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Proclamação do barro
Proclamar a cor da terra, proclamá-la,
conclamando o barro desta estrela,
sitiado pelo sangue e pelo escarro.
Levantar o brilho deste astro,
rolado como lixo numa vala.
Clamar! Somos argila, argila,
nunca estátuas prontas de alabastro.
De: VIANNA, Fernando Mendes. "Proclamação do barro". Antologia pessoal. Brasília: Thesaurus, 2001.
15.3.09
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10 comentários:
Belo e intenso.
Grato, Cicero.
P.S. Sem palavras para descrever o ensaio "A falange de máscaras de Waly Salomão", de "Finalidades sem fim". Despertou-me a curiosidade para ler "Me segura..." e uma intuição: meu Deus é Proteu; o mínimo de mim sou "eu".
Abraço.
Aeta
É muito bom ler um poeta clamando a terra, o barro, o que está por construir. Obrigado, Cícero!
Abraços!
Somos eternos na construção.
Nunca acabados!
Abraço,
Jac.
cicero,
que maravilha, que riqueza este poema!
clamar o homem, a vida nossa, terrena, sublunar, feita de coisas na terra, de vivências com o pé no chão, no barro. proclamar os seres humanos, estes, barro desta estrela terra que habitamos, constituídos, como tudo aqui, não só de pó estelar, como também de sangue e escarro e fluidos e mucos. barro duro e viscoso.
e esqueçamos um pouco a vida que não é, ou seja, a vida feita de perfeição, de prontidão, de coisas prontas como estátuas prontas de alabastro, como convem(êm) a(os) deus(es), representação(ões) máxima(s) da perfeição tão almejada por certos errados homens.
sim, senhores, sempre argila, sempre em construção, sempre possibilidades, sempre vias abertas a experimentações, a mudanças, nunca nada acabado, definido.
isto significaria o nosso fim. e eu não o quero.
tudo divino, tudo maravilhoso!
arrebentou mais uma vez, poetósofo de primeira!
beijo e abraço e carinho e cafuné.
Amado Cicero,
Vaso perfeito feito da argila dos giros frontais e outros giros!
Parabéns por oferecer-nos mais um lindo poema!
Abraço forte!
Adriano Nunes.
Amado Cicero,
Fiz esse soneto para o Paulinho. Abraço grande!
"DOS ECOS RAREFEITOS" (PARA MEU AMIGO PAULINHO, POR SEUS COMENTÁRIOS BELOS E PRECISOS)
Em cada verso feito, o coração
Eu sempre evito pôr. À minha vida,
Tudo preso ficou, mas quem duvida
Dos sonhos que no peito durarão?
Dos ecos rarefeitos do devir,
Quase nada sobrou, sequer o brado
De converter a dor, que agora trago
Dentro deste soneto, no que vi
Em sonhos desfeitos, na tristeza,
Com o que restou das esperanças,
Com o que me rejeito, por fraqueza
Da minh'alma sem cor. Tudo me lança
À Poesia, mesmo o que me deixa
Sem palavras. Só sou frágil criança.
Adriano Nunes
adriano, meu belo e querido,
nem sei o que dizer diante de tão carinhosa mensagem... e ainda ganho de presente um soneto seu! é pra ficar todo bobo, você não acha (rs)? eu acho!
que coisa linda e comovente!
saiba que o carinho que lhe tenho está aqui, forte, e sempre maior. coisa boa... você é uma pessoa muito bonita, muito bacana, com boas vibrações. isso é o máximo!
quando você estiver no rio, não vamos deixar de nos encontrar, ok?
beijo grande, bom e terno em você, adriano!
[ganhei o dia (rs)!]
A terra branca
E o sol a pino.
O mar e as veredas
No olhar de um menino.
[]´s
Antonio,
Se me for permitido, gostaria de reenviar o meu poema sem um erro de métrica. Substituindo a palavra "definições" por "aflições". Ficaria grata, pois é para o bem do poema. Desde já agradeço.
***TIRO SECO***
Rasga-se a tela
Dos meus poemas,
Vibra o sentido
Dessas imagens
Vindas do nada,
Do coração,
Das horas vãs,
De tantas trevas,
Restos do tédio,
Sobras de tempo,
De acasos sólidos,
De versos tristes.
Talvez o medo
Da solidão,
Dos pensamentos,
Das descobertas.
Tudo viria
A ser só sonho,
sem luz, sem som,
Miragem frágil
Perdida, vida
Domesticada,
Mero desejo
De ser poeta:
Vasta alegria,
Grande vontade
De ver o céu
Ser capturado
Por minhas mãos,
Por meus olhares,
Sem aflições,
Sem coisa alguma.
Beijos,
Cecile.
Antonio,
Hoje a solidão é boa, mas me amedronta!
***SOLIDÃO***
Estou sozinha.
O mundo não
Mudou. Meu sono
Só me desperta.
Meu coração,
Em vão, voltou
A ter rotina:
Por que não pára?
Nessa manhã,
Os deuses não
Despertarão.
Estou na minha.
Beijos,
Cecile.
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