18.10.07

Oswald de Andrade: Relógio

Relógio

As coisas são
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas
Vão e vêm
Não em vão
As horas
Vão e vêm
Não em vão

7 comentários:

Anônimo disse...

sim,

as coisas vêm e as coisas vão, as coisas vão e as coisas vêm; não em vão.

(as coisas têm: peso, massa, volume, tamanho, tempo, forma, cor, posição, textura, duração, densidade, cheiro, valor, consistência, profundidade, contorno, temperatura, função, aparência, preço, destino, idade, sentido.

as coisas não têm: paz.)

o poema "relógio" me pareceu um lindo "exercício lúdico", como escreveu drummond a respeito de algumas das suas poesias. a utilização de palavras com sonoridade e letras consemelhantes sugere o tal exercício, um brincar poético.

beijoca, criatura linda com saberes que me interessam!

léo disse...

Muito do concretismo está aí, só que com mais ritmo, uma vez que os modernistas, ao abolirem a rima e as cesuras obrigatórias, a métrica e tudo o mais, tiveram que manter o ritmo como sustentáculo do poema. Porrêta, Cícero. A idéia pendular do relógio, uma espécie de onomatopéia imagética...está tudo aí.

Anônimo disse...

Belíssimo poema. Agrada-me aqueles que conseguem ser assim curtos e com poucas palavras em cada verso, sonoros e ainda dizerem tanto.

Anônimo disse...

ritmo espacial e icônico.
é legal compará-lo com o "com som / sem som" do augusto, p. ex.
abração

Caetano disse...

as coisas não existem.

Carol Ornellas disse...

O primeiro verso é "As coisas são"

Unknown disse...

olhar o tempo passar mais os ponteiros vem é vão assim vai passando tudo que vemos sentimos é fazemos,só que vai mudando quando vem os ponteiros é dar outro sentido ao que já se fez a fazer dinovo só que melhor fique da outra vez.por isso não é em vão eles ir é voltar.😍