23.6.12

António Botto: "Quanto, quanto me queres?"





Quanto, quanto me queres? — perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...

Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...

Não perguntes, não sei — não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.



BOTTO, António. As canções de António Botto. Lisboa: Presença, 1999.

3 comentários:

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,

que poema lindo! Que alegria tive ao lê-lo! Grato por compartilhá-lo!



Abraço forte,
Adriano Nunes

Alcione disse...

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Meu olhar
Sintetizado
No sintetizador
Não quer fazer mais nada
Senão falar desse amor
Palavras, sons,
(O que dizem)
O que dizer
No tom refletido
De cada alvorecer
Pássaro alado
Ao meu lado
Canta este fado
Que não está a cantar
Somente a noite dura
Que só que iluminar
Vossa doce candura.

Jefferson Bessa disse...

António Botto leva, com suas canções, o leitor a qualquer lugar. Gosto muito!
Abraço.