Sacos
Estamos repletos de inutilidades,
suas, minhas,
inutilidades de família,
de valor inestimável.
Quinquilharias, ninharias,
boiando no pó, atiradas em caixas,
envelopes rasgados, gavetas.
Ninguém se arrisca a botar fora
esses tesouros de um reino perdido
entre os guardados.
Em quantos sacos de lixo,
sacos grandes de cem litros,
vai caber todo o passado?
SILVESTRIN, Ricardo. "Sacos". In:_____. "Outros cantos". In:_____. Carta aberta ao Demônio\. Porto Alegre: Libretos, 2021.
2 comentários:
Belíssimo, amigo Cicero!
Um abraço.
Tão fundo é tão cotidiano. Lindo poema!
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