Franz Kafka
Prometeu
Sobre Prometeu contam-se quatro lendas: De acordo com a primeira ele foi acorrentado ao Cáucaso por ter traído aos seres humanos os segredos dos deuses, e os deuses enviavam águias para devorar pedaços do seu fígado, que sempre se recompunha.
De acordo com a segunda, Prometeu, ante os bicos dilacerantes, afundou-se cada vez mais na rocha, até tornar-se uma coisa só com ela.
De acordo com a terceira, sua traição foi esquecida no curso dos milênios, os deuses esqueceram, a águia, ele mesmo.
De acordo com a quarta, ficou cansativo o acontecimento irrelevante. Os deuses se cansaram, as águias se cansaram, a ferida cansada se fechou.
Permanece a rocha inexplicável. – A lenda tenta explicar o inexplicável. Como ela vem de um fundo de verdade, de novo tem que terminar no inexplicável.
(Tradução minha. A.C.)
Prometheus
Von Prometheus berichten vier Sagen: Nach der ersten wurde er, weil die Götter an die Menschen verraten hatte, am Kaukasus festgeschmiedet, und die Götter schickten Adler, die von seiner immer wachsenden Leber frassen.
Nach der Zweiten drückte sich Prometheus im Schmerz, vor den zuhackenden Schnäbeln immer tiefer in den Felsen, bis er mit ihm eins wurde.
Nach der dritten wurde in der Jahrtausenden sein Verrat vergessen, die Götter vergassen, die Adler, er selbst.
Nach der vierten wurde man des grundlos Gewordenen müde. Die Götter wurden müde, die Adler wurden müde, die Wunde schloss sich müde.
Blieb das unerklärliche Felsgebirge. -- Die Sage versucht das Unerklärliche zu erlären. Da sie aus einem Wahrheitsgrund kommt, muss sie wieder im Unerklärlichen enden.
De: KAFKA, F. "Prometheus". In: BROD, M. (Org.). _____. Hochzeitsvorbereitungen auf dem Lande und andere Prosa aus dem Nachlaß. Frankfurt: Fischer, 2000. p.74.
6.1.08
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8 comentários:
Jogo com a verdade para te iludir.
A verdade não importa.
As fantasias são bem mais interessantes.
Contos de fadas são repletos de sabedoria.
Não existem grandes verdades sobre a vida
Algumas verdades sobre mim, talvez existam.
Elas servem, no entanto, apenas para te iludir.
Bonita tradução, Cicero.
Abraço,
Carlos Eduardo
Obrigado, Carlos Eduardo.
Abraço,
ACicero
Obrigado, Cicero. Por coisas como esse Kafka, vale muito a pena o seu blogue.
Obrigado eu a você, Paulo. Seja bem vindo.
Abraço,
Bom descobrir este lugar, propiciador de reflexões e vôos!
Abraços azuis.
Abraços azuis para você também.
E beijos vermelhos.
ACicero
Oi, Antônio, na verdade os mitos e lendas só existem pra explicar o inexplicável. Quando a razão não dá mais conta, a gente faz de conta. Bela tradução. Beijo, Lena.
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