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7.4.21

Federico García Lorca: "Despedida": trad. por William Agel de Melo




Despedida


Se eu morrer,

deixai o balcão aberto.


    O menino chupa laranjas.

(Do meu balcão eu o vejo.)


    O segador sega o trigo.

(Desde meu balcão e o sinto.)


    Se eu morrer,

deixai o bacão aberto!





Despedida



Si muero,

dejad el balcón abierto.


    El niño come naranjas.

(Desde mi balcón lo veo).


    El segador siega el trigo.

(Desde mi balcón lo siento).


     ¡Si muero,

dejad el balcón abierto!





LORCA, Federico García. "Despedida". In:_____. "Canciones / Canções". In:_____. Obra poética completa. Trad. de William Agel de Melo. São Paulo: Martins Fontes Editora, 1987.

27.2.17

Federico García Lorca: "Nido"/"Ninho": trad. de Wiliam Agel de Melo




Nido

Qué es lo que guardo en estos
momentos de tristeza?
¡Ay, quién tala mis bosques
dorados y floridos!
¿Qué leo en el espejo
de plata conmovida
que la aurora me ofrece
sobre el agua del río?
¿Qué gran olmo de idea
se ha tronchado en mi bosque?
¿Qué lluvia de silencio
me deja estremecido?
Si a mi amor dejé muerto
en la rivera triste,
¿qué zarzales me ocultan
algo recién nacido?




Ninho

O que é que guardo nestes
momentos de tristeza?
Ai!, quem tala meus bosques
dourados e floridos!
Que leio no espelho
de prata comovida
que a aurora me oferece
sobre a água do rio?
Que grande olmo de ideia
se cortou em meu bosque?
Que chuva de silêncio
me deixa estremecido?
Se meu amor deixei morto
numa ribeira triste,
que sarçais me ocultam
algo recém-nascido?



LORCA, Federico García. "Nido"/"Ninho". In:_____.  "Livro de poemas". Trad. de William Agel de Melo. In:_____. Obra poética completa. Brasília: Editora U. de Brasília. São Paulo: Martins Fontes, 1989, c1987.

15.5.16

Federico García Lorca: "Se ha quebrado el sol" / "Partiu-se o sol": tradução de William Agel de Melo





          Partiu-se o sol

          Partiu-se o sol
          entre nuvens de cobre.
Dos montes azuis chega um ar sonoro.
          No prado do céu,
          entre flores de estrelas,
          a lua vai em crescente
          como um garfo de ouro.

Pelo campo (que espera os tropéis de almas),
          vou carregado de pena,
          pelo caminho só;
          porém o meu coração
          um raro sonho canta
         de uma paixão oculta
         a distância sem fundo.

         Ecos de mãos brancas
         sobre a minha fronte fria,
         paixão que se madurou
         com pranto de meus olhos!





          Se ha quebrado el sol

          Se ha quebrado el sol
          entre nubes de cobre.
De los montes azules llega un aire suave.

          En el prado del cielo,
          entre flores de estrellas,
          va la luna en creciente
          como un garfio de oro.

Por el campo (que espera los tropeles de almas),
          voy cargado de pena,
          Por el camino solo;
          Pero el corazón mío
          un raro sueño canta
          de una pasión oculta
          a distancia sin fondo.

          Ecos de manos blancas
          sobre mi frente fría
          ¡pasión que maduróse
          con llanto de mis ojos!



LORCA, Federico García. "Se ha quebrado el sol" / "Partiu-se o sol". In:_____. "Poemas esparsos". In:_____. Obra poética completa. Tradução de William Agel de Melo. Brasília: Editora U. de Brasília. São Paulo: Martins Fontes, 1989.



16.11.15

Federico Garcia Lorca: "Cantos nuevos" / "Cantos novos": trad. William Agel de Melo





Cantos novos

Agosto de 1920
(Vega de Zujaira)

Diz a tarde: "Tenho sede de sombra!"
Diz a lua: "Eu, sede de luzeiros."
A fonte cristalina pede lábios
e suspira o vento.

Eu tenho sede de aromas e de sorrisos,
sede de cantares novos
sem luas e sem lírios,
e sem amores mortos.

Um cantar de manhã que estremeça
os remansos quietos
do porvir. E encha de esperança
suas ondas e seus lodaçais.

Um cantar luminoso e repousado
cheio de pensamento,
virginal de tristezas e de angústias
e virginal de sonhos.

Cantar sem carne lírica que encha
de risos o silêncio
(um bando de pombas cegas
lançadas ao mistério).

Cantar que vá à alma das coisas
e à alma dos ventos
e que descanse por fim na alegria
do coração eterno.



Cantos nuevos

Agosto de 1920
(Vega de Zujaira)

Dice la tarde: "¡Tengo sed de sombra!"
Dice la luna: "¡Yo, sed de luceros!"
La fuente cristalina pide labios
y suspira el viento.

Yo tengo sed de aromas y de risas,
sed de cantares nuevos
sin lunas y sin lirios,
y sin amores muertos.

