Alice aprendeu bem. Con-centrado, o poema respira a si mesmo. Isso é zen. Um lago, um oceano. Mas, veja: ainda é um haikai ocidental. Alice não virou montanha. Precisa esquecer o que dizer sobre o mundo e respirar o zen com as palavras. Quando escrevia haikais, nunca consegui esquecer o mundo. Essa ocidentalização pode ser uma forma útil de resgate. Não sei.
Tenho por regra publicar todos os comentários, exceto:
1) Os que possam ser considerados ilegais ou que violem as cláusulas do contrato com a Blogspot, expondo o blog a ser fechado;
2) Os que sejam inteiramente irrelevantes ao texto em questão;
3) Os que, não passando de insultos ou deboche, sejam inteiramente destituídos de argumentos;
4) Os que possam ser considerados ofensivos a pessoas que eu admire, entre as quais os autores dos textos que, não sendo de minha autoria, tenham sido aqui postados por mim.
8 comentários:
Amado Cicero,
Desorientou-me e fez-me lembrar de um poema do Arnaldo Antunes:
"Para Lá"
Arnaldo Antunes
Se toda escada esconde
Uma rampa
Ampara o horizonte
Uma ponte
Para o oriente
Um olhar
Distante
Em volta de um assunto
Uma lente
Depois de cada luz
Um poente
Para cada ponto
Um olhar
Rente
E a montanha insiste em ficar lá
Parada
A montanha insiste em ficar lá
Para lá
Parada
Parada
Diante do infinito
Um mosquito
Em torno de um contorno
Gigante
Cada eco leva
Uma voz
Adiante
Decanta em cada canto
Um instante
De dentro do segundo
Seguinte
Que só por um momento
Será
Antes
E a montanha insiste em ficar lá
Parada
A montanha insiste em ficar lá
Para lá
Parada
Parada
Beijo imenso!
Adriano Nunes.
Cícero,
Esse hai-kai ficou incrível; a gente viaja com essas seis palavrinhas.
Abraço,
JR.
PARA VOCÊ,
"UM POEMA"
Que alegria
É viver
Livre! Apenas,
Eu queria
Ver nascer
Um poema,
Ter nas mãos
Papel, lápis,
Esse sonho
E parir
Tudo, não
Ser em Vão!
Beijo imenso,
Adriano Nunes.
a poesia
ao sol
entoa sal
e tempestade
lavra
engenho
palavra
Fera Alice Ruiz... Pena do poema e do mosquito. Abração!
Antonio,
Gostei muito desse pequeno poema. Obrigado por partilhá-lo.
grande abraço,
Lucas
esse hai-kai da raiz da ruiz, você bem o sabe, é um dos meus prediletos.
impressionante como a poeta consegue concentrar tanto em tão poucas linhas... é, rapaz, a sabedoria dos hai-kais...
maravilha!
beijo, meu poeta porreta!
Alice aprendeu bem. Con-centrado, o poema respira a si mesmo. Isso é zen. Um lago, um oceano. Mas, veja: ainda é um haikai ocidental. Alice não virou montanha. Precisa esquecer o que dizer sobre o mundo e respirar o zen com as palavras.
Quando escrevia haikais, nunca consegui esquecer o mundo. Essa ocidentalização pode ser uma forma útil de resgate. Não sei.
Postar um comentário