6.4.20

Ferreira Gullar: "Barulho"




BARULHO



Todo poema é feito de ar
apenas:
a mão do poeta
não rasga a madeira
não fere
o metal
a pedra
não tinge de azul
os dedos
quando escreve manhã
ou brisa
ou blusa
de mulher.
O poema
é sem matéria palpável
tudo
o que há nele
é barulho
quando rumoreja
ao sopro da leitura.






GULLAR, Ferreira. "Barulho". In:_____. "Barulhos". In:_____. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2015.

2 comentários:

Unknown disse...

Escrevo para agradecer pelo belíssimo trabalho de seleção, repertoriamento e de difusão dos textos publicados nesse espaço. Obrigado, Antônio Cicero, pela sua dedicação; li muito de suas postagens principalmente entre 2015 e 2016, quando atravessava um momento difícil de minha vida. Muitos textos, aqui, serviram-me como formas seculares de oração.

Um abraços,
Tiago Ribeiro Santos
Blumenau, SC

Antonio Cicero disse...

Muito obrogado, Tiago Ribeiro Santos,

São pessoas como você que me fazem ter ânimo para continuar a postar poesia!

Grade abraço