Un cantar de mañana que estremezca
a los remansos quietos
del porvenir. Y llene de esperanza
sus ondas y sus cienos.

Un cantar luminoso y reposado
pleno de pensamiento,
virginal de tristezas y de angustias
y virginal de ensueños.

Cantar sin carne lírica que llene
de risas el silencio
(una bandada de palomas ciegas
lanzadas al misterio).

Cantar que vaya al alma de las cosas
y al alma de los vientos
y que descanse al fin en la alegría
del corazón eterno.




GARCIA LORCA, Federico. "Cantos nuevos" / "Cantos novos". In:_____. "Libro de poemas (1921)" ; "Livro de poemas".. In:_____. Obra poética completa. Tradução de William Agel de Melo. Brasília: Editora U. de Brasília; São Paulo: Martins Fontes, 1989.

4.7.15

Federico Garcia Lorca: "Este es el prólogo" / "Este é o prólogo": trad. William Agel de Melo




Este es el prólogo

Dejaría en este libro
toda mi alma.
Este libro que ha visto
conmigo los paisajes
y vivido horas santas.

¡Qué pena de los libros
que nos llenan las manos
de rosas y de estrellas
y lentamente pasan!

¡Qué tristeza tan honda
es mirar los retablos
de dolores y penas
que un corazón levanta!

Ver pasar los espectros
de vidas que se borran,
ver al hombre desnudo
en Pegaso sin alas,

ver la vida y la muerte,
la síntesis del mundo,
que en espacios profundos
se miran y se abrazan.

Un libro de poesías
es el otoño muerto:
los versos son las hojas
negras en tierras blancas,

y la voz que los lee
es el soplo del viento
que les hunde en los pechos,
– entrañables distancias –.

El poeta es un árbol
con frutos de tristeza
y con hojas marchitas
de llorar lo que ama.

El poeta es el médium
de la Naturaleza
que explica su grandeza
por medio de palabras.

El poeta comprende
todo lo incomprensible,
y a cosas que se odian,
él, amigas las llama.

Sabe que los senderos
son todos imposibles,
y por eso de noche
va por ellos en calma.

En los libros de versos,
entre rosas de sangre,
van pasando las tristes
y eternas caravanas

que hicieron al poeta
cuando llora en las tardes,
rodeado y ceñido
por sus propios fantasmas.

Poesía es amargura,
miel celeste que mana
de un panal invisible
que fabrican las almas.

Poesía es lo imposible
hecho posible. Arpa
que tiene en vez de cuerdas
corazones y llamas.

Poesía es la vida
que cruzamos con ansia
esperando al que lleva
sin rumbo nuestra barca.

Libros dulces de versos
son los astros que pasan
por el silencio mudo
al reino de la Nada,
escribiendo en el cielo
sus estrofas de plata.

¡Oh, qué penas tan hondas
y nunca remediadas,
las voces dolorosas
que los poetas cantan!

Dejaría en el libro
este toda mi alma...



Este é o prólogo

Deixaria neste livro
toda a minha alma.
este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.

Que pena dos livros
que nos enchem as mãos
de rosas e de estrelas
e lentamente passam!

Que tristeza tão funda
é olhar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta!

Ver passar os espectros
de vida que se apagam,
ver o homem desnudo
em Pégaso sem asas,

ver a vida e a morte,
a síntese do mundo,
que em espaços profundos
se olham e se abraçam.

Um livro de poesias
é o outono morto:
os versos são as folhas
negras em terras brancas,

e a voz que os lê
é o sopro do vento
que lhes incute nos peitos
- entranháveis distâncias.

O poeta é uma árvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchas
de chorar o que ama.

O poeta é o médium
da Natureza
que explica sua grandeza
por meio de palavras.

O poeta compreende
todo o incompreensível
e as coisas que se odeiam,
ele, amigas as chama.

Sabe que as veredas
são todas impossíveis,
e por isso de noite
vai por elas com calma.

Nos livros de versos,
entre rosas de sangue,
vão passando as tristes
e eternas caravanas

que fizeram ao poeta
quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.

Poesia é amargura,
mel celeste que mana
de um favo invisível
que as almas fabricam.

Poesia é o impossível
feito possível. Harpa
que tem em vez de cordas
corações e chamas.

Poesia é a vida
que cruzamos com ânsia,
esperando o que leva
sem rumo a nossa barca.

Livros doces de versos
sãos os astros que passam
pelo silêncio mudo
para o reino do Nada,
escrevendo no céu
suas estrofes de prata.

Oh! que penas tão fundas
e nunca remediadas,
as vozes dolorosas
que os poetas cantam!

Deixaria neste livro
toda a minha alma...



GARCIA LORCA, Federico. "Este es el prólogo" / "Este é o prólogo". Trad. William Agel de Melo. In:_____. "Poemas sueltos". In:_____. Obra poética completa. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1989.

14.3.14

Federico García Lorca: "El poeta pide a su amor que le escriba" / "O poeta pede a seu amor que lhe escreva": trad. William Agel de Melo





El poeta pide a su amor que le escriba

Amor de mis entrañas, viva muerte,
en vano espero tu palabra escrita
y pienso, con la flor que se marchita,
que si vivo sin mí quiero perderte.

