É com grande prazer que publico aqui o novíssimo poema de Adriano Nunes:
Cânone mínimo
Volto a Voltaire
E depois parto
Para Pasárgada.
Pouco me importa
Que dê em nada.
Que puis-je faire?
De gole em gole,
Gullar engulo.
De pulo em pulo,
Alcanço os Paulos,
Jorges, Joãos,
Sem queixas, juro.
Cecília, Emily,
Ana, Sophia,
Florbela, Safo,
E mais poetas
Fazem meu dia!
Vale o Vallias.
Rumino os russos.
Já com Drummond
Tranquilo durmo
Um sono grego,
Meio moderno.
Lê-los? tão bom!
Augusto, Arnaldo
E os concretistas:
Lindos seus livros!
Atiro ao Inferno
O Dante mesmo
Mal traduzido.
Melhor Cervantes
Antes que isso
Tudo termine.
E numa boa
Amo Pessoa.
O pensar voa!
O mestre Whitman
Também me instiga.
E quase até
Já Baudelaire
Esqueço a esmo!
Que fatal erro!
Logo me agrego
Mais aos latinos,
De versos finos.
Antonio Cicero
Está comigo
Desde o princípio.
De Goethe, gosto
Muito, e me assanha
Tanto Montaigne -
Fico até tonto!
A lista é longa,
A vida é breve.
Dou-me a sonhos?
Huidobro em dobro.
Tudo é íntimo,
Mundos sem fim.
Sigo seguindo,
Em mim, Secchin...
E só com esses,
E alguns ingleses,
Outros franceses,
Sem interesses,
Em verso, exponho
Cânone mínimo.
Adriano Nunes