O tempo
Ó insondável Mar! marulho de anos,
Tempo em cujos pelágios fundas mágoas
Salmouram só do pranto dos humanos!
Maré sem margens, sob as vossas águas
Podeis os fins do ser mortal tocar
E, nauseado, a uivar, pedindo mais,
Em suas margens vis os restos vomitais;
Pérfido na bonança, atroz na fúria,
Quem vai vos desbravar,
Ó insondável Mar?
Time
Unfathomable Sea! whose waves are years,
Ocean of Time, whose waters of deep woe
Are brackish with the salt of human tears!
Thou shoreless flood, which in thy ebb and flow
Claspest the limits of mortality!
And sick of prey, yet howling on for more,
Vomitest thy wrecks on its inhospitable shore;
Treacherous in calm, and terrible in storm,
Who shall put forth on thee,
Unfathomable Sea?
SHELLEY, Percy B. “Time” / “O tempo”. In:_____. Prometeu desacorrentado e outros poemas. Trad. por Adriano Scandolara. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
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