30.9.09
William Carlos Williams: "This is just to say" / "Isto é só para dizer"
Isto é só para dizer
Eu comi
as ameixas
que estavam
na geladeira
as quais
você decerto
guardara
para o desjejum
Desculpe-me
estavam deliciosas
tão doces
e tão frias
This is just to say
I have eaten
the plums
that were in
the icebox
and which
you were probably
saving
for breakfast
Forgive me
they were delicious
so sweet
and so cold
WILLIAMS, William Carlos. The collected poems of, v.1. New York: A New Directions Book, 1986.
Labels:
Poema,
William Carlos Williams
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11 comentários:
Esta poema de Williams é incrível, uma referência mundial. De quem é a tradução?
A tradução é minha.
Cícero,
maravilhoso poema do mundano!
confesso que nunca tinha lido nada de WCW e, por causa deste post, fui procurar outros poemas: encontrei vários e traduzi um. "Complete destruction" é aparentemente tão mundano como "This is just to say", mas onde o segundo é "brisk" o primeiro é "freezable" e não sei se a minha versão lhe faz justiça.
como não tenho uma versão impressa do poema e internet nem sempre é de fiar, se puderes confirma que a versão original é esta - se não for, por favor ignora este post.
abraço e obrigada,
Filipa.
COMPLETE DESTRUCTION
William Carlos Williams
It was an icy day.
We buried the cat,
then took her box
and set fire to it
in the back yard.
Those fleas that escaped
earth and fire
died by the cold.
COMPLETA DESTRUIÇÂO
William Carlos Williams
Foi um dia gelado.
Enterrámos a gata,
depois pegámos na sua caixa
e fizemo-la arder
no quintal.
As pulgas que escaparam
à terra e ao fogo
morreram de frio.
Belíssima tradução.
Filipa,
é isso mesmo. Também adoro esse poema. Você já leu os outros dois poemas dele que postei aqui no blog? Estão em: http://antoniocicero.blogspot.com/2009/01/william-carlos-williams-red-wheel.html
e:
http://antoniocicero.blogspot.com/2008/01/william-carlos-williams-act.html
Beijo
cicero,
li um deles, sim, sobre as coisas que dependem de um carrinho de mão vermelho. só não lembrava que era do poeta em questão (justamente por não o conhecer). esse poema, "the red wheel barrow", é lindíssimo!
o que não lera também é linnnndo, sobre as rosas à chuva.
william carlos williams já foi devidamente anotado. sairei à sua procura (rs).
beijo enorme, meu farol poético!
Cicero,
de facto, falhou-me a memória (é da idade..): assim que comecei a ler o "carrinho de mão vermelho", lembrei-me do poema - é claro que já o tinha lido... precisamente aqui!
WCW entrou na lista dos "livros a adquirir".
abraço,
F.
Dobrada à Moda do Porto
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Álvaro de Campos
Vi um novo hall de entrada
Tinha quadros de formas arredondadas.
Uma poltrona confortável
Tão confortável quanto pode ser,
Uma poltrona de hall de entrada.
Acho que você deveria ter traduzido ¨breakfast¨ por ¨café-da-manh㨠porque ¨desjejum¨ destoa muito da ideia de se escrever um poema-bilhete.Em português, é um termo muito formal.
Alguém pode me explicar este poema? É para um seminário escolar e eu ainda não entendi o que há além deste texto, ou seja, nas entrelinhas.
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