29.1.19

William Shakespeare: "Sonnet 18" / "Soneto 18": trad. de Geraldo Carneiro



Soneto 18

Te comparar com um dia de verão?
Tu és mais temperada e adorável.
Vento balança em maio a flor-botão
E o império do verão não é durável.
O sol às vezes brilha com rigor,
Ou sua tez dourada é mais escura;
Toda beleza enfim perde o esplendor,
Por acaso ou descaso da Natura;
Mas teu verão nunca se apagará,
Perdendo a posse da beleza tua,
Nem a morte rirá por te ofuscar,
Se em versos imortais te perpetuas.
    Enquanto alguém respire e veja e viva,
    Viva este poema, e nele sobrevivas.





Sonnet 18

Shall I compare thee to a summer’s day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer’s lease hath all too short a date:
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimmed,
And every fair from fair sometime declines,
By chance, or nature’s changing course untrimmed:
But thy eternal summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow’st,
Nor shall death brag thou wand’rest in his shade,
When in eternal lines to time thou grow’st,
    So long as men can breathe or eyes can see,
    So long lives this, and this gives life to thee.







SHAKESPEARE, William. "Sonnet 18" / "Soneto 18". In:_____. O discurso do amor rasgado. Poemas, cenas e fragmentos de William Shakespeare. Trad. de Geraldo Carneiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.

Um comentário:

bea disse...

Penso por vezes nessa forma de vida que é morar num ou em vários poemas e ali ser vivo e sofrer interpretações. Julgo que é também assim que vive a mãe de Eugénio de Andrade, uma camponesa simples ainda respirando e de boa saúde em tanta poesia. Nunca ela o terá imaginado.