Janeiro: Leitura, 1962.