.
(Abrigo)
Há uma casa,
como casca,
crosta presa
nas costas.
Cicatriz de um
ninho quente,
vermelho de
fogão de lenha,
infância
onde o homem
já não cabe.
Há uma casa
branca corno
a cal, vazia,
imaterial,
que flutua
no espaço,
onde o corpo
busca guarida
quando a vida
já perdeu
o seu sal.
De: GALVÃO, Donizete. In: Traçados diversos. Uma antologia da poesia contemporânea. Org. por Adilson Miguel. São Paulo: Scipione, 2009.
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23.3.09
19.3.09
Donizete Galvão: sobre Domingos Carvalho da Silva
.
No artigo que fiz para a "Ilustrada" da Folha de São Paulo e que aqui publiquei no dia 8 do corrente, expliquei que, segundo Sérgio Buarque de Hollanda, Domingos Carvalho da Silva, membro do grupo conhecido como Geração de 45, “decretara que o bom verso não contém esdrúxulas (apesar de Camões), que a palavra ‘fruta’ deve ser desterrada da poesia, em favor de ‘fruto’, e a palavra "cachorro" igualmente abolida, em proveito de ‘cão’; e mais, que o oceano Pacífico (adeus Melville e Gauguin!) não é nada poético, bem ao oposto do que sucede com seu vizinho, o oceano Índico”.
Pois bem, vejam que interessante o e-mail que o poeta Donizete Galvão me enviou, a propósito dessa observação:
Caro Antonio Cicero:
lendo seu artigo sobre as vanguardas e, sobretudo, sobre as palavras que Domingos Carvalho da Silva diziam estar proibidas de entrar em um poema, lembrei-me de um fato. Quando publiquei meu segundo livro saiu uma curta crítica dele a que nunca tive acesso. Só me lembro que um amigo meu leu e disse que ele fazia ressalvas ao uso da palavra quaradouro ( onde se quara as roupas). ele achava que o certo era "coradouro" palavra que nunca ouvi ninguém dizer lá em Minas. O velhinho não mudou. Ele tem um livro interessante sobre poesia, Uma teoria do poema.
Abraços,
Donizete Galvão
No artigo que fiz para a "Ilustrada" da Folha de São Paulo e que aqui publiquei no dia 8 do corrente, expliquei que, segundo Sérgio Buarque de Hollanda, Domingos Carvalho da Silva, membro do grupo conhecido como Geração de 45, “decretara que o bom verso não contém esdrúxulas (apesar de Camões), que a palavra ‘fruta’ deve ser desterrada da poesia, em favor de ‘fruto’, e a palavra "cachorro" igualmente abolida, em proveito de ‘cão’; e mais, que o oceano Pacífico (adeus Melville e Gauguin!) não é nada poético, bem ao oposto do que sucede com seu vizinho, o oceano Índico”.
Pois bem, vejam que interessante o e-mail que o poeta Donizete Galvão me enviou, a propósito dessa observação:
Caro Antonio Cicero:
lendo seu artigo sobre as vanguardas e, sobretudo, sobre as palavras que Domingos Carvalho da Silva diziam estar proibidas de entrar em um poema, lembrei-me de um fato. Quando publiquei meu segundo livro saiu uma curta crítica dele a que nunca tive acesso. Só me lembro que um amigo meu leu e disse que ele fazia ressalvas ao uso da palavra quaradouro ( onde se quara as roupas). ele achava que o certo era "coradouro" palavra que nunca ouvi ninguém dizer lá em Minas. O velhinho não mudou. Ele tem um livro interessante sobre poesia, Uma teoria do poema.
Abraços,
Donizete Galvão
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