15.12.18
Ferreira Gullar: "Relva verde relva"
Relva verde relva
Dentro de mim – mas onde?
no céu
da boca? debaixo
da pele? –
fulge de repente um largo verde esquecido
dentro de mim
ou fora
(em algum lugar nenhum)
de mim
um largo como se fosse um lago
e quase a transbordar de verde
ouvia a miúda algazarra da relva
rente ao chão
ah aquela inesperada toalha verde viva
em meio à cidade em ruínas!
(o relâmpago me atinge agora numa cozinha da rua Duvivier)
De tais espantos somos feitos.
GULLAR, Ferreira. "Relva verde relva". In:_____. "Em alguma parte alguma". In:_____. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2015.
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Ferreira Gullar,
Poema
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Um comentário:
Que poema lindíssimo!
Vinicius
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