Faleceu ontem o grande poeta português Pedro Tamen. Eu já admirava muito sua poesia quando o conheci, em 2006, na ocasião em que ambos, a convite do Centro Nacional de Cultura de Portugal, participamos de uma missão de poetas lusófonos a Macau. Desde então ficamos amigos, e lamento profundamente a sua morte.Eis um dos seus belos poemas:
Como se na boca da trompete
coloca-se a surdina sobre a vida
e a memória irrompe qual um vento
imitação de sons de vozes tiros
num escuro que nada mais já pode iluminar
Não há cheiro novo que resseja a planta
verdadeira a genuína cor o prato
a fumegar de uma sápida sopa inexistente
sopra-se na vida todo o ar que o tempo
nos pôs no peito em anos discorridos
e é cor de sombra agora o arco-íris
TAMEN, Pedro. "Como se na boca da trompete". In:_____. Memória indescritível. Lisboa: Gótica, 2000.
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