29.10.07

Hölderlin: Outrora e agora 2

O mesmo poema de Hölderlin, com uma pequena alteração na sua tradução, sugerida pelo Paulo de Toledo:

Outrora e agora

De manhã era feliz, quando jovem,
E à noite chorava; já hoje, mais velho,
Começo meu dia em dúvida, porém
Seu fim é para mim sagrado e sereno.

14 comentários:

Anônimo disse...

pois é, meu querido poeta,

nada como a maturidade para assentar ansiedades e medos surgidos ao findar do dia, quando somos jovens.

vivendo, a gente aprende que as dúvidas são inevitáveis e que muitas delas não são desatadas com o passar do tempo. e aprende também que a não resolução de parte das dúvidas e a vinda de tantas outras não significa falta de maturidade, de vivências; pelo contrário. a gente percebe que é bom não ter certeza de tudo, que deve haver, sempre, espaço para as dúvidas e irresoluções. já dizia o mano caetano: "você precisa saber o que eu sei/e o que eu NÃO SEI MAIS".

ou seja, você precisa saber que não sei mais um monte de coisas que julguei saber um dia. você precisa saber que amadureci, precisa saber que não ter certezas, e até desmontá-las em alguns casos, denota sinal de sabedoria. quando isso é apreendido, e apreendido com a matureza, com o passar do tempo, a gente suaviza, acalma, fica tudo melhor (rs), e o dia finda sereno e sagrado.

é isso, boniteza.
beijo gostoso,
carinho abissal
e desejos de sucesso certo, sem dúvidas (rs)!

Anônimo disse...

Antigamente e agora

Nos meus dias de jovem, de manhã eu era feliz,
De noite, chorava; agora, como estou mais velho,
Começo meu dia na incerteza, porém
Sagrado e alegre me é o seu fim.

Arthur Nogueira disse...

Mais um ótimo poema, Cicero.
Também tenho meu altar no escuro e, como Vinícius, de noite é que ardo.
No resto, apenas escureço, tardo e anoiteço.
Espero que tenha gostado do vídeo que mandei.
Um grande beijo.

Lucas Nicolato disse...

A inversão no verso inicial ficou realmente melhor. Gosto das suas traduções. E esse poema, em sua edição bilíngüe, é uma bela forma de praticar meu (pouco) alemão.

um abraço,
Lucas

Paulinho Assunção disse...

Caro Antonio Cícero:

Sem pretensões, fiz aqui uma outra variação do poema, apenas como um exercício-jogo de possibilidades, já que tanto a sua tradução quanto a alternativa proposta pelo Paulo Toledo são excelentes.

"Era feliz de manhã enquanto jovem
E à noite chorava; agora, mais velho,
Em dúvida começo meu dia, seu fim
porém é para mim sereno e sagrado."

Abraços do
Paulinho Assunção

léo disse...

quando jovem, bravata e força física
ocultavam a fraqueza em mim
agora, após os anos,
já sem medos, cheio de vida,
assisto ao baile da decrepitude
montado sobre um corpo
aonde não me reconheço
e de onde pulsa
ávida por novas chances
a juventude

Antonio Cicero disse...

Sinceramente, gosto de todas as traduções apresentadas aqui: a minha, a do Paulo de Toledo, a do Edson Gil (que é a mais literal)e a do Paulinho. O que isso mostra é que o original é muito bom.
Antonio Cicero

Anônimo disse...

A MORTE DE HÖLDERLIN

quando de vez surgiu a negra manhã
egressa da boêmia noite virgem
o vate contemplava um amanhã
o eterno perecer de uma viagem
triste manhã outonal e temporã
vestida de solébano visagem
nela ornava-se a morte com o afã
de o velho bardo amar sua tezimagem
à dança convidava-o a velha sorte
dele queria o seu beijo nobre e forte
mas o poeta não queria
dar pernas com a meretriz
que o aguardava

como quem está frente a frente
ao pó e que não mais aspira à vida
eterna

Escrito por WILSON LUQUES às 13h38

Anônimo disse...

Saturday, November 11, 2006

Abaixo, duas livres traduções de Rilke perpetradas ontem num átimo em meu quarto antes de dormir. Procurei fazê-lo, com o meu pouco alemão, e com o único livro que retirei da biblioteca da escola - Rilke - Cia das Letras - com a belíssima tradução de José Paulo Paes e mais belíssima ainda introdução - que na minha opinião faz de José Paulo Paes um grande poeta - por que li sim Odes Mínimas e um grande crítico. Haja vista Kaváfis e o próprio Rainer Maria Rilke. É menos uma tradução do que uma traição, posto que elaborado num calor, zéfiro de vontade, para o encetamento mesmo e o consequente comprometimento. É uma coisa como disse abaixo mais metaforizada, deixando por hora a forma. Mas em outros tentarei uma ourivesaria. Vou tentar.

´Du bist der Erbe

Söhne sind die Erben

denn Vater sterben

Söhne stehn und blühn

Du bist der Erbe´

Traição por Wilson Luques Costa


Implicação Material - Recurso na tradução à lógica.

´Tu és o herdeiro

Filhos são os herdeiros

Pai então dinheiro

Filhos aparecem e brotam

Tu és o herdeiro´


´Ich lebe mein Leben in wachsenden Ringen

die sich über die Dinge ziehn.

Ich werde den letzten vielleicht nicht vollbringen,

aber versuchen will ich ihn.

Ich kreise um Gott, um den uralten Turm,

und ich kreise jahrtausendelang;

und ich weiss noch nicht: bin ich ein Falke, ein Sturm oder ein grosser Gesang.


Traição por Wilson Luques Costa


´Eu vivo a minha vida
em círculos intermináveis
coisas em si entrelaçáveis

Talvez o último eu
totalmente não atingirei
mas o vislumbrarei

Sou o que junto a Deus corre
E transcorro milênios infindos
E ainda não sei

Sou um falcão

Uma torre
Ou um grande sustenido.´

Anônimo disse...

Errata

1 - Ora
2- elaborada
3- conseqüente

E o meu muito obrigado por essa verdadeira ágora paidéica...

Anônimo disse...

NO JOVEM DIA EU ERA A MANHÃ

FLORIDA

NA NOITE

EU ESTERTORAVA

AGORA

VELHO

AMANHEÇO NA DÚVIDA

PORÉM

MEU FIM SAGRADO SEI

POIS SER SERENO.`

Jean Cristtus Portela disse...

Grande A. C., grande Paulo! Bela parceria... Abraços

Anônimo disse...

esse sim, é uma tarde que cai. literalmente.
(ando obsessivo com as tardes...)

Anônimo disse...

sagrado e sereno e inevitável