26.4.21

Sosígenes Costa: "Tornou-se o por-do-sol um nobre entre os rapazes"

 



Tornou-me o por-do-sol um nobre entre os rapazes


Queima sândalo e incenso o poente amarelo

perfumando a vereda, encantando o caminho.

Anda a tristeza ao longe a tocar violoncelo.

A saudade no ocaso é uma rosa de espinho.


Tudo é doce e esplendente e mais triste e mais belo

e tem ares de sonho e cercou-se de arminho.

Encanto! E eis que já sou o dono de um castelo

de coral com porões de pedra e cor de vinho.


Entre os tanques dos reis, o meu tanque é profundo.

Entre os ases da flora, os meus lírios lilases

Meus pavões cor de rosa os únicos do mundo.


E assim sou castelão e a vida fez-se oásis

pelo simples poder, ó por-do-sol fecundo,

pelo simples poder das sugestões que trazes.




COSTA, Sosígenes. "Tornou-se o por-do-sol um nobre entre os rapazes". In:_____. Obra poética. São Paulo: Cultrix; (Brasília): 1978.

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