26.7.21

Manuel Bandeira: "A Antonio Nobre"

 



A Antônio Nobre



Tu que penaste tanto e em cujo canto

Há a ingenuidade santa do menino;

Que amaste os choupos, o dobrar do sino,

E cujo pranto faz correr o pranto:


Com que magoado olhar, magoado espanto

Revejo em teu destino o meu destino!

Essa dor de tossir bebendo o ar fino,

A esmorecer e desejando tanto...


Mas tu dormiste em paz como as crianças.

Sorriu a Glória às tuas esperanças

E beijou-te na boca... O lindo som!


Quem me dará o beijo que cobiço?

Foste conde aos vinte anos... Eu, nem isso...

Eu, não terei a Glória... nem fui bom.




BANDEIRA, Manuel. "A Antônio Nobre". In: _____. "A cinza das horas". In:_____. Estrela da vida inteira -- poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966.


Um comentário:

Unknown disse...

É apenas um poema, mas é tão belo que ecoa como o brilho de uma constelação.