Refrão secreto
Aqui,
a carne aberta
aos relâmpagos
(ante as estalagens
de edificações do ser).
Palavras que cicatrizam
granito; palavras
que viralizam o tempo
que se alcova
com os larápios.
Há que se varrer
a memória a serrote;
há que se brotar
com as enchentes.
Tudo é o mesmo
estar-se
em sonho
e substância:
nos córregos que atravessam
as uvas; no desejo
esticado ao deserto.
Se eu pudesse inserir
a galáxia em meu peito,
seria só o refrão
de um coração
que late —;
entre paixões ferinas
e revólveres de chocolate.
MARANHÃO, Salgado. "Refrão secreto". In:_____. A sagração dos lobos. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2017.
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