A rendeira
Na teia da manhã que se desvela
a rendeira compõe seu labirinto,
movendo sem saber e por instinto
a rede dos instantes numa tela.
Ponto a ponto, paciente,tenta ela
traçar no branco linho mais distinto
a trama de um desenho tão sucinto
como a jornada humana se revela.
Em frente, o mar desfia a eternidade
noutra tela de espuma e esquecimento,
enquanto, entrelaçado, o pensamento
costura sobre o sonho a realidade.
Em que perdida tela mais extrema
foi tecida a rendeira e este poema?
ESPÍNOLA, Adriano. Beira-sol. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997.
Um comentário:
Lia Cecília
Lia Cecília
Enquanto via
A ponte
O cimento
Pedras e pedras
O jardim distante
E nem mesmo diante
Lia Cecília
Enquanto ria
Amável, incomparável
Tantos mares incontáveis
Lia Cecília
Enquanto via
Para adiante
Atrás das fontes
Dos segredos por trás dos medos
Enfrentando a fúria, desvelando
O Imperceptível retrato da amada.
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