"Ora (direis) ouvir estrelas!"
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.
BILAC, Olavo. "Ora (direis) ouvir estrelas!". In:_____. "Via Láctea". In: RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. Panorama da poesia brasileira, vol.III: Parnasianismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959.
Um comentário:
Sem você
A porta abriu-se
no apartamento ao lado
Uma transeunte
silêncio
Perco-me
Nesses sonetos sem lei
e sem ordem
Não vejo por que me embaraçar
nessa imensidão feita de sol
e de mar
e um imenso espaço aberto
Deserto sem você.
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