As lembranças
As lembranças, infinito inútil,
Mas sós e unidas contra o mar, intacto
Em meio a estertores infinitos…
O mar,
Voz de uma grandeza livre,
Mas inocência inimiga nas lembranças,
Rápido em apagar as doces pegadas
De um pensamento fiel…
O mar, suas blandícias acidiosas
Quão ferozes e quão, quão esperadas,
E no momento da agonia,Sempre presente, renovada sempre,
No pensamento atento, a agonia…
As lembranças,
Revolver em vão
A areia que se move
Sem pesar sobre a areia,
Breves ecos prolongados,
Mudos, ecos de adeuses
De instantes que pareceram felizes…
I ricordi
I ricordi, un inutile infinito
Ma soli e uniti contro il mare, intatto
In mezzo a rantoli infiniti..
Il mare,
Voce d’una grandezza libera,
Ma innocenza nemica dei ricordi,
Rapido a cancellare le orme dolci
D’un pensiero fedele…
Il mare, le sue blandizie accidiose
Quanto feroci e quanto, quanto attese,
E alla loro agonia,
Presente sempre, rinnovata sempre
Nel vigile pensiero l’agonia..
I ricordi,
Il riversarsi vano
Di sabbia che si muove
Senza pesare sulla sabbia,
Echi brevi protratti,
Senza voce echi degli addii
A minuti che parvero felici…
UNGARETTI, Giuseppe. "I ricordi" / "As lembranças". In:_____. Poemas. Seleção e Tradução de Geraldo Holanda Cavalcanti. Prefácio de Alfredo Bosi. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2017.
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