Fanal do colo agônico
O passado e eu conjugamos
uma interrogação triste?
Paro,
a esperar que o tempo intimidado
olhe-me cara a cara
a fim de que renasça pasmado e luminoso.
Fico -- como um ausente sem endereço --
em uma rua escura de um outono febril
a ver ainda pássaros negros
no agônico coração amargo.
Sou -- mirando os meus labirintos em queda --
a cachoeira ruminando horizontes fantasmas
e esquecidos.
Eu e o passado,
triste exclamação conjugada!
SOUSA, Diego Mendes. "Fanal do colo agônico". In:_____. Fanais dos verdes luzeiros. Guaratinguetá, SP: Penalux, 2019.
2 comentários:
Muito bom!
Bom dia,
Gostaria que mandassem esse poema abaixo para o membro Antonio Cicero, apenas com a finalidade de que ele tenha conhecimento. Se quiser, pode publicar.
O passarinho sertanejo
Pense num bicho ingênuo que é o passarinho
Que retirado do conforto do seu ninho
Em seguida segregado da natureza
É enjaulado numa gaioleta
Tão inocente e indefeso é o animal,
Que a sua reação a essa conduta brutal
Cujo norte é tristeza e horizonte são grades
Se faz por um choro musical de saudade
É um canto singelo, porém mui belo
Pois o passarinho,ele é mestre na afinação, nota e compasso
Sem contar a elegância, é claro!
Apesar da crueldade humana,
Gostaria de terminar esses versos com rima de esperança
Queria crer que a humanidade
Na plena posse da razão
Fosse mais atenta à poluição
Desejaria ter certeza que, na preservação da natureza,
A sociedade mostrasse seu talento
E, com eficiência semelhante a de seus robôs,
Corrigisse os erros a tempo...
A tempo de resguardar a terra e o mar
E, na contramão da maldade, isto é,
Na sua inocência,
O passarinho
Fosse tratado sem displicência
Ou seja, como merece: com carinho
E pudesse ele voltar pra o seu grande amor: a natureza
Quem sabe pra o seu sertãozinho
De vida difícil, sol forte e labuta diária
A qual vale demasiadamente mais
Que sua vida na cela com comida, sombra e pena lavada
Porquanto, meu amor,
Isso é questão de direito: liberdade
Mais ainda, sentimento: saudade
Enfim, valor supremo:dignidade
Meu amor,
Mais vale, pois,
Guardar o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos
09 de março de 2017,São Cristóvão - SERGIPE
Poema (inacabado) de Marcos Diniz Santos inspirado na peleja do passarinho preso e nos versos de Antonio Cicero (poema GUARDAR).
e-mail mdiniz.direito@gmail.com
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