23.8.12

Salvatore Quasimodo: "Specchio" / "Espelho": trad. Geraldo Holanda Cavalcanti




Espelho

E eis que do tronco
rompem-se os brotos:
um verde mais novo da relva
que o coração acalma:
o tronco parecia já morto,
vergado no barranco.

E tudo me sabe a milagre;
e eu sou aquela água de nuvens
que hoje reflecte nas poças
mais azul seu pedaço de céu,
aquele verde que se racha da casca
e que tampouco ontem à noite existia.


Specchio

Ed ecco sul tronco
Si rompono gemme:
un verde più nuovo dell’erba
che il cuore riposa:
il tronco pareva già morto,
piegato sul botro.

E tutto mi sa di miracolo;
e sono quell’acqua di nube
che oggi rispecchia nei fossi
più azzurro il suo pezzo di cielo,
quel verde che spacca la scorza
che pure stanotte non c’era.



QUASIMODO, Salvatore. Poesias. Seleção, trad. e notas de Geraldo Holanda Cavalcanti. Rio de Janeiro: Record, 1999.

Um comentário:

Felipe Vasconcelos disse...

Lindo poema! E muito interessante a relação com Goethe. Obrigado, Antonio.