24.4.20

William Shakespeare: Sonnet 57 / Soneto 57: trad. de Adriano Nunes




Soneto 57


Servo de ti, farei o que senão
Zelar por se cumprir tua vontade?
Não tenho excelso tempo a ser em vão,
Nem ofício a fazer que não te agrade.
Sequer censuro a hora que é infinda
Ao cuidar,  meu senhor, do tempo teu,
Nem penso co' amargor a ausência advinda
Quando ao servo teu deste outro adeus.
Nem ouso sob ciúmes perguntar
Onde estarás ou quais os teus negócios,
E espero, triste servo, co' o pensar
Que feliz é quem frui contigo os ócios.
  Como tolo o amor é, que em teu querer,
  No que possas fazer, mal algum vê.




Sonnet 57


Being your slave what should I do but tend,
Upon the hours, and times of your desire?
I have no precious time at all to spend,
Nor services to do, till you require.
Nor dare I chide the world-without-end hour,
Whilst I, my sovereign, watch the clock for you,
Nor think the bitterness of absence sour
When you have bid your servant once adieu;
Nor dare I question with my jealous thought
Where you may be, or your affairs suppose,
But, like a sad slave, stay and think of nought
Save, where you are, how happy you make those.
  So true a fool is love, that in your will,
  Though you do anything, he thinks no ill.






SHAKESPEARE, William. Sonnet 57 / Soneto 57. In:_____. The Sonnets and a Lover's complaint. Org. por John Kerrigan. London: Penguin, 2009.

Um comentário:

Ferraz Neto disse...
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