[283] 1-10-1917
O Universo não é uma ideia minha.
A minha ideia do Universo é que é uma ideia minha.
A noite não anoitece pelos meus olhos,
A minha ideia da noite é que anoitece por meus olhos.
Fora de eu pensar e de haver quaisquer pensamentos
A noite anoitece concretamente
E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso.
De: PESSOA, Fernando. “Ficções de interlúdio” (Poemas completos de Alberto Caeiro: ‘Poemas inconjuntos’). In: Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996.
9.7.08
Fernando Pessoa | Alberto Caeiro: de "Poemas inconjuntos"
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5 comentários:
observador,
das pessoas do Fernando o Caeiro é o meu preferido. (uma bobagem o negócio de preferir! porém, eu ainda cometo a bobagem).
há tristeza suficiente em Caeiro para fazer parar um pouco e ficar só, abotoando e desabotoando botões, olhando o teto.
mas há também uma quantidade enorme de observações feitas através dele, que mexem com a certeza de que, na maioria esmagadora das vezes, não se entende nada de nada (macro e micro!). e é assim que se relaxa e aproveita!
um abraço,
valeu, meu poetósofo de primeiríssima!
maravilha, sempre sempre sempre, encontrar o fernando.
afinal, gosto do pessoa na pessoa!
beijo bom!
Lentamente
Aparece a lua
Transparente
Ainda é dia
E só de noite
A lua brilha
E acontece o luar
Pois ela agora está no aconchego
Destes olhos tão meigos
Através do mar.
antonio,
o poema não é uma minha leitura
a minha leitura do poema é que é uma minha leitura
fora de eu ler e de haver qualquer
crítica
o poema tem uma beleza concreta
inescapável como uma lei
da física
abraço,
lucas
VAMPIRO
o espírito anima a carne
mas a carne
todos sabem
dá ao espírito
o que ele não tem
cor, sabor, vontade de viver
o espírito vai ao céu
e eu não sei nada sobre o céu
a carne desce à terra
meu recanto predileto
do universo
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