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A imperfeição é o ápice
Ocorria ser preciso destruir e destruir e destruir
Ocorria só haver salvação a esse preço
Arruinar a face nua a surgir do mármore,
Martelar toda forma toda beleza.
Amar a perfeição por ser o limiar,
Mas negá-la assim que conhecida, esquecê-la morta,
A imperfeição é o ápice.
L’imperfection est la cime
Il y avait qu'il fallait détruire et détruire et détruire,
Il y avait que le salut n'est qu'à ce prix.
Ruiner la face nue qui monte dans le marbre,
Marteler toute forme toute beauté.
Aimer la perfection parce qu'elle est le seuil,
Mais la nier sitôt connue, l'oublier morte,
L'imperfection est la cime.
De: BONNEFOY, Yves. "Hier regnant désert". Du mouvement et de l'immobilité de Douve suivi de Hier régnant désert. Paris: Gallimard, 1970.
5.5.09
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11 comentários:
para que tanta poesia?
meu pensamento indaga
com sua mania cartesiana
questionando tudo
criticando tudo
enquanto meu coração
repleto de linguagem
não pergunta nada
e dá-se inteiro
(sagração ou heresia)
ao exercício elevatório
da linguagem poesia
belezas
tudo que eu tenho são belezas
belezas que o homem cria
belezas cria a natureza
enfim
o amor
é a beleza
em mim
nada vai ter fim
A imperfeição é preciso, pois ela é o sensível.A perfeição é um fruto ingerido, apenas. A imperfeição é o fruto saboreado. A perfeição é fria, pronta,objetiva, inumana.A humanidade é alcançada num movimento pós-perfeito e não pré-perfeito.É a salvação.O perfeito é insuportável.
Preciosa poesia. Posso reproduzir o poema com uma chamada para o seu blogue?
Paulo,
pode sim.
Abraço
o tosco é o sumo,
soma do que sobra,
caco sem prumo,
pau pra toda obra.
o tosco é o quase
mais que perfeito,
que do poeta vaza
como seu melhor defeito.
Bonito e gelado. Abraço daqui! (frio)
Cicero,
Como se pronuncia o nome do autor desta obra-prima?
Bonfoá (pronunciando o ene)
incessante cruzamento
entre a perfeição
e a imperfeição.
Um abraço.
Jefferson
Cicero,
Meu novo soneto...maio, mães, meu mês também... rsrsrs..quase no final.
"SONETO MATERNO"
Concebeste-me em esperanças.
Convenceste-me dessa vinda
À vida, que adianta ainda
Ver, à luz do verso, o que lanças
Com tua voz, ao que em nós dois
Desfeito foi no fim do parto,
O que com ninguém mais reparto,
O vínculo visto depois,
Transformando-se em amizade,
Amor único, verdadeiro,
Que nos envolve e nos invade,
Prendendo-nos num cativeiro
De puro afeto, felicidade
Infalível, laço caseiro.
Abraço fraterno,
Adriano Nunes.
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