O amor aos sessenta
Isto que é o amor (como se o amor não fosse
esperar o relâmpago clarear o degredo):
ir-se por tempo abaixo como grama em colina,
preso a cada torrão de minuto e desejo.
Ser contigo, não sendo como as fases da lua,
como os ciclos de chuva ou a alternância dos ventos,
mas como numa rosa as pétalas fechadas,
como os olhos e as pálpebras ou a sombra dos remos
contra o casco do barco que se vai, sem avanço
e sem pressa de ausência, entre o mito e o beijo.
Ser assim quase eterno como o sonho e a roda
que se fecha no espaço deste sol às estrelas
e amar-te, sabendo que a velhice descobre
a mais bela beleza no teu rosto de jovem.
COSTA E SILVA, Alberto da. "O amor aos sessenta". In: Antonlogia poética da Academia Brasileira de Letras. Brasília: Edições Câmara,, 2020.
Um comentário:
A palavra tem somente
Uma função
Retratar teu coração
Não permite rodeio ou acertos
Tem layout referências correspondências
Faz revisão e exibe
Desenha e insere
Um verso neste universo
Cheio de dúvidas e certezas
O que dizer então do amor
É porventura estar em outro lugar
A cada dia, e já de tarde,
Dizer sim, reinventar, noutro plano
Outro olhar.
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