26.8.21

Alberto da Costa e Silva: "O amor aos sessenta"

 



O amor aos sessenta



Isto que é o amor (como se o amor não fosse

esperar o relâmpago clarear o degredo):

ir-se por tempo abaixo como grama em colina,

preso a cada torrão de minuto e desejo.


Ser contigo, não sendo como as fases da lua,

como os ciclos de chuva ou a alternância dos ventos,

mas como numa rosa as pétalas fechadas,

como os olhos e as pálpebras ou a sombra dos remos


contra o casco do barco que se vai, sem avanço

e sem pressa de ausência, entre o mito e o beijo.

Ser assim quase eterno como o sonho e a roda

que se fecha no espaço deste sol às estrelas


e amar-te, sabendo que a velhice descobre

a mais bela beleza no teu rosto de jovem.





COSTA E SILVA, Alberto da. "O amor aos sessenta". In: Antonlogia poética da Academia Brasileira de Letras. Brasília: Edições Câmara,, 2020.


Um comentário:

Alcione disse...




A palavra tem somente
Uma função
Retratar teu coração
Não permite rodeio ou acertos
Tem layout referências correspondências
Faz revisão e exibe
Desenha e insere
Um verso neste universo
Cheio de dúvidas e certezas
O que dizer então do amor
É porventura estar em outro lugar
A cada dia, e já de tarde,
Dizer sim, reinventar, noutro plano
Outro olhar.