15.8.21

Eugénio de Andrade: "O amor"

 



O amor



Estou a amar-te como o frio

corta os lábios.


A arrancar a raiz

ao mais diminuto dos rios.


A inundar-te de facas,

de saliva esperma lume.


Estou a rodear de agulhas

a boca mais vulnerável.


A marcar sobre os teus flancos

itinerários da espuma.


Assim é o amor: mortal e navegável.








ANDRADE, Eugénio de. "O amor". In: PEDROSA, Inês (org.). Poemas de amor. Antologia de poesia portuguesa. Lisboa: Dom Quixote, 1015. 

2 comentários:

Antonio Cicero disse...

Obrigado, caro Arthur Claro.

Nobile José disse...

on line


do top 3 do zap
a conversa foi ca-
indo, ca-
indo, indo até
sumir no arquivo:

aqueles dois
traços azuis
de um azul vivo

mas para o espanto
em tal aplicativo
olho e vejo um oi, sumido!

será desejo ou mero algo-
ritmo?

respondo: eu? sumido? mas

dessa vez, o traço duplo
sequer se colore

da brasa dormida, vigora o cinza
e o papo morre

segue a vida no corre