Pois se há um pecado contra a vida, talvez não seja tanto desesperar dela quanto esperar uma outra vida, e furtar-se à implacável grandeza desta.
Car s’il y a un péché contre la vie, ce n’est peut-être pas tant d’en désespérer que d’espérer une autre vie, et se dérober à l’implacable grandeur de celle-ci.
CAMUS, Albert. "L'été à Alger". In: Noces. Algiers: Edmond Charlot, 1939.
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5 comentários:
Meu paladar sempre identificou a vida como um pedaço de coisa que, mesmo pesando o estômago, ainda sim faz-se tão saborosa no momento da degustação.
Belo espaço...
lindo o texto, cicero!
há muito de divino na realidade. basta aguçar o olhar para o entorno. isso já escrevia a grande grande sophia de mello.
e você também, com sua sagacidade e inteligência. adiar a existência para uma vida posteior resulta em anulá-la. um poeta - também filósofo - de minha adoração, um dia, me disse: "mas os momentos felizes não estão escondidos nem no passado e nem no futuro". portanto, céu ou inferno, vivamos o presente! até porque, em suma, é o que nos resta.
beijo, lindeza!
como sempre, arrebentando!
... o que caracteriza o que o autor do prefácio de "A Inteligência e o Cadafalso" chama de 'hedonismo desesperado' em Camus.
(...)'moldando uma sensibilidade que vê a tragédia pela lente da beleza e do prazer.(...)Para Camus, o absurda nasce justamente da contemplação de êxtases envenenados pela idéia da morte:sem a beleza, o amor ou o perigo seria quase fácil viver'.
(e uma titica, hã?...)
Abraço
Caro poeta,meu TCC da faculdade de Letras investiga a relação entre a Fábula de Anfion, de Cabral,e O Estrangeiro,de Camus.O texto de Cabral é releitura da Histoire d'Amphion,de Valéry;o de Camus também me parece ser,mas não tenho certeza.O problema é que não consigo encontrar o texto de Valéry,e gostaria de saber se você poderia me dar alguma dica de como consegui-lo.
Sei que já pedi demais,mas gostaria que comentasse o tema do trabalho,se possível.Na verdade,o foco é a noção de "acaso" presente nessas obras.Muito obrigado desde já.Meu e-mail,se necessário:hr-ribeiro@ig.com.br
Grande abraço!
Caro Ricardo,
a idéia me parece boa sim, pois a Histoire d'Amphion certamente influenciou Cabral. Você a encontrará no segundo volume das Oeuvres de Valéry. Não sei onde você se encontra, mas sei que, por exemplo, a biblioteca da Maison de France do Rio tem essa obra e a de São Paulo também deve tê-la.
Abraço,
ACicero
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