6.10.09

Federico García Lorca: "Cancion tonta" / "Canção tola": trad. William Agel de Melo




Cancíón tonta

Mamá.
Yo quiero ser de plata.

   Hijo,
tendrás mucho frío.

   Mamá.
Yo quiero ser de agua.

   Hijo,
tendrás mucho frío.

   Mamá.
Bórdame en tu almohada.

   ¡Eso sí!
¡Ahora mismo!



Canção tola

Mamãe.
Eu quero ser de prata.

   Filho,
terás muito frio.

   Mamãe.
Eu quero ser de água.

   Filho,
terás muito frio.

   Mamãe.
Borda-me em tua almofada.

   Isso sim!
Agora mesmo!



GARCIA LORCA, Federico. "Canciones". Obra poética completa. Trad. William Agel de Melo. Brasília: Ed. Universidade de Brasília. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

8 comentários:

ADRIANO NUNES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
paulinho (paulo sabino) disse...

cicero, cicero, cicero (rs)...

AMO este poema do lorca!

que barato encontrá-lo aqui, e justo num momento como o meu (rs)!

maravilha, poeta!!

escolhas sempre lindas, líricas, divertidas, pensantes.

beijo bom e terno!

Victor Colonna disse...

Oi Cícero,

Vou lançar meu livro de poemas "Cabeça, Tronco e Versos" ,dia 13/10, na Livraria Baratos da Ribeiro, rua Barata Ribeiro 354 lj D, Copacabana, a partir das 19:30h.Seguem aí um poema e uma crônica.


ANTI-ÍCARO (Victor Colonna)


Não sei se foi vôo
Ou queda.

O abismo me encontrou
Quando pus os pés no chão.

Não desejei estrelas
Nem derreti as asas
Ao procurar o sol.

Caí sem ter subido aos céus.


O LANÇAMENTO (Victor Colonna)


Lançar um livro é se lançar às críticas, ao abismo que é o gosto do outro.

Publicar, mais que escrever, é inscrever as palavras, imprimir-se, revelar-se para o mundo.

Há milhares de anos quando não éramos ainda seres “humanos”, resolvemos misturar o sangue dos animais com terra, transformamos esse sangue em tinta e passamos a desenhar as paredes das cavernas. Não se sabe porque isso se deu, mas com certeza, já existia nos nossos antepassados cavernosos a necessidade de transcender à vida, de mostrar ao mundo: “eu estive aqui”.

Ninguém sabe exatamente o que é arte. A mim, arte remete à caverna, sangue, angústia, destino, transcendência. É apenas uma intuição, uma conjectura. Não tenho certeza. Nunca terei.

Mas isso não tem a menor importância. Pois a vida não é feita de certezas, mas de caminhadas.

Eleonora Marino Duarte disse...

pensador,


é linda esta canção do lorca!

se eu ler a "canção tonta" mil vezes, mil vezes vou sorrir no fim...

quando os filhos passaram a existir no colégio, na rua, com os amiguinhos, ... ,

que vontade de bordá-los em uma almofada..

você nos oferece grandes delicadezas.

grande abraço!

Jefferson Bessa disse...

Sempre que tento
Escrever dia
Chega
A noite

Sempre um verso
Já é
outro
Quando relido

Diversas chuvas
Dentre paredes
Ouvi
Sem chuva

Pelas distâncias
Tudo diz
Vagarosamente

É que deixo
Um atraso ficar
Para o que passa.
(Jefferson Bessa)

Um abraço.

nydia bonetti disse...

Gosto demais destes "poeminhas" de Lorca, como o Lagarto está Chorando, que também é lindo. Abraços.

Angela disse...

Que gracinha!

Leonardo Davino disse...

Ontem, 07/10, foi lançado aqui no Rio o livro "Federico Garcia Lorca: Pequeno poema infinito". Excelente registro da peça teatral homônima de José Mauro Brant.