Sem outro intuito
Atirávamos pedras
à água para o silêncio vir à tona.
O mundo, que os sentidos tonificam,
surgia-nos então todo enterrado
na nossa própria carne, envolto
por vezes em ferozes transparências
que as pedras acirravam
sem outro intuito além do de extraírem
às águas o silêncio que as unia.
NAVA, Luís Miguel. "Sem outro intuito". In:______ Poesia completa1979-1994. Org. por Gastão Cruz. Lisboa: Dom Quixote, 2002.
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