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A imperfeição é o cimo
Ocorria que era preciso destruir e destruir e destruir,
Ocorria que só há salvação a esse preço.
Arruinar a face nua que se alça no mármore,
Martelar toda forma, toda beleza.
Amar a perfeição porque ela é o limiar,
Mas negá-la assim que conhecida, esquecê-la morta,
A imperfeição é o cimo.
L’imperfection est la cime
Il y avait qu'il fallait détruire et détruire et détruire,
Il y avait que le salut n'est qu'à ce prix.
Ruiner la face nue qui monte dans le marbre,
Marteler toute forme de beauté.
Aimer la perfection parce qu'elle est le seuil,
Mais la nier sitôt connue, l'oublier morte,
L'imperfection est la cime.
De: BONNEFOY, Yves. "Hier régnant désert". In: Du mouvement et de l'immobilité de Douve. Paris: Gallimard, 1970.
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9 comentários:
que maravilha, cicero!
é a justa medida: porque a perfeição está no campo do ideal, ou seja, no campo da idéia, fora do que aqui, fora do que se faz alcançável, fora do que podemos, e podemos a imperfeição. mas é essa a grande chave, o grande barato: burilar, lapidar, esculpir, tudo destruir se assim tiver de ser, recomeçar, cuidar da poesia como duma cria, fazer o melhor. eis aqui, no melhor que se faça, a grande imperfeita perfeição.
poema-pérola, jóia!
beijo grande, moço bonito!
deixe-me aproveitar para agradecer o comentrário do adriano nunes, num outro post aqui do site, sobre o meu 'regresso' a este sítio (rs).
adriano, você é uma gracinha, valeu pelo carinho! muito bom contar com a sua energia, também muito positiva!
e eu espero que você não nos deixe, nunca!, sem os seus poemas, sempre tão ricos, tão bacanas!
beijo nocê e no dono do pedaço!
Olá Antônio Cícero! Só pra dizer que estou aqui acompanhando como tenho acompanhado e muito grato pelos textos, especialmente as traduções, que eu adoro estudar. Sua seleção de poemas sempre me atinge. Muito grato, um feliz 2009 pra ti, hermano!
Pedrinho Lobato
Profundo, como uma montanha mergulhada num rio.
Rasgando o mito.
Amei.
Cicero,
Gostaria de agradecer ao Paulinho pelas delicadas e doces palavras! Saiba, meu caro amigo, que gosto muito de você mesmo sem conhecê-lo... ai ai ai esse ACONTECIMENTOS!
Não vou sumir não daqui porque me sinto em casa... onde eu poderia tentar encontrar-me senão aqui?
Sobre o poema: tem uma densidade que assombra... lindo!
Abraços,
Adriano Nunes
Cicero,
Boa noite!
"À FLOR DO ÂMAGO"
Entrego-me a ti, sem medo,
Mesmo quando não me atiro,
De imediato, a teus braços.
Mesmo quando não me atrevo
Distraio-me, preso, sempre
Às tuas tardes: Matar
Ou morrer por amor? Disso,
Nada adianta pra nós
Dois. Será que só não somos
Apenas tédios e transas
Poéticas? Armadilhas
Armadas, por nossas almas,
Nessa trilha de detritos?
Despimo-nos dos desejos
E não nos ajoelhamos
Diante dos vis olhares.
Ficamos a sós e nus
E observamos nossas vidas
Sangrarem e, com suas graças,
Saudarem o nosso sexo.
Abraço fote!
Adriano Nunes.
É preciso destruir o propósito de todas as pontes,
Vestir de alheamento as paisagens de todas as terras,
Endireitar à força a curva dos horizontes,
E gemer por ter de viver, como um ruído brusco de serras...
Pessoa, Fernando: Trecho de "Hora Absurda". Cancioneiro - Obra Poética V, p.46. Porto Alegre, RS: L&PM, 2007.
Abraço,
Carlos Eduardo
Antonio,
Meu mais novo poema. Beijo imenso! ah!...o poema é muito belo e profundo.
***AS MINHAS MANHÃS***
Eu faço poemas,
Todas as manhãs.
Dessa vida vã,
Eu não fujo apenas.
Do meu coração,
Brotam lendas - chamas
Do que lembro - mas
Só máscaras são.
As raras auroras
Das minhas rasuras
Apagam-se agora.
As mágoas mais duras
Reduzem-se, fora
Do foco, a loucuras.
Cecile.
Poema de ideais e de amazônias, me parece. Texto bem construído - e, diga-se de passagem, bem traduzido.
- Henrique Pimenta
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