9.1.19
Alphonsus de Guimaraens Filho: "Soneto dos quarenta anos"
Soneto dos quarenta anos
Não me ficou da vida mágoa alguma
de que possa lembrar aos quarenta anos
senão esses cansados desenganos
que o mar que trouxe leva como espuma.
Foram-se os anos, mas que são os anos?
Chama que em sombra esfaz-se, apenas bruma.
As horas que eu vivi, de uma em uma,
deixaram sonhos e deixaram danos.
Muita morte passou n'alma ferida:
meu pai e meus irmãos, mortos amados.
Mas pela minha vida passou vida,
passou amor também, passou carinho.
E pelos dias claros ou magoados
não fui feliz e nem sofri sozinho.
GUIMARÃES FILHO, Alphonsus de. "Soneto dos quarenta anos". In: Suplemento Literário de Minas Gerais. Belo Horizonte, Maio de 2018.
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Poema
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2 comentários:
excelente
Um soneto raro, não há muitos a apontar o que caracteriza a vida humana: em quase tudo é de companhia.
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