7.5.11

Ovídio: de "Metamophoses", Livro XV, verso 871ss.




Os seguintes versos são os últimos do grande poema de Ovídio, "Metamorfoses":

Terminei obra que nem a ira de Júpiter
nem o fogo ou o ferro ou a voraz velhice
abolirão. Que chegue a hora decisiva
para o meu corpo apenas e encerre o espaço
dos meus dias: e que a melhor parte de mim
eleve muito acima dos mais altos astros,
perene, e que nosso nome seja indelével,
e que onde quer que se abra a potência de Roma
sobre as terras dominadas eu seja lido
pelo povo, e que de fama através dos séculos,
segundo os presságios dos poetas, eu viva.


Iamque opus exegi, quod nec Iovis ira nec ignis
nec poterit ferrum nec edax abolere vetustas.
cum volet, illa dies, quae nil nisi corporis huius
ius habet, incerti spatium mihi finiat aevi:
parte tamen meliore mei super alta perennis
astra ferar, nomenque erit indelebile nostrum,
quaque patet domitis Romana potentia terris,
ore legar populi, perque omnia saecula fama,
siquid habent veri vatum praesagia, vivam.

9 comentários:

Roberto Bozzetti disse...

Parabéns, Cícero, e mais uma vez obrigado.

o abraço do
Roberto Bozzetti

Alcione disse...

Soneto


O que vêem, não sabe o coração
São teus olhos as janelas
Para as delícias do corpo
E as cordas da emoção
O pintor regala com as cores
Supõe desvelar camadas
Mentiras mal suportadas
Meu olhar distraído pela rua
Ignora o sol, até mesmo a lua
Porque não tem essa habilidade
Descobrir tua imagem mais verdadeira
E em meu peito a tua graça retratada.

Jefferson Bessa disse...

Lindo mesmo!
E os poemas ficam...
Lembrei-me de:
"Erigi um monumento mais duradouro que o bronze".

Obrigado.
Grande abraço.
Jefferson.

Eleonora Marino Duarte disse...

pensador,


um privilégio ler ovídio aqui!!!!


um beijo.

Necopinus disse...

Haroldo de Campos era mais realista que você e tinha melhor humor...

Gloria-se em vão quem sobre o Tempo
Elusivo pensou cantar vitória:
Não só a estátua de metal corrói-se
Também a letra os versos a memória.

Anônimo disse...

Lindíssimo, Cicero!!

Aliás, deixe-me dizer uma coisa: continuo vindo aqui, sempre; na verdade, não postei mais comentários por problemas de configuração do meu computador!! Ele, o computador, não me permitia postar as linhas que escrevi. Agora me parece que, finalmente, consegui resolver a questão.

Aproveito apenas para ratificar o que sempre aqui, neste espaço, depositei: a minha mais ALTA admiração por suas escolhas. O "Acontecimentos" continua sendo, na minha vida, uma referência.

Beijo, meu poetósofo de primeira!! (Há quanto tempo você não me "lia" chamá-lo assim - rs?)

Antonio Cicero disse...

Obrigado, Paulinho! Tenho lido você sempre no Prosa em Poema, que é muito bom.

Beijo

Climacus disse...

será a fama uma bobagem tremenda que só faz envelhecer, ou a permanente diferença que faz rejuvenescer?

Anônimo disse...

Que bom saber, Cicero!, fico muito feliz!

Você sabe que a recíproca é verdadeira: o "Acontecimentos" é um (grande) acontecimento para todos nós, apreciadores de poesia.

Beijo grande!