12.10.09

José Emilio Pacheco: "Alta traición"




Alta traición

No amo mi patria.
Su fulgor abstracto
          es inasible.
Pero (aunque suene mal)
          daría la vida
por diez lugares suyos,
          cierta gente,
puertos, bosques de pinos,
          fortalezas,
una ciudad deshecha,
          gris, monstruosa,
varias figuras de su historia,
          montañas
-- y tres o cuatro ríos.



Alta traição

Não amo minha pátria.
Seu fulgor abstrato
          é intangível.
Porém (embora soe mal)
          daria a vida
por dez lugares seus,
          certa gente,
portos, bosques de pinhos,
          fortalezas,
uma cidade desfeita,
          gris, mostruosa,
várias figuras de sua história,
          montanhas
-- e três ou quatro rios.



PACHECO, José Emilio. Islas a la deriva. México: Siglo Veintiuno Editores, 1076.

6 comentários:

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,


Uau! Que lindo! Que imagens! Tenso!



Grande abraço,
Adriano Nunes.

Domingos da Mota disse...

Antonio Cícero,

que belo poema de amor (não ao abstracto, mas ao concreto das pessoas e das coisas).

Jefferson Bessa disse...

Que bonito!!! Quando a traição se eleva ao que vale a pena realmente!

Valeu pelo poema!
Um abraço.

Robson Ribeiro disse...

Gostei, Cicero.

Obrigado.

paulinho (paulo sabino) disse...

ZENZAZIONAL (rs)!!

que maravilha!

me lembrou um outro, um do vinicius, que não vou me recordar agora, no qual ele afirma que se perguntarem o que é a sua pátria, quem é a sua pátria, ele diz não saber. justamente por causa dessa textura abstrata que é este "amor pelo berço", pelo lugar onde tudo começou.

ADOREI!!

beijú!!

Fernando Campanella disse...

Bom dia, Cícero, muito lindo este poema do José Emílio Pacheco. Pátria é a melhor memória, é identificação. Grande abraço.