11.5.07

Hölderlin: Sócrates e Alcibíades

SÓCRATES E ALCIBÍADES

“Por que honras, sagrado Sócrates,
“Sempre esse jovem? Não conheces nada maior?
“Por que o fitam com amor,
“como aos deuses, os teus olhos?”

Aquele que pensou o mais fundo ama o mais [vivaz,
Aquele que encarou o mundo entende a [juventude altiva
E enfim frequentemente os sábios
curvam-se aos belos.




SOKRATES UND ALCIBIADES

“Warum huldigest du, heiliger Sokrates,
„Diesem Jünglige stets? kennest du Größeres [nicht?
„Warum siehet mit Liebe,
„Wie auf Götter, dein Aug’ auf ihn?“

Wer das Tiefeste gedacht, liebt das Lebendigste,
Höhe Jugend versteht, wer in die Welt geblickt
Und es neigen die Weisen
Oft am Ende zu Schönem sich.


Hölderlin, F. Sokrates und Alcibiades. Sämtliche Werke und Briefe. Vol 1. München: Karl Hanser, 1970, p.227.

A tradução é minha. A.C.

7 comentários:

Paulinho Assunção disse...

Desarmar o tempo e a idade para o que vem na manhã, na aurora, na alvorada, no amanhecer. Este poema, acho eu, bem mostra o quanto o desarme (cá estou eu inventando uma lexia, um léxico para o ato de desarmar)faz bem. Os que ultrapassaram os 55 sabem (ou talvez não)o quanto isso faz bem. A meu ver, aí também está o Sol de Hölderlin: "e em nós o espírito se acenda e a vida". Sim, embora o desarme do tempo seja um sol cegante (o novo, a aurora, o amanhecer, esse novo que vem com o dia traz igualmente o raio que cega), eis que faz bem a primeira água do dia, com mãos desarmadas.

A tradução é sua, Cícero?

Antonio Cicero disse...

Sim, Paulinho, a tradução é minha. Esqueci de me dar o crédito. Vou fazer isso agora. É uma tradução literal.

Abraço,
Antonio Cicero

Anônimo disse...

Só semana passada fui saber que você blogava, e já o li quase todo.

Parabéns pelo blog, está excelente.

Anônimo disse...

Encontrei sua página ao acaso, buscava teu artigo da Folha, que repasso a amigos que não têm acesso ao UOL.
Muito bom e gostoso teu blog.
Uma delícia ler teus poemas e os textos escolhidos por vc.
Tks.
Um abraço,
Laura

Jean Cristtus Portela disse...

Bela escolha, A. C., bela tradução também. Esse texto me fez lembrar de uma estrofe de um outro poema de Hölderlin: "Mais l'esprit de cet adolescent,/ L'éclair, ne va-t-il pas briser/ Le vase où il devrait être tenu?". ("BUONAPARTE", in: Hymnes, élégies et autres poèmes. Trad. Armel Guerne. Paris: Flammarion, 1983.)

Um abraço!

Antonio Cicero disse...

Caro j.c.p.,
o poema que você cita também foi traduzido e comentado por mim no meu ensaio sobre Hölderlin "O destino do homem", in Poetas que pensaram o mundo, org. p. Adauto Novaes (São Paulo: Companhia das Letras, 2005. Vou publicá-lo no blog.
Abraço,
Antonio Cicero

Claudia Drucker disse...

Caro Antônio Cícero:
Acho que cheguei alguns anos atrasada, já que a sua tradução foi postada em 2007 e estamos agora em 2012.
Parabéns pela tradução. Contudo, "sich neigen", no último verso, significa "inclinar-se". Assim a Neigung kantiana é traduzida por "inclinação". A inclinação na direção de algo externo é o oposto da autonomia moral. Não digo que Hölderlin tenha Kant tão diretamente em vista, mas decerto o poema fala da beleza como algo a que não se pode ficar indiferente. "Curvar-se", porém, além de corresponder a outro verbo (sich bücken,beugen), tem outro sentido. Sócrates presta sua homenagem à beleza, mas não está tão de cabeça virada assim!
Abraço,
Claudia