El aire es inmortal. La piedra inerte
ni conoce la sombra ni la evita.
Corazón interior no necesita
la miel helada que la luna vierte.

Pero yo te sufrí. Rasgué mis venas,
tigre y paloma, sobre tu cintura
en duelo de mordiscos y azucenas.

Llena pues de palabras mi locura
o déjame vivir en mi serena
noche del alma para siempre oscura.




O poeta pede a seu amor que lhe escreva

Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.

O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.

Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de mordiscos e açucenas.

Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.




LORCA, Federico García. "Poemas esparsos". In:_____. Obra poética completa. Trad. de William Agel de Melo. Brasília: Martins Fontes / Editora Universidade de Brasília, 1989.

24.12.13

Federico García Lorca: "Gacela del amor desesperado" / "Gazel do amor desesperado": trad. William Agel de Melo





Gacela del amor desesperado

La noche no quiere venir
para que tú no vengas
ni yo pueda ir.

Pero yo iré
aunque un sol de alacranes me coma la sien.

Pero tú vendrás
con la lengua quemada por la lluvia de sal.

El día no quiere venir
para que tú no vengas
ni yo pueda ir.

Pero yo iré
entregando a los sapos mi mordido clavel.

Pero tú vendrás
por las turbias cloacas de la oscuridad.

Ni la noche ni el día quieren venir
para que por ti muera
y tú mueras por mí.




Gazel do amor desesperado

A noite não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.

Mas eu irei,
inda que um sol de lacraias me coma a fronte.

Mas tu virás
com a língua queimada pela chuva de sal.

O dia não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.

Mas eu irei
entregando aos sapos meu mordido cravo.

Mas tu virás
pelas turvas cloacas da escuridão.

Nem a noite nem o dia querem vir
para que por ti morra
e tu morras por mim.



GARCÍA LORCA, Federico. "Divan del Tamarit / Divã do Tamarit". In: Obra poética completa. Trad. de William Agel de Melo. Brasília: Universidade de Brasília; São Paulo: Martins Fontes, 1989.


21.10.12

Federico Garcia Lorca: "Gacela del amor desesperado" / "Gazel do amor desesperado: trad. William Agel de Melo






Gazela del amor desesperado

La noche no quiere venir
para que tú no vengas
ni yo pueda ir.

Pero yo iré
aunque un sol de alacranes me coma la sien.

Pero tú vendrás
con la lengua quemada por la lluvia de sal.

El día no quiere venir
para que tú no vengas
ni yo pueda ir.

Pero yo iré
entregando a los sapos mi mordido clavel.

Pero tú vendrás
por las turbias cloacas de la oscuridad.

Ni la noche ni el día quieren venir
para que por ti muera
y tú mueras por mí.





Gazel do amor desesperado

A noite não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.

Ma eu irei,
inda que um sol de lacraias me coma a fronte.

Mas tu virás
com a língua queimada pela chuva de sal.

O dia não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.

Mas eu irei,
entregando aos sapos meu mordido cravo.

Mas tu virás
pelas turvas cloacas da escuridão.

Nem a noite nem o dia querem vir
para que por ti morra
e tu morras por mim.

6.10.09

Federico García Lorca: "Cancion tonta" / "Canção tola": trad. William Agel de Melo




Cancíón tonta

Mamá.
Yo quiero ser de plata.

   Hijo,
tendrás mucho frío.

   Mamá.
Yo quiero ser de agua.

   Hijo,
tendrás mucho frío.

   Mamá.
Bórdame en tu almohada.

   ¡Eso sí!
¡Ahora mismo!



Canção tola

Mamãe.
Eu quero ser de prata.

   Filho,
terás muito frio.

   Mamãe.
Eu quero ser de água.

   Filho,
terás muito frio.

   Mamãe.
Borda-me em tua almofada.

   Isso sim!
Agora mesmo!



GARCIA LORCA, Federico. "Canciones". Obra poética completa. Trad. William Agel de Melo. Brasília: Ed. Universidade de Brasília. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

25.12.07

Federico García Lorca: "Malageña" / "Malaguenha: trad. de William Agel de Melo



Malaguenha

A morte
entra e sai
da taberna.
Passam cavalos negros
e gente sinistra
pelos fundos caminhos
da guitarra.
E há um cheiro de sal
e de sangue de fêmea
nos nardos febris
da beira-mar.
A morte
entra e sai,
e sai e entra
a morte
da taberna.


Tradução por William Agel de Melo


Malagueña

La muerte
entra y sale
de la taberna.
Pasan caballos negros
y gente siniestra
por los hondos caminos
de la guitarra.
Y hay un olor a sal
y a sangre de hembra,
en los nardos febriles
de la marina.
La muerte
entra y sale
y sale y entra
la muerte
de la taberna.



De: LORCA, Federico García. “Poema del Cante Jondo”. In: Obra poética completa. Edição bilingue. Trad. portuguesa por W. Agel de Melo. Brasília: Ed. Universidade de Brasília. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p.220.