Solilóquio sem fim e rio revolto
Solilóquio sem fim e rio revolto
mas em voz alta, e sempre os lábios duros
ruminando as palavras, e escutando
o que é consciência, lógica ou absurdo.
A memória em vigília alcança o solto
perpassar de episódios, uns futuros
e outros passados, vagos, ondulando
num implacável estribilho surdo.
E tudo num refrão atormentado:
memória, raciocínio, descalabro...
Há também a janela da amplidão;
e depois da janela esse esperado
postigo, esse último portão que eu abro
para a fuga completa da razão.
LIMA, Jorge de. "Solilóquio sem fim e rio revolto". In: Antologia poética. Org. por Paulo Mendes Campos. Rio de Janeiro: Joséo Olympiio, 1978.
Um comentário:
A onda invadiu meu corpo
estava no mar e nem sabia
Tive medo de me afogar
Pedi a iemanjá
E aos outros orixás
Para me salvar
Alto lá
Nós estamos aqui, não percebes...
Não é bóia, não é nóia,
É somente esse acontecer
esse viver e um talvez
Ser escravo do amor e nada mais
Livre para tocar a guitarra.
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