29.5.11

Heinrich Heine: "Laß die heil'gen Parabolen" / "Larga as parábolas sagradas": tradução de André Vallias




Larga as parábolas sagradas,
Deixa as hipóteses devotas,
E põe-te em busca das respostas
Para as questões mais complicadas.

Por que se arrasta miserável
O justo carregando a cruz,
Enquanto, impune, em seu cavalo,
Desfila o ímpio de arcabuz?

De quem é a culpa? Jeová
Talvez não seja assim tão forte?
Ou será Ele o responsável
Por todo o nosso azar e sorte?

E perguntamos o porquê,
Até que súbito – afinal –
Nos calam com a pá de cal –
Isto é resposta que se dê?



Laß die heil'gen Parabolen,
Laß die frommen Hypothesen -
Suche die verdammten Fragen
Ohne Umschweif uns zu lösen.

Warum schleppt sich blutend, elend,
Unter Kreuzlast der Gerechte,
Während glücklich als ein Sieger
Trabt auf hohem Roß der Schlechte?

Woran liegt die Schuld? Ist etwa
Unser Herr nicht ganz allmächtig?
Oder treibt er selbst den Unfug?
Ach, das wäre niederträchtig.

Also fragen wir beständig,
Bis man uns mit einer Handvoll
Erde endlich stopft die Mäuler -
Aber ist das eine Antwort?



HEINE, Heinrich; VALLIAS, André. Heine, hein? : Poeta dos contrários. São Paulo: Perspectiva; Goethe Institut, 2011.

2 comentários:

Teresinha Oliveira disse...

Que pretensão a nossa responder essa questão, a mais funda da humanidade. Sorte dos que crêm nas parábolas...

Antonio Cicero disse...

Teresinha,

vejo as coisas de outro modo. Dado que o mundo é como é, segue-se que, se Deus existir, então ou ele é fraco ou ele é mau. Ora, nem um deus fraco nem um deus mau merece ser chamado de "Deus". Logo, Deus não existe. É só.